Luiz Fernando Cirne Lima é o comandante, desde a privatização do setor, da Copesul (Pólo Petroquímico do Sul) que funciona em Triunfo, Rio Grande do Sul .
Ele já foi ministro da Agricultura e governador do estado sede da Copesul. É considerado um gestor eficiente que responde a dois dos maiores grupos privados brasileiros. A Copesul foi a empresa que garantiu, no ano passado, o melhor retorno para seus acionistas entre todas as empresas de capital aberto do país.
Algumas de suas informações ou posições:
“Desde há duplicação há oito anos, limitamo-nos a investimentos de modernização e recuperação”.
“A força dos chineses nos produtos acabados de plástico é a maior ameaça indireta à nossa petroquímica. Nossa competitividade em centrais e resinas é enorme, mas nos acabados os países asiáticos abrem uma frente tremenda. É impossível competir com aqueles salários. Quando se fala em risco de colapso na balança de petroquímicos, está se falando nos efeitos de perda da competitividade mais à frente da cadeia produtiva”.
“É mais rentável transportar o produto acabado do que a matéria-prima por distâncias maiores. Daí que fomos concebidos para funcionar ao lado da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e receber dela 70% da matéria-prima. Hoje estamos trazendo 56% da Argélia”. "Com o volume de refino crescente de óleo de Marlim, mais pesado e de menor rendimento em nafta, a estatal não coneguiu manter o percentul de 70% daí fomos autorizados a importar nafta e hoje importamos 56% do que processamos".
"As indústrias petroquímicas instaladas no país não têm competidor regional à vista. A Venezuela tem muita matéria-prima... e pela proximidade preferem exportá-la para os EUA. No Brasil e no resto do Cone Sul, eles querem crescer e reduzir a dependência dos Estados Unidos, mas o foco é combustível, não resinas".
"A petroquímica é indústria estratégica, já foi pensada dentro de um projeto de nação. É o desdobramento necessário da exploração de petróleo”.
(Declarações extraídas de entrevista ao jornalista Cezar Faccioli no Jornal do Commercio de 31/10/2005).
Algumas análises a partir da entrevista:
1) A demanda por petroquímicos é crescente e dobrou nos últimos oito anos;
2) A Copesul está no limite e agora só reinveste em modernização e recuperação;
3) No cenário futuro há demanda garantida para os produtos das indústrias da 1 e 2 geração, mas, não na mesma ordem para os produtos acabados em função da concorrência externa;
4) Há grande disputa entre as empresas que atuam no segmento petroquímico no Brasil a partir da decisão da Petrobras de investir mais no setor petroquímico, decisão já explicitada em seu novo PE 2005-2015 (Planejamento Estratégico);
5) O setor de petroquímicos pode ser ainda mais estratégico na consolidação de um projeto econômico da América Latina de maior independência em relação aos EUA, incluindo a ampliação da aliança com a Venezuela, que há mais de 50 anos que pensa em atuar na área sem nada ter conseguido até hoje preferindo concentrar esforços na produção.
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