Chico Santos - Do Rio
"Pela primeira vez, a Petrobras manifestou publicamente sua preocupação com o atraso na definição do local onde será construída a Unidade Petroquímica Básica (UPB), a refinaria petroquímica que a estatal pretende construir em parceria com o grupo Ultra e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico o Social (BNDES). O diretor de Abastecimento e responsável pela área de Petroquímica da estatal, Paulo Roberto Costa, disse ao Valor que a polarização política pode atrapalhar o projeto.
"Não é bom para o projeto essa polarização. Na minha visão, os políticos deveriam estar unidos pelo Estado do Rio de Janeiro", disse. Há quatro meses que a definição final sobre o local vem sendo protelada por causa do debate em torno do projeto. De um lado estão a governadora Rosinha Matheus e os prefeitos do Norte do Estado em defesa da construção da refinaria na região de Campos dos Goytacazes, município natal da governadora e seu principal reduto eleitoral no interior do Estado.
Do outro lado estão os prefeitos do município de Itaguaí e vizinhos, na região metropolitana da capital, a outra opção para sediar a unidade petroquímica avaliada em US$ 6,5 bilhões (incluindo a segunda geração de produtos). A preocupação do diretor da Petrobras é que a demora excessiva provocada pela disputa faça com que seja perdido o momento ideal para dar partida no projeto, previsto para entrar em operação a partir de 2010.
Costa disse que a Petrobras e seus sócios estão avaliando tecnicamente todas as questões envolvidas para que nenhum argumento político possa se sobrepor à decisão técnica que seja tomada. Há aspectos ambientais, econômicos e de responsabilidade social envolvidos na definição. Mas o vice-governador, Luiz Paulo Conde, também adepto da opção pelo Norte do Estado, refutou: "Desconfio dessas questões técnicas. A técnica é sempre desculpa para uma ação política", afirmou.
Uma das principais questões envolvidas no debate é o custo da obra em um e no outro local. Como no Norte do Estado ainda não existe uma infra-estrutura, especialmente portuária, pronta, a avaliação corrente é de que lá a refinaria seria de US$ 600 a US$ 900 milhões mais cara.
O presidente do conselho de administração do grupo Ultra, Paulo Cunha, disse, semana passada, que é preciso definir quem vai pagar a diferença entre um projeto e o outro. Para Cunha, embora não sendo a ideal, Itaguaí, onde já existe um porto em funcionamento (porto de Itaguaí, antigo porto de Sepetiba) é a melhor opção. O vice-governador disse que, do ponto de vista do desenvolvimento harmônico do país e do Estado do Rio, a melhor opção seria no Norte do Estado. Mas afirmou também que o governo estadual "não tem uma posição rígida".
A UPB será uma refinaria que vai processar 150 mil barris diários de óleo pesado do campo de Marlim, na bacia de Campos (RJ). A proximidade em relação à origem do óleo é um dos principais argumentos dos que defendem a construção da unidade no norte do Estado. A novidade da UPB é que em vez de transformar o petróleo em gasolina, diesel e outros derivados, ela vai transformá-lo em eteno, matéria-prima básica da indústria petroquímica. A estimativa da Petrobras é de que a refinaria, mais as indústrias de resinas que irão elaborar sua matéria-prima e as indústrias de plástico que se instalarão em redor do pólo vão representar investimentos de aproximadamente US$ 10 bilhões".
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