segunda-feira, abril 10, 2006

Precisão nas respostas do pesquisador

Ele é companheiro de trabalho no Cefet. Conheci Marcelo Feres como professor destacado na área de informática pela motivação com que ensina, pela vontade permanente de aprender e principalmente pelo estímulo que passa a seus alunos para que eles desenvolvam suas competências de inovação e autonomia em suas carreiras aliadas a uma visão empreendedora. Acompanhei e estimulei no que pude para que a sua formação acadêmica como licenciado em Matemática pela Fafic pudesse ser ampliada para o mestrado que fez em Engenharia de Software pela EMN/VUB parte na França e parte na Bélgica. Marcelo Feres, com 33 anos, continua atuando hoje profissionalmente como docente na graduação e na pós-graduação na área de informática. Porém, o que motivou esta entrevista, feita através de e–mail, para este blog foi a sua atuação como sócio do Instituto Precisão. Marcelo investiu na área de pesquisa & opinião há mais de 15 anos. Junto com sua irmã e sócia Alessandra Machado constituiu a empresa que teve participação intensa na campanha eleitoral para prefeito de Campos em 2004 e 2006. Apesar do número 15 lhe perseguir até quando responde que o Insituto realizou aproximadamente 15 trabalhos de pesquisas, Marcelo jura independência e profissionalismo nesta área, de forma idêntica à que devota no seu trabalho cotidiano como professor. Vibra com o que faz e tem como horizonte a criação dos filhos Felipe de 5 anos e do Tiago com 3 anos. Acompanhe abaixo as respostas às dez perguntas, que bem poderiam ser quinze para melhor esclarecer questões de interesse deste fascinante ramo da opinião pública. Porém, elas se resumiram a uma dezena para nenhuma referência ser feita a partido político já que nenhum deles ainda reivindicou a "camisa dez". 1) Há quanto tempo existe formalmente o Instituto Precisão? O Instituto Precisão foi formalmente registrado em 30/05/1996. Em dois meses estará completando, portanto, 10 anos de fundação. 2) Desde quando você faz pesquisas de opinião? É verdade que você começou fazendo pesquisas informalmente para o grupo político do Garotinho quando ele ainda estava na prefeitura de Campos?
Em 1989, atuando como profissional de informática prestei serviços para o Partido Democrático Trabalhista – PDT, partido do Garotinho na época, visando à informatização do mesmo. Na oportunidade foram desenvolvidos softwares como apuração paralela de eleições (anterior as urnas eletrônicas) e apoio à realização de pesquisas eleitorais, o qual possibilitou um aprendizado sobre o tema e motivou um estudo mais aprofundado sobre pesquisas de opinião. A partir do desenvolvimento do software de pesquisa de opinião e tendo vivenciado todo o processo de realização das mesmas, a minha sócia e eu identificamos um nicho de mercado e resolvemos formalizar a criação do Instituto Precisão que teve seus primeiros clientes em São João da Barra e São Fidélis. 3) Você considera que a sua história ligada ao Garotinho faz com que haja mais questionamentos sobre as suas pesquisas? Eu não concordo que tenha uma história ligada ao Garotinho. Apesar de tê-lo conhecido em 1989, com 18 anos, enquanto desenvolvia minha atividade profissional, a minha vida pessoal e carreira profissional foram construídas com esforço, dedicação e independência. O Instituto Precisão tem a sua própria história e sempre sobreviveu de pesquisas de opinião não restritas à área política. O Precisão não obteve nenhum contrato de prestação de serviço com órgãos públicos, prefeituras administradas por parceiros do Garotinho na região, ou mesmo pelo Governo do Estado, que pudessem representar algum favorecimento para o Instituto Precisão. Na verdade, o que existe e nos orgulha é ter clientes com a projeção do Garotinho que confiam no profissionalismo do Instituto Precisão. É bem provável que outros políticos da cidade e região venham em breve utilizar os serviços do Precisão, pois os institutos de pesquisa “de fora” têm preços bem mais salgados. Os questionamentos sobre as pesquisas são normais e não é uma particularidade do Precisão. O que existiu foi uma tentativa de vincular o Precisão e até o próprio IBOPE ao Garotinho nas eleições de 2004, com o propósito de desqualificar os resultados das pesquisas. 4) Além do grupo político do Garotinho, formalmente, você, ou melhor, o Precisão, fez pesquisa para algum outro grupo ou partido político? Sim. Os clientes do Instituto Precisão são diversos na região e não estão limitados ao escopo de pesquisas eleitorais. Ao longo de sua história o Instituto Precisão vem realizando diversas pesquisas para avaliação de administração municipal e isso independe de partido ou grupo político. 5) Quantas pesquisas políticas o Precisão tem registradas?
Registradas na justiça eleitoral são mais de 15. O Instituto Precisão já teve pesquisa registrada inclusive em Vitória-ES. Mas Campos é o município mais difícil de se divulgar pesquisa eleitoral. Nestas últimas eleições houve pesquisa de institutos de São Paulo e Minas Gerais que foram impugnadas e não puderam ser divulgadas. 6) O Precisão faz outros tipos de pesquisa como as de mercado e outras? Certamente. O Instituto Precisão faz pesquisas de opinião e mercado quantitativas e qualitativas em Campos e outros municípios. Existem parcerias com outros institutos de pesquisa do Rio, Resende, etc., que permitem ao Precisão realizar a parte regional de uma pesquisa estadual, mas uma das metas do Precisão é a realização de pesquisas de opinião de âmbito estadual. Em função do aumento da demanda pelas pesquisas qualitativas, o Precisão está providenciando um espaço específico para a realização deste tipo de pesquisa em Campos. 7) Como você explica o resultado da pesquisa de boca-de-urna do primeiro turno: (Resultado x Precisão): Pudim – 43,5% x 47,7%; Mocaiber – 39,3% x 31%; Makoul – 9,8% x 10%; Feijó – 7,5% x 6,5%? Considere na resposta o comentário feito logo depois do resultado no blog pelo marketeiro Hayle Gadelha experiente em análises de pesquisas políticas de que “a margem de erro de 3% em 1.100 entrevistas só vale para a faixa dos 50%. No caso do Feijó, com 6,5% atribuídos, a margem de erro de 1.100 entrevistas seria de 1,5%. Ou seja, com variação entre 5% e 8%”? Primeiramente, quanto aos percentuais divulgados, entendemos que o resultado do candidato Alexandre Mocaiber ficou fora da margem de erro da pesquisa, o que não aconteceu com os demais candidatos. A causa principal foi o índice de recusas, ou seja, eleitores que se não quiseram participar da pesquisa, concentrado em eleitores do Alexandre Mocaiber, que levou ao viés no índice deste candidato. Isso aconteceu também em 2004 com o outro candidato do PDT. Quanto aos comentários do especialista, nos cabe reafirmar que a amostra foi de 800 eleitores entrevistados com margem de erro calculada estatisticamente em 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Esta informação pode ser obtida facilmente em bibliografia especializada, pois se refere à aplicação de fórmula relativa ao tipo de amostra utilizada, que no caso do Precisão foi a aleatória simples. 8) Os resultados da boca-de-urna do 2° turno foram dentro das margens de erro, mas eu tirei um sarro deste resultado em meu blog dizendo que numa eleição tão disputada os resultados sem nenhuma base científica poderiam “facilmente”serem acertados por alguém medianamente informado principalmente se compararmos com a margem de erro que você divulgou de 4% para cima e para baixo o que totalizava quase 20 mil votos. Quantas entrevistas você fez na boca-de-urna do 2° turno? A margem de erro de uma pesquisa é calculada em função do tamanho da amostra e não de variáveis políticas ou o tamanho da população. O Ibope, por exemplo, que faz pesquisas de boca-de-urna apenas, em capitais, patrocinadas pela rede Globo, costuma entrevistar de 3000 a 6000 eleitores para chegar a uma margem de erro inferior a 2 pontos percentuais. No caso do Precisão, que custeou todas as despesas da pesquisa de boca-de-urna, a amostra foi planejada para 800 entrevistas, mas na prática não foi possível entrevistar mais de 600, devido a intensidade da chuva ocorrida no turno da tarde do dia 26/03. Portanto, os 4 pontos percentuais são conseqüência de restrições estatísticas impostas em função do número de eleitores entrevistados. 9) Você tomou conhecimento da pesquisa que o Ibope divulgou ontem que conclui que “75% dos brasileiros admitem que seriam capazes de cometer irregularidades em cargos públicos”? Que opinião tem a este respeito considerando que em nossa cidade as acusações são tanto para o político quanto para o eleitor? Ao se analisar estas informações pela ótica do eleitor conclui-se que prevalece a indiferença e descrença de como a classe política, lida com a gestão pública. Os aspectos éticos, e algumas vezes morais, vem sendo violados com tal freqüência que a sociedade está perdendo a sua capacidade de se indignar. Por outro lado, é bom lembrarmos que 25% dos brasileiros se mantém fiéis ao cumprimento das leis que visam garantir a democracia em nosso país. Com relação a Campos, numa pesquisa realizada pelo Precisão logo após as eleições, foi perguntado ao eleitor se achava que durante o processo eleitoral em Campos teria havido compra de votos e 60% dos entrevistados não tiveram dúvida em afirmar que sim. 10) Para finalizar uma pergunta mais pessoal: financeiramente vale mais trabalhar com pesquisa do que como professor? Eu sou professor, tenho orgulho da minha profissão e atuação. Sou apenas um dos sócios do Instituto Precisão que é administrado pela minha sócia e irmã, a psicóloga Alessandra Machado. Independente da questão financeira, no âmbito pessoal eu posso afirmar que as experiências de trabalhar com pesquisa e como professor, se somam de maneira sinérgica. Em função destas experiências eu me definiria como um professor-empreendedor. O e-mail e o sítio do Instituto precisão na Internet é: precisao@institutoprecisao.com.br e http://www.institutoprecisao.com.br

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