terça-feira, maio 02, 2006

Fome de poder

Onde mira Garotinho?
Quem teria sido o conselheiro de Garotinho na decisão do início da greve de fome? O que ele perde com esta iniciativa é muito mais que os quilos excedentes de seu corpo. Com esta iniciativa, vista por quase todos, como tresloucada, o que vai pelos ares é mais do que sua já morta candidatura a presidente. Um conselheiro-amigo diria que mesmo que sua candidatura atual estivesse indo pelos ares, ele poderia ainda ter chances em 2010. Com a greve de fome o que vai pelos ares é mais do que candidatura é a possibilidade de ser visto como alguém equilibrado para enfrentar os graves problemas do país. Se ele dissesse que estava fazendo um jejum seria perdoado pelos companheiros de religião. Como greve de fome, nem estes. Os dirigentes do PMDB e de todos os demais partidos, diante do inusitado da situação evitam até se pronunciar. Até um pequeno menino sabe que com a decisão de fazer uma greve de fome, só se tem condições de sair bem dela se conseguir o que pede. O que não parece ser o seu caso, como tal, deveria ter sido mais bem avaliada antes de implementá-la. É o tipo da decisão de último recurso e mais comum de ser utilizada por prisioneiros, sindicalistas ou líderes de movimento social e ainda assim, precisa está muito bem situado na opinião pública e com credibilidade para que crie comoção que leve seus adversários ao atendimento das reivindicações. Garotinho é tudo menos burro. Aqueles que o desprezaram, quase todos, acabaram vencidos. Numa análise que saia deste raciocínio obrigatoriamente vai levar à conclusão de que, realmente, o ex-governador ao tomar tal medida, estava diante de uma grave situação. Não há como pensar diferente. Muitos sabem que alguns escritos de Maquiavel ajudam Garotinho a tomar determinadas decisões. A greve de fome mira não só no velho truque de se fazer de vítima, mas também na tentativa de mudar o rumo das matérias jornalísticas. As notícias da parte da tarde de ontem em diante não falaram mais nas investigações e sim na greve de fome. Todos sabem que a cobertura de qualquer greve de fome cresce na medida em que as condições de saúde do grevista vão piorando. A maioria delas só recebe alguma cobertura depois de quinze dias. O caso de Garotinho já começa diferente. Até o acompanhamento médico ocorre desde o primeiro dia com anúncios que se pronuncia como diário da sua perda de peso. O ex-governador mira também nas próximas pesquisas eleitorais que regularmente são feitas na primeira semana de cada mês. Mira ainda a reunião nacional do PMDB marcada para o dia treze de maio quando os adversários da candidatura própria pretendiam detonar Garotinho. O ex-governador imagina que seus adversários não ficarão bem na fita se tomarem esta decisão contra um partidário que já estaria duas semanas em jejum. Garotinho ao mirar em desejos que nem sempre são possíveis na vida de qualquer um de nós, pode, como numa assombração, transformar o atual caso numa miragem que seria o fim prematuro da sua carreira política.

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, Garotinho não é nada burro. Só posso imaginar um cenário a frente. Primeiro, ele se faz de morto, porque teóricamente ninguém bate em morto. Segundo ele tenta estancar sua queda nas pesquisas, uma vez que uma greve de fome, na minha opinião, tem mais impacto junto ao povão do que a corrupção, principalmente porque é algo menos comun. Terceiro, a greve termina no dia 13, quando o PMDB deve optar por não ter candidato a presidente, ele vai se dizer traído pelo próprio partido e vai apoiar Alkmin contra os que o traíram, Lula, PMDB e a Globo. Mas, enfim, é um mero palpite.

Abraço

Luiz Carlos

Roberto Moraes disse...

Olá Luiz,

É possível. Para ter a opiniões de mais pessoas criei uma enquête ao lado para que as pessoas opinem sobre as suas previsões da duração da dieta, ou melhor, do jejum, ou melhor, da greve de fome.

Sds,
Roberto Moraes