quarta-feira, maio 03, 2006

Mão-de-obra para o corte de cana – II

A falta de mão-de-obra para o corte de cana por aqui estaria relacionada ao fato da moagem do ano passado ter se estendido até dezembro ou janeiro deste ano. Além disso, as rescisões dos contratos destes trabalhadores temporários também demoraram a se finalizar só ocorrendo em março ou até abril último. Este fato se deu por conta dos usineiros terem esperado a alta do açúcar e do álcool para venderem seus produtos em janeiro e fevereiro para com este dinheiro quitar os compromissos com a safra passada. Desta forma, as rescisões foram fechadas em março ou abril, gerando só a partir daí, o direito do trabalhador de receber o seguro-desemprego por quatro meses. Sendo assim, estes só se interessam para voltar ao corte da cana em agosto.A pergunta que fica é de que viveu este trabalhador neste período? A alternativa que os trabalhadores estão oferecendo quando procurados para o trabalho e as usinas não estariam aceitando é o trabalho informal até que cesse o recebimento do seguro-desemprego. Porém, a forte fiscalização do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, faz com que o patronato não aceite esta condição. Interessante: eu não imaginei ver o dia em que o empregado, especialmente do setor canavieiro, propusesse trabalhar informalmente contra a vontade do patrão que só quer aceitar a contratação com carteira assinada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Roberto, o seguro desemprego hoje é um grande problema em todas as áreas. Eu, no passado, jamais aceitei ter qualquer funcionário não registrado. Hoje, só é possivel contratar os melhores funcionários da construção caso se aceite esperar o seguro desemprego com o funcionário trabalhando, para posteriormente se assinar sua carteira. Caso contrário, ficamos com os piores da categoria. Desculpa o ideologismo, mas este é o resultado do capitalismo funcionando. Dizem as más linguas que num regime socialista, a vitória do eu competente sobre o sistema é a vitória do capitalismo, e a vitória do sistema totalitário sobre o eu competente é a vitória do comunismo. Apenas filosofias....

Abraço

Luiz Carlos

Roberto Moraes disse...

Olá Luiz,

A cabeça também é um problema quando se tem um boné de tamanho pequeno.

Problemas e soluções dependem dos interesses que estão em jogo.

Desculpe, mas num problema como este não consigo ver alguém ganhando. Triste ainda perceber que é mais difícil manter um empregado bem qualificado com um melhor salário do que despedí-lo para que ele alcance tal valor com o complemento do salário desemprego pago pela "viúva".

Talvez por isso, ache melhor a social-democracia do que qualquer um dos dois regimes citados. Porém, os casos expostos, se situam na faixa daquilo que chamo de pré-capitalismo.

Abraço,
Roberto Moraes