quinta-feira, maio 04, 2006

Mão-de-obra para o corte de cana – III

O número de trabalhadores que atua no corte de cana na região é de aproximadamente 15 mil trabalhadores. Neste ano há outro problema que, aliás, é comum em todo início de safra: a negociação salarial entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal. Ainda não há acordo. A classe patronal só quer pagar o piso de R$ 351,00 e os trabalhadores não aceitam porque dizem que este é praticamente igual ao salário mínimo definido por lei. Os trabalhadores reivindicam um piso de R$ 412,00. Na verdade o piso é mais uma garantia, para os casos de doença ou acidente do trabalho. Como eles ganham por produção, a maioria que corta entre quatro a cinco toneladas fica com um salário em torno dos R$ 450,00. Aqueles que produzem mais chegam, segundo este mesmo informante, a cortar oito a nove toneladas diárias atingindo salário em torno de R$ 700,00. São poucos que atingem este patamar. Estima-se que a energia despendida para o corte de seis toneladas de cana diária atinja o patamar de 3.600 calorias. Por este dado se vê a importância que tem a alimentação e a saúde do trabalhador para que este trabalhador possa alcançar patamares maiores de produção. Para o patrão é melhor e mais barato pagar por uma produção diária de corte de oito toneladas a um trabalhador do que a dois que corte apenas quatro toneladas. O esforço feito por estes campeões de corte têm gerado problemas ainda não identificados. Na safra passada, no interior de São Paulo, pelo menos doze trabalhadores foram a óbito por problemas ainda não diagnosticados. A única coisa que se sabe é que eles eram os campeões de corte. Análises feitas no sangue de alguns deles estão identificando algumas anormalidades que especialistas imaginam se tratar de substâncias químicas geradas pela queima dos canaviais.

Nenhum comentário: