Duas porções de goiaba para uma de açúcar no fogo brando. Não pode parar de mexer para não alterar o ponto. Em duas horas um ciclo da cultura da goiabada está pronto com arte e sabor tradicionais. O fabrico é rápido, mas a história é longa.
Os cinco tachos de cobre com o forte e saboroso cheiro da goiaba no fogo fazem lembrar a infância de qualquer um de nós chamados de papa-goiaba. Esta cultura vem impregnada em sua alma desde a infância quando para avançar nos estudos ajudou os pais na venda do produto. Para ele a goiabada não é fabricada e sim produzida com arte e cultura.
Refiro-me a um conterrâneo que concluiu o ensino médio (High Scholl) em Nova Iorque, engenharia química na Uff e trabalhou depois na Souza Cruz e no Instituto Brasileiro de Petróleo. Fez mestrado em Administração de Empresas pela Brigham Young University, Utah, USA, entre 1994 e 1996 e trabalhou ainda para o Citibank e para a American Express pela qual foi enviado à Londres para desenvolver a função de analista e pesquisador de mercado entre os anos 1998 e 2000.
Depois desta experiência em gestão e marketing o sonho brotou como a semente de uma goiaba. Em 2000 decidiu pela construção de uma unidade de produção artesanal na sua cidade. Hoje, quatro toneladas da tradicional e artesanal goiabada cascão são produzidas por mês. Já ganhou prêmios de qualidade no Brasil e na França.
Sua goiabada foi a primeira no Brasil a receber o Selo Nacional de Goiabada Cascão da Goiabrás e foi uma das poucas empresas que representou a cultura nacional no Ano do Brasil na França, no ano passado.
Em 2003 sua empresa foi destaque numa reportagem na revista Exame, famosa na área de negócios e economia. Tudo isso está afixado em molduras no simples escritório da onde dirige os negócios. Emprega pelo menos sete funcionários que prefere chamar de doceiros. Vende praticamente toda a produção para fora de Campos. O produto embalado na tradicional palha de milho, hoje já chega até o Rio Grande do Sul. Tem como compradores, gigantes como o Pão de Açúcar, Carrefour, Sendas, Wall-Mart, Zona Sul e Lidador entre outras grandes empresas nacionais.
Luiz Pereira é uma pessoa simples, apesar de toda a sua experiência. Trabalha com o mesmo uniforme dos seus funcionários e não gosta de falar das dificuldades que é competir com os produtos fabricados industrialmente, sem o carinho e a cultura que a todo dia embala o ponto dado pelo paladar e pela observação da textura da goiabada.
As dificuldades e as exigências burocráticas para a comercialização e obtenção de crédito para os vôos mais altos são recompensadas pelo apoio que dá e recebe dos seus vizinhos do parque São Jorge. Ainda não formalizou a participação dos empregados nos lucros, mas não deixa de praticar esta moderna ferramenta de administração que influencia o perceptível interesse dos seus colaboradores na produção da sua, ou melhor, nossa goiabada cascão.
Luiz Pereira além de micro-empresário já atuou como docente na Ucam, Isecensa e agora decidiu trocar de banco na escola na busca permanente de atualização e novos espaços de atuação está cursando Turismo na Fafic/Uniflu.
Este texto e a entrevista abaixo é uma homenagem a um empreendedor campista que, ao invés de procurar as facilidades do dinheiro fácil dos royalties, constrói com dignidade o desenvolvimento de sua terra junto com a sua gente.
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