domingo, julho 30, 2006

Parabéns Quintana!

Mentiria se dissesse que sou leitor habitual de poesia. Gosto, mas leio esporadicamente. Nestes últimos dias de bombardeios absurdos lá pelo oriente, aqui em nosso país temos bem alvejados pelas matérias sobre o centenário do poeta gaúcho Mário Quintana. Além do seu famoso “Poeminha do Contra” como desabafo à terceira derrota por uma cadeira na ABL, quando escreveu:
“Todos esses que aí estão atravancando meu caminho eles passarão... eu passarinho!”, eu gosto muito deste outro poema solto: A Vida” “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olharia o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor, que está muito à minha frente, e diria que eu amo...
Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá, será a desse tempo que infelizmente...
Não voltará mais.” Para finalizar a singela homenagem, outro, pelo qual admiro ainda mais:
Se eu fosse um padre"Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões, não falaria em Deus nem no Pecado muito menos no Anjo Rebelado e os encantos das suas seduções, não citaria santos e profetas: nada das suas celestiais promessas ou das suas terríveis maldições… Se eu fosse um padre eu citaria os poetas, Rezaria seus versos, os mais belos, desses que desde a infância me embalaram e quem me dera que alguns fossem meus! Porque a poesia purifica a alma a um belo poema ainda que de Deus se aparte um belo poema sempre leva a Deus!"

Um comentário:

John D. Godinho disse...

IF I WERE A PRIEST

If I were a priest,
I would not, in my sermons,
speak of God,
or of moral corruption
—much less talk about the
Rebel Angel
and his charming
seduction.

I would not cite the saints
and prophets,
their heavenly
promises
or terrible curses...

If I were a priest,
I would cite the poets
and pray their most
beautiful verses;

The kind that have lulled me
since early childhood,
some of which I wish
I had written!
For poetry purifies the soul…

And a beautiful poem—
even if distant from God—
a beautiful poem
always takes us to Him!

Mario Quintana
(Translated by John D. Godinho)
If I were a priest in Nova Antologia