Já há algum tempo tenho percebido e me irritado, com a cada vez mais freqüente, procura por parte da imprensa, especialmente das TVs, para obter uma opinião sobre determinado assunto. Até aí nada demais. O problema, que como já disse, tem se tornado muito freqüente, é que a matéria já vem pronta da editoria.
Explico: a equipe já fez um juízo e uma avaliação da situação ou quadro do qual pretendem que você, como especialista, estudioso, dirigente de ong, ou sei lá o que, diga o que eles precisam para fechar a matéria. O mais interessante é que mesmo que você diga que não é exatamente assim, que é preciso ver um outro lado, etc., eles entendem, dizem que compreenderam e falam: - vamos lá, vamos gravar. Aí o assunto volta faz-se uma, duas, três, quatro perguntas, etc. e você percebe que enquanto não falar o que eles precisam para fechar a matéria, do jeito que o editor, ou o próprio jornalista, concebeu, não se encerra a entrevista. No final você já sabe o que vai acontecer, vão pegar um pedacinho do que você falou e inserir num contexto que muitas vezes é exatamente o que você não queria dizer.
Não acho, que necessariamente, aja um dirigismo ou intenções maliciosas de obter opiniões de especialistas para defender ou atacar programas ou ações quase sempre públicas, mas, a necessidade de cumprir a tarefa de maneira mais simples até pela pressão por mais matérias, trabalho, equipes reduzidas, etc. Fico imaginando o que vemos nos grandes jornais, das grandes redes, não seja muito diferente e aí, como você está distante do tema e do assunto da matéria, acaba por consumir e formar opiniões simplórias, distorcidas e até mal intencionadas.
Não quero criar constrangimentos para os repórteres, muitos, se não posso chamar de amigos, porque, não são tão próximos assim, mas, são de relacionamento freqüente e de minha simpatia pela quantidade de entrevistas e de compartilhamento de opiniões. Porém, não há porque não levantar esta questão, para que, pelo menos, ela sirva de reflexão. Sei que naquilo que depender do próprio jornalista, elas até podem até ser alteradas, mas, o que for dirigismo da edição, vai ser difícil ou impossível. Nestes casos, a alternativa que restará será a da recusa da entrevista. Bom que o espectador também fique atento ao que vê e ouve antes de tirar suas conclusões.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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