Tenho evitado palestras, seminários, audiências, reuniões, etc. Já disse, tirando o blog e as aulas que sou obrigado pelo ganha-pão e pela, satisfação que ainda sinto, tudo o mais, estou dispensando. Mesmo com proposta de viagem. Para estas coisas estou de licença sabática. Não sabe o que é? Procure no Google. Deve ser isto mesmo que está por lá.
Pois, então: fui convidado por uma amiga, para falar para umas turmas numa escola de EJA. Sabe o que é? Não vou mandar você procurar no Google, porque, senão, eu é que sei, onde vou parar. EJA significa: Educação para Jovens e Adultos. Algo parecido, porém, mais elaborado, do que aquilo que antes era chamado de Supletivo.
Clientela básica, pessoal da periferia, misturando como identifica o nome: jovens e adultos, alguns até bastante maduros. Antes de começar, ao ver aqueles rostos, fiquei a imaginar seus anseios, suas expectativas mais remotas. O tema era cidadania. Menos de uma semana antes da eleição, não podia, deixar de misturar os canais que por natureza, já são misturados.
Gostei. Uma mistura, como estamos vendo acontecer em toda a sociedade de crentes e descrentes no futuro e uma maioria desacreditada da política em todo e qualquer nível. Tentei falar sobre a relação entre o esforço individual de cada um de nós, para ascender socialmente e a necessidade de atuarmos coletivamente em pequenos e grandes grupos, em associações, clubes, igrejas, partido, etc. para encaminharmos propostas, fazer reivindicações e pressões.
Falei do complemento que isto deve ter, em relação ao nosso papel de escolher, vigiar, e pressionar também os representantes escolhidos para os três níveis de poder. Aí a descrença é geral. Muitos não acreditam que isso seja possível, embora citem exemplos diversos, de soluções conquistadas a fórceps em e para, suas áreas.
Interessante ver o descrédito da política partidária mesmo com a proposta da fiscalização, do controle e da pressão. A maioria não consegue ainda identificar que a política é muito mais importante para as classes mais baixas, do que para as elites embora ambas, desdenhem os políticos, com uma exceção: na área dos royalties. Aqui riqueza tem sido sinônima de política e vice-versa.
Acho que poucos - não falo, do público do bate-papo, mas no geral – enxergam o prejuízo que se está trazendo à nação, só falando mal da política. Por tudo isso, plagiando o nome de uma peça da excepcional Elisa Lucinda, que diz: parem de falar mal da rotina, eu digo: parem de falar mal da política!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário