sexta-feira, novembro 03, 2006

Personagem da Semana

Odair José dos Santos, 59 anos é mais conhecido como, Deir. Morador da localidade de Mocotó no Imbé. Nasceu em Teresópolis de onde saiu há mais de 40 anos a pé e de carona. Fugindo de um internato chegou à região do Imbé. Deir estima, que durante vinte anos tenha derrubado, mais de 20 mil árvores das matas da região. Diz que se soubesse, o que hoje já aprendeu, não teria feito o que fez. Ele diz que as árvores grandes de até 3 metros de diâmetro levavam até uma semana para ser derrubada e cortada no tamanho da encomenda. Deir diz que na época não havia moto-serra, com isso as árvores menores eram derrubadas no facão que atacava os nervos, “porque nas árvores verdes, o machado voltava com mais força do que a que você batia”. As maiores árvores, para serem derrubadas precisavam, de duas pessoas e “eu fazia isso como o homem que depois virou meu sogro”. “A gente usava o gorpião e cada um segurava o traçador de uma lado que ia serrando o tronco”. “A gente conseguia até 5 m³ com uma única árvore”. Deir tem hoje 4 filhos e 2 netos. Parou de beber e é evangélico. Deir diz que bebeu muito virava até um litro de cachaça por dia depois do trabalho. “Chegava em casa meia-noite e cedo estava de novo no corte”. Hoje é caseiro e considera que sua vida melhorou muito. Há quatro anos passou a ter luz elétrica, televisão, DVD e Home Teather e já ouve as músicas que gosta e que foram guardadas no MP3. Deir vai entre 5 a 6 vezes a Campos, ao longo de um ano. Da época das derrubadas lembra-se, que a maior parte da carga de madeira era transportada, por um “vapor de palito pelo canal, até o rio Ururaí e depois pelo canal Campos-Macaé”. Deir diz, que era comum, eles aproveitarem o transporte para trazer banana, mexerica, carne de boi e porco e mais outros alimentos e levava querosene, faca, facões e sal. Gosta muito do Imbé e não tem pretensões de sair de Mocotó.

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