Desde o ano 2000 participo de um movimento que questiona as limitações da BR-101, especialmente, neste trecho de 320 quilômetros, entre a divisa com o estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, até a ponte Rio–Niterói. As condições desta rodovia vêm, mesmo antes disto, deteriorando-se muito rapidamente.
Por diversas vezes chamamos a atenção para a necessidade de se reformar este traçado projetado, para um fluxo de veículos, quase dez vezes menor que a demanda atual, sem resultados.
A necessidade de ampliar sua capacidade vai da construção de terceiras faixas, mudanças de traçado, reformas das pontes até à duplicação de toda a rodovia que poderiam ter evitado os transtornos como o que agora vivemos.
O movimento da sociedade civil, desde lá vem mostrando: o absurdo número de vítimas desta estrada assassina e também, os prejuízos econômicos, que uma estrada em péssimas condições estavam gerando. As advertências com manifestações técnicas, pacíficas e mesmo outras mais ousadas se mostraram insuficientes para produzir ações ou reações.
Nos seminários, reuniões com Ministério Público, TCU, Ministérios dos Transportes, Dnit, etc. o movimento alertou cabal e claramente os riscos de interrupção do tráfego entre o nordeste e o sudeste pela BR-101 caso, se mantivesse as condições da ponte General Dutra.
Pois bem, a falta de sensibilidade das autoridades não foi acompanhada pela natureza. Lamentável que o crescimento vertiginoso do nível das águas de seis metros para quase doze metros com uma vazão e velocidade furiosa das águas tenha produzido, o que não pretendíamos, mas imaginávamos ser possível de acontecer. Só não brado o jargão que não foi por falta de aviso, em respeito aos conterrâneos que sofrem, na pele ainda mais violentamente, as conseqüências diretas da cheia do rio Paraíba do Sul.
Pena, que os que vão mais sofrer com esta situação, sejam nossos conterrâneos, que hoje moram, quase que meio a meio, entre uma e outra margem do Rio Paraíba do Sul. Dizem que em política, não se deve abrir mão de cacifes, que as circunstâncias, vez por outra nos concede diante de determinadas negociações. Sendo assim, está na hora de se aproveitar a ocasião para, definitivamente termos o trânsito da BR-101 fora da nossa área urbana.
A enchente de 1966 produziu as intervenções urbanas de proteção contra enchentes do Cais da Lapa e do dique ao longo do Paraíba. Agora temos que sair desta catástrofe, com a execução deste projeto, de mais de trinta anos, que prevê na BR-101, a ligação da localidade do Itaóca, passa por Santa Cruz, cruza o rio Paraíba do Sul com uma nova ponte e sai na BR-101, em seu trecho Campos-Vitória.
Os problemas gerados pela queda da ponte atingem à nossa população, mas atinge também e fortemente, outros setores da economia que têm interesse igual ou até maior, nesta solução. É preciso, portanto, habilidade para articular a solução que diminui, pelo menos, o impacto e o sofrimento que a população está tendo com esta fatídica enchente. O resto é blá-blá-blá!
Um comentário:
Roberto, parabéns pelas ponderações e cobertura feita deste triste episódio. Abraço.
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