Sobre a péssima situação do ensino médio no RJ
A questão da deficiência do ensino médio em nosso estado é antiga. Remonta da época em que o governador do estado era o Marcelo Alencar. Na ocasião, entre 1994 e 1998, eu era diretor do Cefet Campos e acompanhei de perto a questão. Em determinada reunião com o então ministro da Educação, Paulo Renato e seus assessores, na época em que eles impuseram, a separação do ensino para o técnico, com a alegação de que muitos dos alunos estavam interessados apenas, na boa qualidade do ensino da rede federal, foi dito e alto e bom som, apesar de serem companheiros de partido, que o ensino médio no estado do Rio de Janeiro era um fracasso.
Nem os recursos disponibilizados aos estados para ampliar a rede e a qualidade do ensino médio no país, o estado buscava. Eles não entendiam o motivo de tanta letargia. Por incrível que pareça chegaram a saudar a entrada de Garotinho, na esperança de que, pelo menos neste aspecto, a coisa andaria. Engano. Passados oito anos, a situação continua mesma, senão pior. Interessante relembrar estas coisas e ver que em política pública, nada funciona tão bem que não tenha um passado de preparação de suas bases, ao mesmo tempo em que, nada funciona tão mal que não tenha também um histórico de descaso.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Um comentário:
Mais uma nota oportuna meu caro blogueiro!
Os valentes servidores que militam nesse campo minado que é o ensino básico em nosso Estado agradecem.
De fato, nos anos de governo do casal Garotinho não se avançou com relação aos principais problemas que determinam o baixo nível do Ensino Médio em nosso estado. A carência de profissionais, principal problema em questão, permanece. Contudo, para mascarar este problema, o governo reduziu a carga horária de aulas de 30 para 25 horas por semana, diminuindo em até 50% o número de aulas de algumas disciplinas. Houve ainda um investimento na substituição do ensino regular pelo EJA (ensino voltado para jovens e adultos), tendo migrado para essa modalidade de ensino grande contingente de alunos. O EJA é importante como alternativa para um segmento específico de estudantes que buscam o ensino básico: alunos c/ defasagem na faixa etária, alunos trabalhadores e do ensino noturno, por exemplo. Infelizmente, no RJ tem havido uma vulgarização do EJA no Ensino Médio, com a opção sendo oferecida ao universo dos alunos.
O governador Sérgio Cabral assumiu compromisso de mudar o contexto da rede estadual de ensino, abriu canal de diálogo com os profissionais da educação, mas de efetivo ainda poucos avanços. O nó da questão salarial permanece atado – o Rio está entre os 11 Estados da Federação que pagam os piores salários aos profissionais da educação que há uma década não tem qualquer reajuste. Agora, o governador sinaliza com simbólicos e insuficientes 6% de reajuste!
A nós resta a esperança no FUNDEB e no Piso Nacional do Magistério como alternativas que podem viabilizar um novo contexto para o Ensino Médio em nosso Estado.
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