quinta-feira, março 15, 2007

SuperBom e seu vôo mais ousado

A rede de supermercados comandada pela dupla de irmãos Joílson e Licínio Barcelos se prepara, para seu mais ousado investimento em Campos. A empresa, Barcelos & Cia, que começou na localidade de Campos Novo, próxima a Barcelos, como um armazém de atacados, na verdade teve sua origem na venda de cartões de bingo de “quartos de porco” e outros produtos, quando os irmãos apenas ajudavam seu pai em pequena venda, na região onde a baixada campista se une ao quinto distrito são-joanense.

Em 1997 eles resolveram entrar no comércio de varejos, através da loja na avenida Alberto Lamego, onde na época havia funcionado o Supermercado Caetano. Hoje a rede possui um total de oito lojas entre elas: outra na Alberto Lamego, 28 de março, 13 de Maio, Alberto Torres, Goytacazes e Guarus, além do armazém de atacados, que continua a funcionar em Venda Nova e abastece a rede de varejos e também atende a comerciantes menores.

Orientados por analistas financeiros, os irmãos Barcelos, ao ampliarem a rede para enfrentar a concorrência de grupos fortes que atuavam no varejo do Espírito Santo e ainda, o então prestigiado grupo Sendas, que vieram disputar o mercado campista, eles adotaram a estratégia, de não imobilizar capital com aquisições de lojas. Para a abertura de novos pontos de venda partiram para alugar, por longos períodos de tempo, espaços estrategicamente localizados no município.

Junto desta iniciativa e mais uma vez, orientados por pesquisas de mercado e pessoas que conheciam o negócio do varejo de supermercados, decidiram por uma segunda estratégia fundamental para o seu crescimento, que foi a de alugar grandes áreas vizinhas de suas lojas, para funcionar como estacionamento, considerando que o consumidor de classe média, seu maior cliente, não abria mão de realizar suas compras de carro e para tal exigia o conforto, da vaga próxima, certa e segura. Assim, despachou concorrentes, que alguns consideravam imbatíveis.

Antes de decidir pela estratégia dos aluguéis, interessados em entrar na região da Pelinca, eles chegaram a adquirir a área que pertenceu à empresa Cobráulica Engenharia, de propriedade dos herdeiros do deputado Alair Ferreira, localizada na rua Cornélio Bastos, esquina com avenida 28 de março. Ao mudar de idéia comercializou o terreno para os investidores que construíram ali, o mais novo shopping da cidade: o Avenida 28.

A venda do espaço não significou a desistência da idéia de entrar na área da Pelinca. Agora, mais alicerçada e com o mercado altamente favorável, a rede adquiriu em leilão (no terceiro), pela quantia que dizem ter sido, de R$ 3,5 milhões, o prédio e o grande terreno onde funcionou a concessionária da VW, a Vasa, que vai da avenida Nilo Peçanha até a avenida 28 de março.

Nesta área, onde já demoliram os galpões da antiga concessionária (veja foto), se preparam para erguer um hipermercado, com um grande estacionamento e diz-se que haverá uma novidade, que será, uma grande e iluminada passarela sobre a avenida 28 de março, que ligará o novo hipermercado, até a área interna do Shopping Avenida 28.

Em dados obtidos na internet viu-se que a rede teve um faturamento em 2003 de R$ 102 milhões o que permite projetar algo próximo de R$ 150 milhões ano passado. A rede usa tecnologia sofisticada conhecida na engenharia de produção como ERP para controlar o fluxo dos produtos nos estoques, na distribuição das mercadorias e melhorar a troca de informações dentro da rede. Com o crescimento da eficiência a partir das informações do sistema a empresa passou a economizar em logística com redução nos custos operacionais e diminuição no nível do estoque. Em 1999, a rede girava seu estoque em 65 dias. Em 2002, este giro foi reduzido para 15 dias.

Em todo este empreendimento diz-se que a rede já emprega, diretamente ou por sub-contratação, aproximadamente mil funcionários, desde gente menos qualificada utilizada no carregamento e descarregamento de caminhões até funcionários especializados em informática e administração.

Para uma rede com tamanho faturamento espera-se que tenha um projeto que passe para o cidadão-cliente, uma preocupação para além do lucro. Nesse sentido há que se aperfeiçoar a qualidade do atendimento que, em diversas lojas apresenta problemas, tanto de escassez de caixas nos horário de pico, quanto na abolição do empacotador, cuja atribuição foi passada para o cliente, que já é quem coloca o produto do carrinho no balcão do caixa, agora empacota, coloca novamente no carrinho e deste, em seu carro no estacionamento. Não considerar isto, pela ausência de concorrentes de peso é permitir, que se crie espaço no mercado, para no futuro, o consumidor dar o troco. Além disso se deseja passar a imagem de empresa moderna e preocupada com a comunidade, não adianta apenas lembrar que tem origem campista. A imagem poderia ser valorizada com projetos efetivos de responsabilidade social e preservação ambiental.

No extrato disso tudo, não se pode deixar de registrar que a empresa tem uma trajetória, que deixa muita gente de olho grande no Super Bom que até aqui, especialmente, no quesito resultados financeiros, vai super bem!

PS.: Este texto não tem objetivos comerciais. Trata-se apenas de uma observação de quem acompanha o que ocorre em nossa região.

2 comentários:

Anônimo disse...

Roberto,

a matéria ficou muito boa, um histórico do grupo e os passos e desafios para o futuro. Tudo muito sintético.
Será que eles não precisariam da nossa pós em Produção e Sistemas do CEFET Campos para uma capacitação in company? Talvez até ele trocasse seu ERP (que deve custar uma fortuna) por um de software livre?

Abraço,
Romeu

Roberto Moraes disse...

Olá Romeu,

Acho interessante divugar estas informações. Tenho recebido muitas consultas de gente de fora, a partir do blog, interessada em conhecer a dinâmica da nossa economia. Não sou economista, mas apenas um interessado em conhecer melhor, sobre o que ocorre em nossa terrinha.

E no final isto acaba sendo uma consultoria gratuita que serve para estudos & negócios. Quanto ao aperfeiçoamento e apoio aos empreendimentos locais acho interessante. Isto é um desafio para você e o Rogério.

Acho que interligando com a área de resíduos e descartes de material com prazos de validade vencidos, por exemplo, dá até uma dissertação na Engenharia Ambiental também.

O interessante que percebo é que da mesma forma, que a maioria dos campistas não conhece a realidade deles, eles também não conhecem a realidade de quem, em Campos, pode lhes prestar serviços de qualidade e a menor custo. Daí que volto a insistir que a deficiência está relacionada à informação.

Abs,