A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está organizando um indicador a ser usado, nos produtos agropecuários em nosso país, com a intenção de levá-lo a ter credibilidade internacional. O IS (Índice de Sustentabilidade) que é o nome sugerido pretende relacionar, a qualidade dos alimentos com os impactos ambientais gerados nas áreas produtivas.
A idéia inicial é a de começar pela cadeia produtiva do açúcar e álcool e com isso ajudar a transformá-los em commodities. Tendo o etanol como energia renovável todo um cenário favorável pela frente, é mais do que o momento, para a nossa região estipular critérios ambientais a serem cumpridos pelo setor canavieiro. O Zoneamento ecológico-econômico das áreas de plantio seria uma destas ações.
A outra, este blog já sugeriu neste espaço: o de que o Fundecana, financiamento que a prefeitura está fazendo para auxiliar o produtor com a ampliação da área plantada no município, tenha esta preocupação e exija, entre outras contrapartidas do produtor, a reserva de uma área, próxima a mananciais atuais ou antigos de água, para o replantio de matas nativas. Seria bom, que a questão pudesse ser analisada.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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2 comentários:
Caro Roberto.
Deveriam também estarmos todos preocupados com a questão dos trabalhadores, pois todos nós campistas sabemos de perto o que é o corte de cana. A preocupação ambiental também passa pelas questões das condições humanas e suas relações com o trabalho. Já imaginou uma foto em posto de combustível nos EUA onde mostrasse os trabalhadores cortando cana e escrito , Ethanol Made in Brazil? Isso sem falar no trabalho escravo que a pouco tempo tivemos denúncias em uma usina local.
O que acha?
Abraços!
Rogério
Olá Rogério,
Bem lembrada esta observação. Não há como se falar em questões ambientais sem levar em conta o ser humano nele inserido. Em 1992 escrevi um artigo para uma revista e debati o tema que chamei à época de Ecologia do Trabalho em um Congresso no Anhembi.
Bom que estes indicadores e também os projetos para área sejam erguidos com esta concepção.
Embora lentamente, alguns resultados vêem sendo percebidos. Aumentou significativamente o trabalho formal no setor de agricultura na região. Nos últimos dois anos, o número dobrou. As condições de trabalho aos poucos estão melhorando. Há poucos dias vi, externamente, um alojamento dos trabalhadores que atuarão no corte de cana e aparentemente as coisas melhoraram significativamente em relação ao que eram.
Soube também, que uma das unidades de produção de açúcar fez questão de chamar a mídia, para apresentar seu alojamento, antes do início da moagem. Acho que o trabalho do Ministério Público Trabalho e tb do próprio MTE começam a surtir efeitos, porém, concordo que há muito que se fazer. A sociedade precisa estar atenta para cobrar, fiscalizar e denunciar.
Achei interessante a idéia do "Ethanol, made in Brazil"! Tem grupo ligado ao setor que está pelando as terras para aproveitar até o espaço de uma "moitinha" para plantar cana. Seria necessário obrigar a reserva de % de áreas, originalmente próximas às nascentes, para o plantio e/ou replantio de espécies nativas. A Petrobras poderia bancar isso considerando as emissões de CO2 que seu petróleo emitirá para o ambiente.
O problema é discutir política pública quando por aqui, vivemos à volta com necessidade de polícia pública.
Abs,
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