A primeira já foi comentada aqui, quando de outros acidentes fatais, tanto na construção da ponte estadual, no Centro de Convenções da Uenf, na construção do gasoduto Macaé-Viória e outros locais: a identificação da presença, de um número significativo de trabalhadores vindos de outras cidades, regiões e até estados, que estão ocupando as novas vagas de trabalho surgidas em nossa cidade.
Naturalmente surge a pergunta: qual o motivo disto? Desqualificação da nossa mão-de-obra local? Quando da identificação desta presença maciça de trabalhadores “estrangeiros” no corte da cana-de-açúcar atribuiu-se ao fato, o cansaço do trabalhador local em realizar este tipo de tarefa e em paralelo, o recebimento dos auxílios governamentais do tipo bolsa e cheques que permitem a sobrevivência sem maiores esforços. A observação da extensão desta situação mostra, a amplitude e a complexidade da questão. O trabalhador em questão, vítima do acidente na usina do grupo Othon em Barcelos, era oriundo do estado de São Paulo.
A segunda observação é mais técnica. Ela versa sobre a investigação do acidente de trabalho. Ao ler nos jornais de hoje, o relato de que aparentemente, o motivo do acidente e da conseqüente morte, teria sido causado pelo susto pelo barulho da descarga de vapor que teria feito o trabalhador, se soltar do cinto de segurança e caminhar pelo telhado da indústria, quando uma telha de menor resistência não teria suportado seu peso e levado até a queda.
O caso, confirmando-se o relato da imprensa, demonstra como a falta de informação e provavelmente o escasso, ou, a falta de treinamento da mão-de-obra quando do ingresso do trabalhador pode ser fatal para a ocorrência de acidentes como este. O fato do trabalhador não ser da região também é fator contributivo. Quem conhece as usinas sabe, que este barulho da descarga de vapor da caldeira são comuns. Observem a relação entre os fatos: a escassez ou falta de treinamento, o desconhecimento do processo geral de produção e o aumento dos riscos de acidentes. Interpretação semelhante pode ser feita quando da análise de acidentes anteriores ocorridos em nossa região.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
TRABALHO PARA O GRUPO OTHON E COM CERTEZA TODOS OS FUNCIONÁRIOS, TANTO OS EFETIVOS QUANTO OS CONTRATADOS RECEBEM TODO O TREINAMENTO NECESSÁRIO.COMO FOI COMENTADO NO BLOG O FATO DE NÃO SER DA REGIÃO OU DE NÃO ESTAR FAMILIARIZADO COM AS MAQUINAS PODE TE-LO FEITO SE ASSSUSTAR, O QUE EM MOMENTO ALGUM ATESTA A CULPA DA EMPRESA.
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