Depois se aprofundou noutros instrumentos formando-se no curso técnico de Instrumentação, cujos conhecimentos acabou levando-o à condição de professor. Outros instrumentos serviam mais ao lazer e ao deleite da alma que ao bolso que a docência lhe oferecia. Trabalhava com gosto enquanto se aprimorava também noutros instrumentos.
Em 1994, quando cheguei à condição de diretor da então Escola Técnica, provoquei o ambíguo instrumentista a misturar seus ofícios de trabalho. Aceitou iniciar um projeto de música às segundas-feiras, na hora do almoço. Tínhamos em mente o que se fazia nas universidades do Rio de Janeiro de onde eu vinha recentemente e para onde ele pretendia partir.
Daí a se oferecer para atuar como docente de música nas oficinas de violão no Centro de Artes recém-inaugurado foi um pulo. Até que um dia bateu à porta do gabinete da direção. Estava circunspeto, tenso. Perguntei o que o amuava e ele respondeu: “quero uma licença da Escola. Vou tentar seguir a carreira que gosto no Rio”.
Nossa conversa prosseguiu amena e leve, porque mesmo com a responsabilidade de resolver os problemas de uma escola, senti um dos poucos e bom gosto do poder, que é o de dar o direito de apostar em pessoas e talentos.
Estávamos num período de transição de currículos, com certa folga nas cargas horárias dos professores. Lembro que ainda falei que imaginava vê-lo conciliar sua condição de professor com a de músico no próprio Cefet.
Há cerca de um ano encontramo-nos novamente nos corredores do Cefet. Convidou-me para um evento com o Roberto Menescal que seria a provocação para a instalação de um curso de formação em nível profissional, talvez superior em tecnologia da música ou algo parecido cuja idéia ainda estava sendo gestada, segundo ele, fruto da junção e do interesse que lhe falara em oportunidade pretérita.
Um dos autores da Bossa Nova tinha se encantado coma idéia e aceitara vir dar seu apoio. Estava mais feliz que nunca. Já era profissional respeitado como músico no Rio de Janeiro. Participava da gravação de diversos cantores famosos e, além disso, fazia carreira solo em eventos na capital cultural do país.
No evento do Cefet falou quase que de igual para igual com o Menescal. Fiquei duplamente feliz, com seu sucesso e com o interesse que ainda mantinha em juntar coisas quase tão irreconciliáveis, mesmo sendo hoje o Cefet Campos, um instituto de múltiplos cursos de variados níveis e interesses.
Depois de uma ginástica de última hora, eu e Ildinha estávamos assistindo Maria Betânia. Um belíssimo e poético show com casa lotada, prestigiado por artistas e gente importante. Para nós, o prazer de ver entre os sete membros da banda, Rômulo Gomes, o nosso Rominho que há mais de seis anos ocupa este espaço e que hoje, até pela sua posição no palco e pela sua
PS.: Quando o YouTube voltar ao normal o blog postará um pequeno trecho do show Rominho in Bethânia.
2 comentários:
Roberto,
Muito bom o seu texto. A história, fantástica.
Parabéns para você e para o músico, um vencedor em uma profissão muito difícil em nosso país.
Quero deixar aqui registrado, o meu profundo agradecimento ao Roberto Moraes pelas palavras tão inspiradas e carinhosas. Me sinto imensamente feliz por ele ter testemunhado um momento que é fruto de uma carreira na qual ele foi um incentivador fundamental. Aproveito para declarar que Roberto sempre esteve ao lado da cultura. Com uma visão moderna e transformadora, proporcionou a criação de um Centro de Artes que trouxe vida e movimento para o CEFET. Hoje, estamos na iminência de dar um passo importantíssimo na história do CEFET com a criação de um curso superior que irá atender a todos os profissionais que atuam na cadeia produtiva da música. O Roberto tem uma participação decisiva na raiz desse projeto e não tenho dúvidas de que ele sempre estará próximo, o que sempre será para nós, extremamente enriquecedor.
Muito obrigado, Roberto !
Me sinto honrado por ter dividido com você, o desafiante "palco" desse ofício tão nobre que é a educação.
Conte comigo sempre !
Um forte abraço !
Rômulo Gomes
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