Este blog antecipou o assunto em artigo aqui que comentava o enxugamento de pessoal em universidades que têm campus na cidade e se referia ao interesse delas em se transformar em empresas com ações na Bolsa de Valores. Pois bem, a revista Época da semana passada trouxe uma extensa matéria com o título “Nem ouro, nem dólar. Educação!” em que fala de grandes investidores que estão postando milhões de reais em escolas, faculdades e no financiamento a estudantes.
O financiamento já em vigor em universidades de Minas e São Paulo, me fez lembrar, o financiamento de carros cada vez mais evidência, onde os bancos na ânsia de angariar mais clientes, ao invés de emprestar diretamente o dinheiro, estimula o consumo que o empréstimo bancará tendo como garantia o bem financiado.
No caso em questão, a garantia que o banco visualiza é o de que o trabalhador com diploma universitário teria no Brasil, um salário 2,7 vezes maior que os demais. O problema é a garantia do emprego. Por isso, o que se sabe e que não está na matéria, é que os financiadores garimpam pessoas que já trabalham e que têm alguma renda e assim, podem dividir os custos do curso, amortizar mais rapidamente o empréstimo diminuindo os riscos, e, por já serem empregados, terem mais condições de alçar novos patamares na carreira garantindo assim, os resultados almejados, que para o investidor é o dinheiro retornado com os juros de 2 a 3% ao mês.
Estes investidores consideram, que o mercado para este serviço só tende a crescer. A matéria diz: “o setor educacional brasileiro é o quinto maior do mundo, atrás apenas da china, EUA, Índia e Rússia com 4 milhões pessoas de 18 a 24 anos matriculados em alguma universidade. De acordo com estudos setoriais, o potencial é atraente: esses quatro milhões de alunos representam apenas 205 do contingente que poderia estar na universidade”. Estes caras só não teriam espaço em Campos, onde segundo as informações divulgadas pela prefeitura, o poder público banca, a fundo perdido, 8.500 bolsas anualmente.
Por falar nisso, acabou sendo pouco divulgado a audiência pública realizada, na última sexta-feira, 23 de agosto, pela Câmara Municipal para discutir o programa municipal de bolsas pra universitários, antes chamado de Probo e agora de ProCampos. Vi, apenas parte do debate na UniTV. Lamentável a ausência do coordenador do programa na prefeitura, o financiador e de alguns representantes das universidades. Corajosa e necessária a intervenção de outras. Parabéns à Câmara, tão merecidamente criticada em outras ocasiões, pela sua realização. Uma sugestão: transcrevam as falas e divulguem no site da Câmara. Há verdadeiras pérolas nos depoimentos.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Um comentário:
Olá Roberto.
Meu nome é André Lacerda e participei dessa reunião na Cãmara, representando a União da Juventude Socialista (UJS). Na minha fala, também lamentei a ausência do Dr. Francisco de Assis, coordenador do ProCampos e alertei para o uso eleitoreiro do Programa, como no episódio envolvendo o Sr. Roberto Barbosa, secretário de comunicação de nossa cidade, e a Universidade Cândido Mendes, onde usou-se do ProCampos, uma política pública de democratização do acesso (ou assim deveria ser), para nitidamente atacar à autonomia universitária.
Lamentável que, por falta de regulamentação, ainda exista uma elitização na distribuição das bolsas de estudo do Programa, fazendo com o que o "filho do povo" continue de fora da universidade. Quero dizer que a UJS manifestou publicamente sua indignação com o problema das bolsas universitárias durante seminário de educação,, realizado em julho pela Câmara onde estava presente a Sra. Elizabeth Landim, secretária de educação. Na ocasião, realizamos um protesto no plenário da Câmara e alertamos para a falta de critério do ProCampos (veja matéria em www.ujscampos.cjb.net/novo/content/view/59/1/).
Acredito que a luta para regulamentar o ProCampos é de todos e fico feliz pela iniciativa da Câmara de ter convocado essa reunião para discutir critérios para o ProCampos. Ao todo, atualmente, 8500 bolsas de estudos são ofertadas pelo ProCampos num universo de cerca de 18 mil estudantes matriculados nas universidades particulares de nossa cidade. Ou seja, metade das vagas são, de certa forma, financiadas pela Prefeitura. No nosso site pode ser encontrado as reinvidações que apresentamos aos vereadores: www.ujscampos.cjb.net.
Saudações socialistas!
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