"As fotos mostram não a cobertura do evento em si, mas retratam através de fotos feitas na própria manifestação a realidade vivida na cidade e a exploração política das pessoas, e principalmente de crianças, enquanto os dois grupos políticos que se revezam no poder em Campos trocam farpas".
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
quarta-feira, outubro 31, 2007
Ainda o Duelo
"As fotos mostram não a cobertura do evento em si, mas retratam através de fotos feitas na própria manifestação a realidade vivida na cidade e a exploração política das pessoas, e principalmente de crianças, enquanto os dois grupos políticos que se revezam no poder em Campos trocam farpas".
terça-feira, outubro 30, 2007
Duelo - Final
O duelo - IV
Outra manifestação hoje em Campos
O duelo III
O duelo
Arena guarnecida
segunda-feira, outubro 29, 2007
Sem novidades a favor dos mais ricos
Explicando para quem não se conhece ou não se recorda da geografia da cidade maravilhosa: o horário da manhã no sentido Sul-Norte permite que os moradores da Zona Sul saiam para trabalhar e depois voltem à sua moradia, enquanto os moradores da Zona Norte que prestam serviços na Zona Sul, que talvez sejam maioria, têm que se virar nas rotas alternativas, tanto na parte da manhã quanto na tarde/noite, quando os engarrafamentos foram de lascar. Mais detalhes sobre o que ocorreu hoje no trânsito do Rio veja aqui no Globo OnLine.
Acidente na Pecuária
Pregão erótico
A arte imita a vida. Ou seria o contrário?
domingo, outubro 28, 2007
Furo sobre o "fanfarrão"
Vaquinha do azar
Dizem que este tipo de mostra já acontece há nove anos tendo sido vista, por mais de 100 milhões de pessoas, em pelo menos 37 cidades do mundo. No Brasil, a mostra esteve em Belo Horizonte e São Paulo. Aqui no Rio já há bastante gente dizendo que as vaquinhas não deram sorte e não têm nada de sagrado.
O blog fez questão de registrar para nossos leitores, uma destas esculturas que foi colocada, na esquina da Rua Jardim Botânico com Lopes Quintas. Ela talvez simbolize, a separação imposta entre os dois lados da cidade com a interdição do Túnel Rebouças. Só não pergunte a este blog como classificar as zonas norte ou sul: com o chifre ou o rabo da vaquinha.
sábado, outubro 27, 2007
Abaixo a Rede Globo!
“A reportagem de Alisson Avila diz que “a emissora de Faustão, Xuxa e Ana Maria Braga perde participação no mercado” (queda de 9,5% na audiência medida na Grande São Paulo no horário nobre, entre janeiro de 2005 e agosto de 2007).” Leia aqui parte da matéria.
Olhando ao redor
"Os estigmas dos políticos campistas"
Assim o professor Vitor Longo Braz começa seu mais novo artigo que acaba de ser postado na seção ao lado "Articulistas do blog". Se desejar ler na íntegra clique aqui.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Duelo tão antigo quanto a política de praticam!
Possivelmente, eles não se deram conta de que o povo pode considerar que ambos têm razão nas suas acusações. Quem não estiver lá talvez, possa representar uma melhor saída para Campos.
Cômico se não fosse trágico
Inigualável
Com o advento do telefone celular as rádios ganharam agilidade ao poderem colocar no ar, rapidamente autoridades e o público sem que eles precisem estar nos estúdios ou o repórter estar na rua. Ontem, quinta-feira no Rio, mais uma vez senti isso de perto. Neste aspecto, a CBN dá um banho nas suas concorrentes. Engraçado como do rádio as informações ganham depois as páginas dos portais e sites que é que se intitula on-line.
quinta-feira, outubro 25, 2007
Agora, chuva lá e cá
Acabo de saber que um grande volume d’água caiu sobre Campos. Pela quantidade pode ser que resolva o problema do campo, mas crie outros. O sempre atento Salomão acaba de me dizer que os carros que utilizavam a ponte Rosinha estão retidos há mais de uma hora, por conta do volume d’água na avenida José Alves de Azevedo em frente ao Mercado Municipal. Pela rádio, as pessoas estão pedindo apoio da Guarda Municipal para que os carros parados possam ir saindo de ré de volta a Guarus para usar a ponte da Lapa.
quarta-feira, outubro 24, 2007
Prefeitura de Macaé e UFRJ discutem a implantação de cursos de engenharia Mecânica, Civil e de Produção, além de Medicina
Impacto ambiental do porto de Barra do Furado
Foi em Angra
A imagem do deslizamento no tunel Rebouças
E tome chuva!
Oração e surpresa
Jejum
Chove forte no Rio
Rio Itabapoana receberá duas hidrelétricas já em construção
Pirapetinga terá potência de 20 MW e Pedra do Garrafão de 19 MW. O prazo de construção de aproximadamente 20 meses, com previsão de entrada em operação em 2009. Os empreendedores estimam que cerca de 500 empregos sejam gerados durante a construção destas duas PCHs.
Comentários sobre a eleição no Cefet Campos
2) O percentual do vencedor, em torno de 63%, é quase que o mesmo, das quatro últimas eleições para a direção geral do Cefet Campos. Também em todas elas, os eleitos conseguiram maioria, nos três segmentos da comunidade interna: docentes, técnico-administrativos e alunos.
Cibele foi escolhida para ser a primeira mulher-educadora a dirigir o Cefet
Cibele alcançou nos servidores 399 votos, contra 189 do professor José Luiz Boyanrd. Nos alunos, Cibele chegou aos 1.414 votos contra 1.184 do seu concorrente. Ponderando os três segmentos de alunos, professores e funcionários administrativos com um terço cada, segundo as regras eleitorais, a professora Cibele chega aos 62,8% contra 36,2% de José Boynard.
A posse antes prevista, para ocorrer, nos primeiros dias de janeiro do ano que vem, poderá ser antecipada, para que o atual diretor-geral, professor Luiz Augusto Caldas Pereira possa ocupar um cargo de direção na Secretaria de Ensino Tecnológico do Ministério da Educação em Brasília para o qual já foi convidado.
Cibele tem trinta anos de dedicação ao ensino do Cefet e é a primeira mulher eleita para dirigir, a quase centenária instituição, na sexta eleição ocorrida, desde a implantação do critério do voto direto de alunos e servidores para a escolha de seus dirigentes em 1986. A professora Cibele já foi coordenadora de Inglês e depois de Códigos e Linguagens, presidente da Comissão Permanente de Pessoal Docente, diretora de Ensino, vice-diretora e agora foi eleita diretora geral do Cefet Campos.
Cibele sai na frente com 2/3 dos votos dos servidores na eleição do Cefet
Eleitores de Cibele antecipam comemoração
terça-feira, outubro 23, 2007
Eleições encerradas no Cefet Campos
Corre em clima tranqüilo, a eleição para direção geral do Cefet Campos
Estas mesas receptoras de votos estão distribuídas entre os três segmentos (alunos, docentes e técnico-administrativos) que têm peso igual (1/3 cada) na definição do percentual que indicará quem dirigirá a instituição federal de educação tecnológica, por um mandato de quatro anos, incluído o ano de 2009, quando o Centro Federal de Educação Tecnológica completará cem anos de funcionamento.
Disputam a eleição os professores Cibele Daher Monteiro e José Luiz Boynard. O clima de tranqüilidade na disputa democrática pode ser sentido no bate-papo entre os partidários das duas candidaturas. Esta será a sexta escolha por eleição direta do diretor geral que ocorre desde que o processo foi adotado em 1986 e a terceira desde que foi transformada em Cefet.
É perceptível o clima de otimismo e empolgação entre alunos, professores e administrativos que defendem a candidatura da professora Cibele Daher, que espera poder ser escolhida, a primeira mestra a dirigir a instituição que na origem era, exclusivamente para “atender as crianças deserdadas da sorte” do sexo masculino. Apenas, em 1973, quando completou 64 anos, a então Escola Técnica Federal de Campos, passou a admitir mulheres no quadro de alunos da instituição.
A apuração da eleição no Cefet Campos começará logo após, o encerramento da votação e do recolhimento dos votos, por segmento, recolhidos nas unidades diferentes da sede e tem previsão de encerramento por volta das 23 horas.
segunda-feira, outubro 22, 2007
Eleição para a direção geral do Cefet Campos
Cibele é uma educadora. Sabe ouvir. Enxerga a instituição como instrumento de transformação coletiva. Ocupou diversas funções, encargos e cargos desde a então Escola Técnica Federal de Campos até o Cefet de hoje, com determinação, zelo e competência que lhe dão com sobras, créditos para liderar o processo de expansão das atribuições e competências do Cefet Campos.
O Cefet Campos cresceu suas responsabilidades, tanto no aspecto da área de abrangência geográfica, hoje atuando diretamente em Macaé, Guarus, Cabo Frio e Itaperuna e ainda através de unidades avançadas em parcerias com os municípios de Quissamã, São João da Barra e Arraial do Cabo, quanto nas ofertas de cursos.
Atualmente o Cefet Campos atua desde a Qualificação Básica e Educação de Jovens e Adultos, Ensino Médio, Cursos Técnicos, Licenciaturas, Graduação em nível superior em diversas áreas das Tecnologias, Engenharia e Arquitetura e vai até pós-graduação com especializações e mestrado. Suas pesquisas têm sido citadas e valorizadas por importantes e reconhecidas instituições no setor.
A comunidade do Cefet tem feito opção por gestores com perfil democrático, de construção coletiva e com objetivos ousados em favor da população da nossa região como um todo, mas de forma, ainda mais especial, daquela parcela que necessita de uma educação inclusiva feita com abertura de oportunidades para a ascensão social dos seus estudantes.
Sem desmerecer o seu concorrente direto, que tem todo o direito de postular o cargo, a professora Cibele tem hoje, muito mais condições de oferecer os resultados que a comunidade sempre almeja, ao ver a troca de comando desta quase secular instituição, a de continuar a crescer e se aperfeiçoar, sem perder o viés de escola pública de qualidade.
A escolha da professora Cibele será ainda um marco, porque, com a sua eleição, a instituição que em 2009 compeltará um século de existência - durante o próximo mandato de quatro anos - terá dado o importante passo, de colocar na direção geral, a primeira mulher, mestra e educadora desta histórica instituição de ensino, pesquisa e extensão.
Comemorações do 101º ano do vôo do 14 Bis em Campos
domingo, outubro 21, 2007
Veja porque, entre outras coisas, mantenho este blog
sábado, outubro 20, 2007
A vida
Esse, porém, bateu no âmago da angústia atual sobre o significado da vida e o quê efetivamente vale à pena. Ela propositalmente chamou a atenção para a observação cotidiana, mas profunda do John Lenon: “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro”. Vivemos pensando no futuro e na ilusão de que a vida é para sempre. Sabemos que não é assim que as coisas funcionam, mas rejeitamos pensar no fim que pode ser um novo começo. Li e nunca mais esqueci, no livro “O fio da vida” do Drauzio Varella que “a morte é a ausência definitiva”. Independente dos nossos credos e da esperança que podemos sentir ou intuir em algo que não é concreto, a frase não poderia ser mais chocante, além de insuficiente. Porém, eu lhe indago: o ontem, assim como a pedra lançada, não são também ausências definitivas? Não vou pela auto-ajuda, mas não me importo pelos que avançam nestas águas. Seguindo nas reflexões e sem querer ser piegas, mas sem preocupar-me em publicamente sê-lo, pergunto-me em voz alta: por quê complicamos nossas vidas? Por quê vivemos de menos, o tempo presente que, como alguém já disse, é o único que existe, na medida em que os demais, ou são memórias ou são possibilidades que podem ou não se concretizar? A onda sobe, desce e esparrama na areia. Nunca uma onda será como a outra, da mesma forma que nenhum momento será igual ao que passou ou ao que virá. Que saibamos aprender as lições postas em nossos caminhos. “Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é, o que é, meu irmão? Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo. É uma gota é um tempo que nem dá um segundo. Há quem fale que é um divino mistério profundo. É o sopro do criador. Numa atitude repleta de amor. Você diz que é luta e prazer. Ele diz que a vida é viver...” Que Deus nos ajude!
sexta-feira, outubro 19, 2007
Veja aquem acertou o placar
quinta-feira, outubro 18, 2007
Overbooking – castigo ou prêmio?
A jornalista e os conterrâneos reclamaram do mau tratamento e do pouco caso, como já é hábito dos franceses, que embora sejam os maiores receptores de turistas do mundo, não toleram estes, tratando-os mal em toda e qualquer oportunidade, com raríssimas exceções.
A diferença é que enquanto os campistas foram hospedados, num legítimo cinco estrelas Hilton Hotel, além de receber, cada um dos dezessete passageiros nesta situação, a quantia de 600 euros, pelo aborrecimento causado pela empresa de aviação, a jornalista disse ter recebido apenas 150 euros.
Pelo jeito o overbooking está se repetindo dia após dia, já que o caso dos cinco campistas ocorreu na noite de sábado, outro no domingo e o da jornalista na segunda-feira. Agora, cá para nós, mesmo com os transtornos, este não pode ser considerado um grande problema, porque além de aproveitar a baixa cotação das moedas estrangeiras frente ao nosso real, ainda receber uma compensação equivalente a quase o valor da passagem... O pior é se o excesso de passageiros (overbooking) fosse na rota inversa. Overbooking em Paris, para quê melhor?
Por fim, varre-se o lixo para...
Resumindo no final ... mais para a Queiroz Galvão
Feema, Ministério Público, Ibama e Polícia Federal já notificaram a PMCG sobre o Lixão
Nova denúncia do Vitor Longo
"O flagrante das fotos mostra o completo abandono de um lugar que deveria servir para abrigar espetáculos esportivos. Nem vigia durante o dia o local dispõe. À noite o “Elefante Branco”, segundo relatou alguns freqüentadores dos quiosques estabelecidos no local, serve de ponto de prostituição e venda de entorpecentes da favela situada próxima a “Arena”.
O Goyta sofre
quarta-feira, outubro 17, 2007
Aterro controlado (Lixão) da Codin opera sem licença ambiental da Feema
A informação acima poderia ser interpretada apenas, como mais uma denúncia, dentre as diversas irregularidades nas quais, a prefeitura de Campos está envolvida. Porém, trata-se de um documento oficial assinado e publicado no diário oficial do município, pelo secretário municipal de Limpeza Urbana, Jorge Ribeiro Rangel.
O documento publicado na semana passada contém um aviso tornando público que haverá no dia 19 de setembro (? não seria outubro?), uma Audiência Pública para “apresentação dos termos que comporão o instrumento convocatório visando a Concessão Integrada do Sistema de Limpeza Pública do município”.
Na justificativa da audiência, o secretário Jorge Rangel diz textualmente que: “a Secretaria Municipal de Limpeza Pública é responsável pela coleta e destinação final de 300 toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos do tipo domiciliar, 3 toneladas/dia oriundos dos serviços de saúde e cerca de 600 toneladas/dia de resíduos inertes (entulhos e terras) gerados no município... ...que os dois primeiros resíduos, o domiciliar e o hospitalar vêm sendo depositados no Aterro Controlado da Codin, na região de Guarus”... “embora nos últimos anos um conjunto de intervenções que modificou consideravelmente o antigo lixão da Codin transformando-o num Aterro Controlado, não há como desviar do fato que o atual aterro sanitário do município de Campos operado pela empresa Queiroz Galvão não possui licença ambiental de operação emitida pela Feema”.
Mais um imbróglio na política local
terça-feira, outubro 16, 2007
Indicador da tramóia?
Tem se multiplicado pela região, os pedidos de pessoas interessadas em trabalhar sem carteira assinada, para não serem flagradas em contratos de trabalho concomitantes, ao usufruto do benefício no Instituto Nacional de Seguridade Social. A tramóia tem revertido a situação antiga, onde era o patrão que não desejava assinar carteira, pela nova onda, onde é o patrão que tem receios de contratar gente sem carteira assinada.
segunda-feira, outubro 15, 2007
“Gestões oligárquico-patrimonialistas podem agravar o gasto público por meio do inchaço administrativo e da terceirização predatória”
O professor Hamilton é doutor em História pela UFF/RJ, mestre em Ciência Política pela Unicamp/SP e bacharel em Sociologia e Política pela PUC/RJ. A partir desta formação, o professor Hamilton atuou profissionalmente como consultor em Políticas Públicas, foi assessor político nos primeiros anos de sua carreira profissional e trabalha na Uenf desde 2001, como pesquisador e docente e há mais de vinte anos escreve em jornais e revistas especializadas. Leia abaixo a entrevista:
Blog: O senhor intitula sua pesquisa como a análise de uma crise. Por quê chama de crise o que pode ser apenas uma competição eleitoral tanto em 2004, quanto em 2006? Que crise seria esta?
Hamilton Garcia: A pergunta faz sentido, pois o uso da máquina pública para fins privados dos grupos no poder não foi uma invenção destas eleições. O fato novo foi a exacerbação deste uso, por conta da forte polarização entre dois grupos enquistados no poder (local e estadual), e a inusitada intervenção do TRE, fruto de uma juíza que colocou a Lei acima das conveniências do poder que domina o Estado e a sociedade brasileira. Por conta disto, inclusive, foi criticada por alguns de seus próprios colegas que a consideraram “desequilibrada”.
Blog: Sua pesquisa pretende “mapear a percepção das elites locais (…) acerca da crise (…) de 2004”. Quem são estas elites? Qual é a hipótese principal de sua pesquisa?
Hamilton Garcia: Elite, aqui, é definida como grupo organizado que conduz ações corporativas (públicas ou privadas) com objetivos múltiplos, o que abrange desde o empresariado (formal e marginal) até o ativismo social e religioso, passando pelas burocracias e a classe política propriamente dita; como se vê, o conceito é usado em sua abrangência máxima. A intenção é lançar luz sobre como estas lideranças interagem nas disputas eleitorais de Campos, tendo como hipótese que elas expressam, na sua ação, crenças e interesses tanto de suas bases como próprias, e que, deste modo, ajudam a conformar a política local.
Blog: Pode-se dizer que houve uma migração do controle político local? Até a década de 80 os empresários “faziam” o prefeito. Hoje o prefeito produz os novos empresários? Isto é real?
Hamilton Garcia: Talvez seja, afinal o incremento da arrecadação local extrapolou o aumento das atividades econômicas ordinárias – excetuando petróleo – o que fez a máquina pública, e nela a classe política, assumir uma envergadura extraordinária diante da sociedade civil. Dadas as possibilidades do subsídio e da apropriação privada direta do orçamento público, este agigantamento da sociedade política pode ter impactos diferenciados, mas sempre importantes sobre a atividade econômica, o que inverte, por certo tempo, a lógica clássica do processo de dominação de classe.
Blog: Os convênios se transformaram na ação preferencial de gerir e terceirizar os serviços públicos municipais, apesar da prefeitura ter quase 10% da população lotada em seus quadros. Hospitais, escolas/universidades, igrejas, sindicatos, ongs, clubes de serviços, associação de moradores desenvolvem diferentes projetos bancados pelo poder público. Isto explicaria algo sobre a competição política em Campos?
Hamilton Garcia: Certamente, embora, em si, nada diga sobre a natureza desta competição. Por exemplo, administrações republicanas, num extremo, podem incrementar a produtividade do setor público fazendo-o crescer, ao mesmo tempo que compartilham a gestão com outros organismos da sociedade civil, produzindo enorme alavancagem econômico-social e forte legitimação institucional na cidade. Noutro extremo, gestões oligárquico-patrimonialistas podem agravar o gasto público por meio do inchaço administrativo e da terceirização predatória, gerando concentração de renda, baixo crescimento econômico e retrocesso grave na reputação e capacidade de gestão das instituições locais – fenômeno que, diga-se de passagem, acomete o país desde os anos 1980.
“A função do médico aproxima seus profissionais das pessoas comuns – que hoje constituem a grande massa do eleitorado – e lhes dá legitimidade difusa”
Blog: Como interpretar o fato que não é inédito, mas significativo na proporção, de que atualmente, os médicos controlam a política no município. O ex e o atual prefeito são médicos. Um deputado estadual e um federal são médicos. Cinco dos dezessete vereadores, ou, quase 1/3 dos vereadores serem médicos. Simples coincidência ou articulação?
Hamilton Garcia: Esta super-representação deve estar, em grande parte, articulada com a carência histórica de assistência médica num município de grande extensão territorial, como é Campos, propiciando toda sorte de iniciativa supressora. Ao mesmo tempo, a função do médico aproxima seus profissionais das pessoas comuns – que hoje constituem a grande massa do eleitorado – e lhes dá legitimidade difusa, potencializada, por outro lado, pela aversão ou inapetência de outras categorias profissionais ao contato popular.
Blog: O quadro de disputa local entre criador e criaturas que disputam a hegemonia do poder repete-se “coincidentemente” em quase todos os municípios contemplados com os royalties do petróleo. Como isto se explica?
Hamilton Garcia: Explica-se pelo agigantamento da arrecadação e das novas possibilidades de captação de recursos eleitorais, monetários ou não, para as campanhas de seus titulares, em meio a um contexto de extrema fragmentação dos partidos políticos e de perda da importância relativa dos projetos sociais nas disputas políticas, o que faz com que as ambições pessoais de poder se sobreponham às coletivas.
Blog: A eleição de 2004 e a de 2006 mostraram, o que sua proposta de pesquisa chama de “descompasso entre a complexidade da nova pólis campista e as demandas de seu eleitorado, prisioneiro tanto de necessidades básicas sub-atentidas quanto de uma tradição superada de ordem pública – cuidadosamente cultivada pelos mandatários”. Traduzindo, isto poderia se compreendido, como sendo a velha e conhecida compra de votos, agora vitaminada pela abundância de royalties e controle político mais amplo?
Hamilton Garcia: Não apenas compra de voto, cujo montante é difícil de estimar em função de sua ilegalidade, mas, sobretudo, a valorização da “dádiva eleitoral” por um público muito maior, que não a recebe diretamente, mas se sensibiliza por seus efeitos circunvizinhos sem se dar conta dos custos que ela embute na sociedade, em geral, e nas instituições, em particular. Infelizmente, a longa dominação patrimonialista no bojo do processo modernizador brasileiro – e sua falta de tradição democrática e de educação cívica – fez com que largos estratos sociais percebessem a coisa pública como coisa estranha a si, abrindo caminho para uma selvagem apropriação privada do público. Não que apropriações sejam estranhas ao capitalismo liberal, mas que este as faz sob a égide da lógica da acumulação de capital (maximização econômica) e não da dádiva eleitoral (manipulação política). Trata-se, aqui, na verdade, na perspectiva da sociedade industrial, da diferença entre desenvolvimento e subdesenvolvimento.
“Crença fatídica na imutabilidade da política e a ausência de projetos alternativos bem estruturados, levam os indecisos a sucumbir à lógica individualista”
Blog: O aumento do voto dos candidatos das máquinas em 2006, comparado a 2004, pode ser interpretado como pragmatismo e desencanto dos eleitores campistas?
Hamilton Garcia: Sim, de uma parcela importante do eleitorado; é o que diz a hipótese central do trabalho: de um lado, a percepção de que votar no mais forte pode garantir acesso privilegiado a recursos escassos, mobiliza um grande público, de outro, a crença fatídica na imutabilidade da política e a ausência de projetos alternativos bem estruturados, levam os indecisos a sucumbir à lógica individualista ou simplesmente se abster de qualquer resistência a ela, o que, moto-contínuo, maximiza as chances da política clientelista.
Suponhamos que num universo de 100 pessoas, 18 resolvem se abster ou simplesmente repudiar indiscrimandamente os candidatos. Neste caso, os 50 inclinados ao jogo do poder, como em 2004, serão estimulados a repetir a dose, atraindo naturalmente os indecisos, no lance seguinte (2006), dada a diminuta força reunida pelos grupos alternativos, reduzida a 32 apoiadores. Outrossim, se o absenteísmo e o niilismo fossem menores, o jogo se reequilibraria e se tornaria mais competitivo aumentando as chances de rotatividade no poder e, por extensão, de novas abordagens políticas potencializarem o progresso esperado pelos recursos do petróleo.
Blog: Neste cenário de pragmatismo selvagem entre eleitores e eleitos ou como é dito em seu projeto de pesquisa, em meio a “esta cultura da naturalização e do oportunismo”, há espaços para surgimento de alguma alternativa que seja diferente da ambigüidade mostrada pela polarização atual?
Hamilton Garcia: Devemos pensar não apenas em termos de alternativa partidário-eleitoral, mas também em saídas institucionais. O cenário selvagem tem também outro componente importante, que é o fato de as instituições fiscalizadoras da ordem política estarem comprometidas com as práticas em tela. Como já foi dito, o estupor da crise de 2004 foi causado pela atitude da Juíza Denise Apolinário mais do que pela instrumentalização da coisa pública pelas máquinas partidárias. Como o círculo atingiu um patamar de maturidade muito expressivo, a atitude dela teve escasso impacto político na sociedade civil, que manteve-se pateticamente paralisada ou presa a soluções derrotistas. Não apenas isto, ela própria foi mais questionada que as práticas que ela quis coibir, numa demonstração clara de que a Lei era o ponto fora da curva da equação e que a ilegalidade se institucionalizara. Desta feita, a solução institucional terá também suas dificuldades se não encontrar pelo caminho algum movimento social mais forte e esclarecido.
Blog: Há gente que diz que a competição eleitoral local, não teria as características de crise e de beligerância, se o caixa da prefeitura não tivesse a injeção dos quase R$ 1 bilhão de royalties anuais, hoje equivalentes a mais de ¾ do orçamento municipal. Qual a sua opinião?
Hamilton Garcia: Certamente ela não seria tão dramática quanto vimos. Mas, uma vez colocada neste patamar, ela não refluirá sem produzir uma crise ainda pior pelo que restar dos recursos no caso de sua redução. Neste extremo de solução institucional-tributária, restará na sociedade campista o travo amargo das escolhas sociais feitas no passado recente, o que, do ponto de vista estritamente acadêmico, tornará a pesquisa local ainda mais importante em função da possibilidade de eventuais achados científicos sobre o comportamento político. Assim como nas ciências naturais, infelizmente, o conhecimento social também avança em meio aos fenômenos críticos.