65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, novembro 19, 2007
Memória cultural nos cardápios dos antigos restaurantes do centro do Rio
Hoje, o cronista Joaquim Ferreira dos Santos, na sua coluna no jornal O Globo, faz um apelo às autoridades cariocas que enchem a boca para falar do festival internacional de gastronomia que está sendo realizado no MAM do Rio e deixam morrer tradicionais locais da boa cozinha com heranças portuguesas, italianas, árabes e outras que quase todo o dia fecham suas portas, pressionadas pelos fast-foods e pelas lanchonetes de comidas a quilo.
O apelo do cronista é uma prosa com sabor de poesia. Palavras que cheiram sabores. Não sei se com o leitor deste blog acontece o mesmo, mas com este blogueiro, não há memória que me traz recordações mais fantásticas do que aquelas que junto traz cheiro e sabor, especialmente de comida. Revivo décadas quando isso acontece. Talvez, tenha sido este o fator que me fez exultar com sua crônica-apelo que recomendo e para cá trouxe dois pequenos trechos:
“Uma cidade é colocada de pé pela majestade das palmeiras da Paissandu, a elegância do rebolado da mulata, a praticidade do cafezinho no balcão, a alegria da pelada do Aterro, o humor dos poemas do Chacal e a fortaleza embutida na costela com arroz, feijão e farofa do Escondidinho. Eu não estaria aqui se não me fosse servido diariamente tamanho cardápio suculento. Esses restaurantes do Centro, com seu ar de quintal descompromissado, servem a comida que as cozinheiras faziam no século passado da nossa infância, décadas antes do facilitário miojo e do entregador de pizza”.
“Agora querem secar nossas papilas gustativas e alimentá-las apenas com a saudade da sopa de músculos e do arroz-feijão-ovo-purê-carne-moída. Socorrei-nos, senhores jurados, e, se nada mais podeis fazer, que no próximo concurso votem em alguns desses restaurantes além do eterno Capela, o único cabrito que conheceis. Ainda restam o Paladino, o Rio Minho, o Caçarola, o Gracioso, o El Gebal, o Cedro do Líbano, o bar do Monteiro, a uisqueria Bico Doce, o Sentaí, o Bar Brasil, o Bar Luiz... É uma mistura danada de árabes, portugueses, alemãs, cariocas e outras indeterminações geográficas, mas juntos formam uma gastronomia típica do Centro. Nada de pompa e circunstâncias otárias, mas prazer e uma forma nutritiva de resistência cultural”.
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