O caderno Prosa & Verso no sábado, no jornal O Globo trouxe uma interessante entrevista com o sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, autor dos livros “Medo líquido”, “Amor líquido”, “Vida líquida” e “Tempos líquidos”. Numa entrevista de duas páginas, o chamado pensador da sociedade engajada fala sobre o programa Big Brother:
“Ao votar pela eliminação/despejo deste ou daquele participante, os telespectadores podem ser guiados por diferentes preferências e ideais – mas tendo registrado seus votos, todos se tornam cúmplices das práticas de exclusão, e isso é o que realmente importa. A idéia de que um certo número de pessoas devem ser jogadas fora simplesmente porque devem (pelas regras da realidade) ser banidas num momento, é assim reconfirmado e alçado ao nível de verdade auto-evidente. Eliminações semanais confirmam a onipotência da exclusão da mesma maneira como as missas dominicais confirmam a existência de Deus... E o fato de que milhões estão tomando parte nessa cerimônia torna esse fenômeno uma ´norma social”...
Uma boa dica aos educadores para uma reflexão junto à garotada que adora o programa e mesmo para as pessoas maduras que, ou se postam simplesmente como adeptos ou adversários do programa. Na verdade o programa incute racionalmente ou não, outras concepções com conseqüências mais amplas, na vida de nossa sociedade em que uns são ungidos à liderança e outros simplesmente detonados no paredão.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
2 comentários:
Don Roberto,
Embora considere o programa (3 b-Bosta ao cubo), não deixo de enxergar ali uma reprodução, como bem disse o articulista, da sociedade nos tempos atuais.
Toda forma de produção cultural é, no fim, das contas uma alegoria da realidade...
A exposição exacerbada da intimidade, com detalhes escatológicos, vulgaridade e superficialidade nada mais é do que uma representação do culto ao indivíduo, como fim em si mesmo, em detrimento do seu papel coletivo, e sua interação social...
Não faça para ser alguém, seja sem fazer nada, ou melhor, nada que preste...
E, ao contrário do que imaginamos, esse voyeurismo insano afasta mais do que aproxima, haja vista a superficialidade dos parâmetros de convivência construídos...
No passado, s heróis, mitos, etc, contribuíam com seus feitos, e por esses feitos eram lembrados, e o culto a aparência, o marketing pessoal era um desdobramento da posição que galgaram com seus atos...Napoleão cuidadva de aparecer mais alto, imponente...mas tudo isso, além do regojizo pessoal estava ligado a sua condição de líder que deveria expressar atributos superlativos...ou seja a vaidade era um meio de glamourizar os feitos e seu autor...
Se cada povo tem o governo que merece, cada humanidade tem os heróis nos quais se reconhece...
Xacal
para corrigir: não há vírgula onde se lê: (...) ,no fim, das contas,(...)leia-se no fim das contas.
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