Toda uma região entra em polvorosa diante do anúncio de qualquer acidente, seja ele aéreo ou explosão numa plataforma. Mais de dez mil famílias correm para saber notícias sobre o embarque e o estado dos parentes e dos amigos que atuam off-shore.
Já há uma consciência e uma assimilação prévia dos riscos que se corre neste tipo de trabalho, mesmo com todos os planejamentos de segurança e saúde no trabalho que melhoraram muito, depois do grave acidente que afundou a plataforma P- 36 em 2001.
Ainda assim, o fato de ser um trabalho em alto-mar, em ambiente confinado, distante do continente e numa atividade de extração de combustível torna sempre o trabalho off-shore, digamos um perigo controlado, embora se saiba, que o controle absoluto sobre todas as operações, por mais planejamento que se tenha, seja sempre, uma busca permanente.
Estas questões técnicas e de administração que envolve o que depois de 2001 passou a ser chamado de gestão de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde), não são de conhecimento das famílias.
Independente disso, as famílias sofrem. Angustiam-se com o embarque, temem pelos quatorze dias. Torcem para que passe rápido e preferem saber que já estão de volta à casa, a serem informadas que ainda aguardam o temido vôo de volta.
São raras as famílias que conhecem concretamente o trabalho off-shore dos seus parentes ou amigos. A maioria sabe por ouvir falar. Elas só vêem seus parentes nas folgas e outros nas festas.
O que fazem na plataforma seus familiares tem uma vaga idéia, o que tornando qualquer alarido sobre acidente, sempre um martírio que só passa, na medida em que as informações chegam para suspender o susto ou aprofundar a tensão.
Este é um dos ônus das cidades de nossa região produtora de petróleo. Somos conhecidos mundialmente como a região rica que a tudo enfrenta, junto com a maior empresa brasileira, para dar a auto-suficiência em petróleo ao país. A perda de algumas vidas e a tensão permanente das famílias acaba sendo uma imposição, quase que de guerra, digamos que um ônus consentido.
Este acaba sendo mais um dos motivos, de se lamentar o mau uso que se faz do dinheiro arrecadado com os royalties gerados, pela extração do petróleo, em nossos municípios.
Que na solidariedade às famílias e aos trabalhadores petroleiros que agora sofrem, pela perda e pelo desaparecimento de seus companheiros, as empresas pensem em reforçar seus planos de segurança do trabalho com mais investimentos e que nossos prefeitos, os gestores locais dos recursos dos royalties lembrem sempre, em cada centavo gasto com este dinheiro, o valor daqueles que lutam e trabalham por este resultado. É o mínimo que devem fazer, não apenas pela responsabilidade administrativa e legal dos seus cargos, mas também, em respeito à memória destes nossos heróis petroleiros.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Roberto, outro dia vc saia de casa para o carro e eu ia pra minha. Então não deu mais uma vez para apresentar a sugestão. Vai aqui mesmo: não dá pra pôr um e-mail teu nesse blog? Assim a gente que gosta pode postar uma foto, uma informação que possa quem sabe ser útil ao blogueiro e à boa causa de melhorar Campos.
Olá Antônio,
Um boa idéia. Já haviam reclamado sobre isso e eu tinha me esquecido. Vou ver como viabilizar.
Enquanto isso, por favor, você e os demais leitores do blog podem contactar-me e mandar contribuições para o endereço:
moraes.rol@terra.com.br.
Grato,
Abs,
Don Roberto,
Vá até Layout, no campo adicionar item, escolha a forma dentre as opções oferecidas, por exemplo: lista, arquivos, enquetes, etc.
Olá Xacal,
Agradeço sua dica. Porém, como o layout e a estrutura do meu blog a blogger (blogspot.com) é antiga, porque não quis arriscar a transferir toda a base (cerca de 5 ml postagens) para um layout novo fico com esta estutura antiga com menos opções tendo que adaptar estas coisas.
Enfim, taí, meio feinho o e-mail para contato.
Valeu,
Abs,
Postar um comentário