sábado, abril 05, 2008

Íngua, vagaba, dom rato e a dengue

Os vocábulos usados nas gravações reproduzidas hoje, no programa de rádio desta manhã (mais uma vez peço desculpas ao leitor) de gente que estava no poder público escandalizam tanto, quanto a dengue que faz nosso povo sofrer. As expressões “vagaba, íngua, banana, dom rato, camundongo, moleque, etc.” machuca a alma de quem teve esperança nos seus representantes eleitos. Talvez doa como os ossos que estrilam com a contaminação da dengue, reduzindo as esperanças futuras de forma igual, à quantidade de plaquetas que assim imunizam também menos, o povo contra aqueles que pretendem ser antídotos, mas na verdade, podem ser apenas repelentes em nossa rica-pobre Campos. O Centro de Referência mais uma vez superlotado. A tenda de hidratação e o Hospital Ferreira Machado também, além dos hospitais particulares usados por aqueles que têm planos de saúde. As notificações, muito provavelmente estão muito abaixo da verdadeira realidade da contaminação. Segundo especialistas, o número real de atingidos, já deve ser três ou quatro vezes maior, com aproximadamente 10 mil contaminados. Enquanto isso, nós somos obrigados a ouvir o impensável, o inacreditável. Eliminar a dengue e tratar dos doentes tornou-se quase tão necessário quanto erradicar essa gente que se apropriou do público em benefício particular. O áudio deles falando entre eles mesmo e agora divulgado já denuncia: “em todo processo eles querem um por fora”. Ta na hora do faxinão! Voltando à dengue, o campista Dr. José Eduardo Marques especialista no assunto e já entrevistado aqui neste blog, de Belo Horizonte preocupado com a situação de calamidade manda uma recomendação por e-mail que enviou para uma pessoa amiga. Ele insiste que o trabalho é mais de educação e de cada um ou cada família. Sabe das soluções alternativas, mas descarta as fórmulas milagrosas. Veja o que diz: “Estas soluções mágicas não resolvem o problema... enquanto as pessoas não retirarem os locais que acumulam água de dentro de sua casa, não controlaremos ou acabaremos com a dengue. Nas pesquisas de focos que fazemos regularmente mais de 90% dos focos estão nos domicílios. E no período das secas, quando os casos desaparecem e a mídia esquece da dengue, os cuidados são esquecidos... nesta época mais de 50% dos focos estão nos pratinhos de plantas. Não basta se preocupar com o quintal ou terreno ao lado (embora seja necessário). Vamos olhar para nossas casas. A borra de café, assim como outras idéias do tipo, desviam a atenção da principal medida a ser tomada. Jogar fora os recipientes que não servem mais para nada e acumulam água; lavar com freqüência pelo menos semanal os depósitos com água que não podem ser eliminados (como bebedouro de animais); cobrir ou manter em local protegido aqueles que acumulam água da chuva e não pode ser jogado fora; e tampar aqueles que podem ser fechados (caixa d'água, barris, tonéis etc.). Aqui neste site da SUCEN de São Paulo fala da borra de café e outras medidas. Abração, Eduardo”

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Roberto,
somente no Laboratório Plinio Bacelar (existem mais labs. em Campos) foram detectados, até 31/03 um total de 3.752 exames positivos para dengue:
01/08 - 362
02/08 - 856
03/08 - 2534
Um pesquisador da FIOCRUZ que faz um trabalho (junto a mais 3 outros) no Centro de Ref. da Dengue estima que sejam atingidos de 20.000 a 30.000 casos em Campos, este ano. Isso é projeção, visto sub-notificações, tratamentos sem procura de médicos e casos assintomaticos.
É grave a crise.
Com admiração,
Carlos Bacelar.