“O Rio de Janeiro é a cidade brasileira onde se concentra o maior número de nossos melhores cientistas e técnicos em ciências da saúde: em entomologia, que é a ciência dos mosquitos; em virologia, com especialistas em dengue e outras viroses; em infectologia; e, principalmente, em saúde pública, com a Escola Nacional de Saúde Pública, a famosa ENSP, da Fiocruz”.
“Como se explica então que o Rio seja vítima atualmente de uma epidemia de dengue que escapa ao controle das autoridade de saúde da cidade e dos municípios da Baixada Fluminense, assumindo caráter de emergência nacional? E que o governo do Estado seja obrigado a apelar para as Forças Armadas e para a comunidade médica nacional, solicitando pediatras em caráter de emergência a fim de enfrentar uma situação que, entre os cientistas e profissionais da área, era perfeitamente previsível?”
“E mais ainda, como explicar que o Rio de Janeiro, berço do Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituinte de 1988 sob a influência e liderança de gente como o então deputado Sérgio Arouca, que vinha dessa mesma comunidade, seja vítima de uma epidemia que revela a precariedade da saúde pública preventiva na cidade e no Estado do Rio de Janeiro?”
“Eu diria que o Rio não merece essa situação. E diria ainda que é necessário entender e explicar as causas dessa precariedade e tirar ensinamentos para o futuro. Senão, como na Idade Média, voltaríamos às rezas ao Senhor de Bonfim. Mas as explicações existem. Vejamos, pela ordem”.
Ao lado, uma imagem do artigo da forma como ele foi publicado no jornal. Clicando sobre a imagem você poderá ler o artigo na íntegra ou, sob a forma texto clicando aqui. A indicação para o blog foi mais uma vez do Dr. José Eduardo Marques.
Ainda sobre o assunto este blog achou, também na internet, o resumo de uma matéria da Folha de São Paulo que mostra como age uma prefeitura preocupada com o assunto:
“Prefeitura de Campinas limpa até caixa-d'água”
“Para evitar uma nova epidemia de dengue neste ano, a Prefeitura de Campinas decidiu assumir um trabalho que cabe ao morador: limpar a caixa-d’água e as calhas e doar telas para a proteção dos reservatórios de água”.
"A gente sobe na caixa-d’água, faz a inspeção e, se tiver larvas, a gente lava e fornece a tela que o município comprou", diz Andréa von Zuben, coordenadora do Programa de Combate à Dengue.
“Em São José do Rio Preto, carroceiros são credenciados para atuar na limpeza contra criadouros e possíveis locais de reprodução do mosquito em terrenos baldios.Já em Tupã, a forma encontrada para mobilizar a população foi acionar a Justiça contra moradores com criadouros do mosquito. "Denunciamos crime contra a saúde pública e cinco pessoas tiveram de pagar seis meses de cesta básica em 2003", diz Marco Antônio de Barros, coordenador de combate a endemias”.
2 comentários:
Roberto:
O texto é primoroso, e dá os contornos científicos e precisos àquilo que nós, "baixinho" aqui dos blogs já falamos há tempos:
Define as responsabilidades e denuncia as incompetências públicas e privadas...
Beremiz acha que merecer, não merecia... mas talvez sirva para alertar aos "intelectuais" do leblon que a responsabilidade sobre as mazelas do Estado não é somente do povo fluminense. Pois, Beremiz está cansado de ouvir no botiquins cariocas frases feitas sobre as consequencias nefastas ocasionadas pela unificação.
Desses que adoram Jabor & Cia. e reverberam o preconceito idiota, que não os deixa enxergar os verdadeiros problemas da política nacional. Como se o populismo fosse apenas fluminense, como se as desgraças da Cidade Maravilhosa fossem dos que não tiveram carteira de identidade registrada no Castelo.
Beremiz acha muito interessante o fato de alguns cariocas acreditarem que Cesar Maia representa algo superior ou diferente a Garotesco. Diferente pode até ser... mas não custa lembrar que também vieram da mesma árvore.
Beremiz adora as cariocas, tanto que casou com uma e escolheu essa cidade para morar, mas não gosta muito de ser responsabilizado por aquilo que não fez.
O Rio merece reflexão!
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