65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, maio 02, 2008
Vale a conferida
No artigo da última quarta-feira de Zuenir Ventura no jornal O Globo:
"A resistência mineira"
Zuenir Ventura
"Na terra de Tiradentes, onde me encontro e que tem uma história de desobediência às ordens do poder central, o PT desafiou esta semana a direção nacional do partido e aprovou a indicação do deputado petista Roberto Carvalho para candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Marcio Lacerda, do PSB, e apoiada pelo PSDB. O comando do PT havia proibido a iniciativa para impedir a aliança do prefeito Fernando Pimentel com o governador tucano Aécio Neves, os dois políticos mais bem avaliados em Minas, ambos com mais de 80% de aprovação popular, bem mais até do que Lula. O documento de repúdio ao veto acusa o diretório nacional de assumir uma posição “autoritária, antidemocrática, sectária, preconceituosa e predeterminada”.
Conversei com Aécio e Pimentel separadamente e, por mais que se saiba que o acordo pode reforçar as pretensões de um à Presidência da República e do outro ao governo estadual, não há como não admitir como legítimo o objetivo deles de transformar a administração do estado e da cidade num modelo para o país. A criação desse pólo não deixa tranqüilo o PT paulista — aliás, nem o PSDB.“A paróquia paulista”, diz o deputado federal Virgílio Guimarães, petista que aprova a coligação, “acha que pode aprovar uma resolução que vale só para uma cidade. Isso é um absurdo”! Ele se refere às dezenas de municípios onde foram ou estão sendo feitas alianças semelhantes sem a objeção do diretório nacional.
O governador mineiro tem dito a amigos que a ele só interessa a Presidência da República se puder chegar a ela de maneira diferente de FHC, que se tornou refém do PFL, e de Lula, igualmente prisioneiro do PMDB. Ele está obcecado pela idéia de um amplo projeto de união nacional. Acredita que só um movimento juntando os homens de bem, independentemente de suas siglas, pode evitar o que está acontecendo no país, onde as “forças periféricas” e marginais dominam o centro da política através de expedientes de barganhas de cargos e de outros interesses escusos.
“Por que não podemos nos aliar com quem temos afinidade ética? Por que temos de aceitar determinadas companhias só porque são de um partido aliado?” No discurso dos dois se nota uma preocupação com a dimensão ética. Não usam a “governabilidade” e o “pragmatismo” como pretexto ou álibi para justificar acordos com o que há de pior em termos morais. Parece haver de fato uma firme disposição de romper com a polarização e o maniqueísmo ideológico.
Esse jeito de fazer política estabelecendo acordos acima dos partidos não agrada a todo mundo.Mas deixa quem vive no Rio com uma certa inveja. Ter um bom governador e um bom prefeito unidos por pacto ético para transformar o estado e a cidade em modelos de administração pública é um velho sonho nosso.Não queremos mais nada".
Lembre: qualquer semelhança não terá sido uma simples coincidência!
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Um comentário:
Só dois pontos contextualizando o bom texto do Zuenir Ventura, especificamente sobre o problema fluminense:
a) Minas tem uma escola de administração pública, pelo que soube, do mais alto gabarito. É já angariada com anos de expertise. O Rio não possui nada sequer parecido...
b) A ALEMG não se resume meramente a votar o orçamento. O que dizer da ALERJ?
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