65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
terça-feira, setembro 02, 2008
Onde vão arrumar tanta mão-de-obra?
O setor da construção civil que durante o tempo das vacas magras sustentou uma boa quantia de empregos em Campos está sufocada com tantas obras no município. Estima-se que já esteja, ou em vias de construção empreendimentos que totalizem a oferta de mais de 3 mil unidades habitacionais.
Apenas três empreendimentos o da Nilo Peçanha que está sendo lançado em frente ao Wall-Mart, o outro em frente ao Tênis Clube na rua Barão de Miracema e o terceiro da Rodobens, atrás do HGG, em Guarus, reúne a metade destas 3 mil unidades habitacionais.
Diversas empresas de fora já fecharam compras de áreas para a construção de casas e apartamentos, especialmente para a chamada classe “C”. Aliás, as pesquisa de mercado feita pelos empreendedores, já classifica este setor da classe média, o mais visado para ser atendido em vendas de produtos e serviços, em dois ou três níveis: C1, C2 e C3.
Diante deste evidente boom cabe perguntar se estes empreendedores contratarão construtores e empresas daqui ou se trarão de fora. O impacto social e econômico no encarecimento será evidente para quem já atua no setor. Cabe indagar onde serão arrumados tantos pedreiros, armadores, encarregados, etc.?
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9 comentários:
O que mais me assusta, Prof. Roberto, é ter a certeza que não temos infraestrutura para suportar tantas obras. Profissionais capacitados para as atividades afins, isso nem pensar... Contrata-se qualquer um , desde que o resultado seja:" tijolo por tijolo , num desenho mágico."Cadê a estrutura das ruas , esgotos, saneamento? A gente cansa de ver tanta responsabilidade nas costas de poucos e, tantos outros participando da "fábrica de dinheiro"...
Don Roberto,
Boas perguntas, mas faço coro ao Luiz Felipe Muniz e adiciono minhas dúvidas:
Será que a cidade está sendo planejada para esse "boom" imobiliário...?
Pela nossa histórica tradição é possível apostar que não...
Especulação, concentração demográfica, alteração de fluxo de tráfego, sobrecarga na rede de serviços (esgoto/água, por exemplo)etc, etc...
Com o perfil de nossos governantes, dos vereadores e de nossa sociedade civil, o futuro que se apresenta não é promissor...
Isso sem mencionar que ao fim do ciclo, contaremos com milhares de trabalhadores "importados" de baixa qualificação sem ocupação...
Roberto,
Coloquei um comentario dias atras, falando sobre a grande quantidade de predios, construidos em Campos.
Até levantei uma questão sobre " como existiria tanto recurso" tanto para construir os prédios como para compradores de apartamentos.
Realmente não sei o porque desse boooom imobiliário.
Poderia vir a ser lavagem de dinheiro ?!
Gostaria de uma ajuda na análise do fato.
Concordo com os comentários sobre... a infra estrutura necessária.
Alo Roberto ! Abril já passou !
Alo Xacal ! uma ajuda aih .
P.S. tambem observo uma enorme quantidade de venda/revenda de automóveis...
Olá comentarista,
A troca de informações e debate com anônimo é sempre mais difícil. É como se você estivesse com uma pessoa que você não sabe quem é, só o outro conhece o interlocutor.
Ainda assim, vamos lá:
1) Eu li o comentário que relaciona a possibilidade de desvios de recursos públicos e outras lavagens de dinheiros estarem irrigando a demanda por unidades habitacionais e/ou, pelo menos a cnstrução deles.
Particularmete, acredito que a possibilidade pode/deve explicar parte do "fenômeno" mas não explica tudo.
O crescimentoe econômico do país é um fato. A inserção de camadas cada vez maiores de famílias na classe média baixa explica uma outra parte. Isto ocorre em todas as cidades do país, especialemnte, as de médio porte como a nossa. Pode ser obsrvado que algumas destas ofertas são para unidades habitacionais com 300 meses de parazo de financiamento e prestações entre R$ 150 e R$ 350.
2) A demanda gerada por estudantes de fora também contribui, menos, mas contribui para esta demanda. Os que para aqui vem acabam ficando. Há vagas de professores sendo ocupadas também, além disso, novos funcionários da Petrobras também aquecem o mercado.
3) Sobre a infra-estrutura, realmente o município foi mal preparado. Ressalva apenas a perimetral ainda não inaguradado da entrada da cidade junto da BR-101, Pq. Aurora, Alphaville, 28 de março que foi projetada há quarenta anos saiu do papel, o problema é o preço absurdo da obra.
Porém, é pouco. Saneamento, transporte coletivo e outros estamos muito atrasados.
Depois conversamos amis sobre o assunto, já tratado aqui em outras oportunidades.
Abs,
Para completar o debate;
É bem possível que os empreendimentos de alto padrão, acima de 200 ou 300 mil reais sejam instrumentos para lavagem de dinheiro;
Quanto aos veículos, também é possível que algumas agências estejam em esquemas de lavagem, muito embora o maior golpe desse setor fique na venda ilegal de carros com alienação fiduciária...
A verdade é que temos um dos maiores pib do país, e é claro, o dinheiro, legal ou ilegal tem que circular para algum lugar, e fica difícil mensurar quais os principais ramos econômicos que servem para "esquentar" fortunas instântaneas...
Um dos grandes vazadouros pode ser, por exemplo, o fundecam, afinal, os mecanismos de controle são bem precários...
Espero ter contribuído na discussão...
Professor, o que ocorre em Campos é pura especulação imobiliária...se ocorrer alguma mudança na distribuição dos Royalties isso acaba rapidinho...vai ter gente vendendo ap. na pelinca por menos de 100 mil.
Quanto a infra estrutura, isso existe em Campos? Existe planejamento para alguma coisa nessa cidade?
Outra coisa: os mesmos que sempre dominaram a cidade atraves do comercio, hj dominam atraves das "construtoras". O que se ve na maioria dos casos é gente que ainda acha que funcionário é escravo...
Agora, uma coisa era tratar funcionarios do comercio desta forma...outra é tratar engenheiros e arquitetos. Não que sejam melhores que os outros, mas o maior nível de educação faz a diferença, e os bons profissionais estao sumindo da planicie...
Deixa estar...daqui a pouco estarão colhendo o que estão plantando.
Palavra de um profissional que nunca mais quer voltar a trabalhar em Campos.
abs
Concordo com todos que a cidade não apresenta infra-estrutura para todas essas construções, exemplo prático disso é a região da Pelinca, que qualquer chuva alaga tudo. Sou contra essas construções que surgem de forma descontrolada na região da Pelinca e também concordo que não existe mercado para tal acontecimento, mas em relação a esses empreendimentos para a classe C sou a favor e creio que exista mercado sim. Essa faixa da sociedade passou a ter um poder aquisitivo maior, processo que ocorreu em todo o país, e a grande maioria dessas famílias ainda não possui a tão sonhada casa própria, logo, esse processo no setor imobiliário para atender a classe C, com baixas prestações, alguns sem entrada e sem intermediárias, acabaria chegando à cidade e o melhor que não está concentrado numa única região e em algumas regiões como a do Terra Nova, projeto da Rodobens em Guarus, eu considero haver uma infra-estrutura bem melhor que na região da Pelinca, pois a região do projeto possui ruas e avenidas largas e está recebendo expansão da rede coletora de esgoto.
É válido lembrar também, que parte desse boom imobiliário é para atender aos novos habitantes decorrente dos investimentos na região, mas considero isso uma parcela mínima, mas que deve ser considerada.
Por último, um ponto preocupante, além da infra-estrutura é a questão desses trabalhadores sem qualificação, o que será deles após esse boom imobiliário.
Caro Roberto, aproveitando que estamos falando sobre o boom imobiliário na cidade, você saberia me informar se já delimitaram um gabarito máximo para os novos projetos na cidade?
Já encontrei aqui mesmo pelo blog e vi que foi aprovado como gabarito máximo admissível 24 andares. Coitada da nossa cidade, principalmente da região da Pelinca, onde não tenho nada contra quem mora, mas não tenho a mínima vontade de morar, pelos problemas que a região já passa devido a esse adensamento. Estudava no Cefet e presenciava alguns de perto, como nos dias de chuva.
Acho que a avenida perimetral seria um incentivo para repensar totalmente a situação da região da Pelinca, e formular uma nova área de crescimento da cidade. Sem dúvidas que com essa nova via parte do crescimento será direcionado para o Setor Sul da cidade, mas devia ser formulada uma ação mais eficiente por parte do poder público para desacelerar esse processo que ocorre na Pelinca. Pelo pouco que entendo do assunto, creio que isso seria o melhor a se fazer a um curto prazo, até porque as cidades geralmente crescem em direção ao mar, o que não ocorreu em Campos. Por favor, me corrija se eu estiver errado.
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