65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
domingo, setembro 07, 2008
A Petrobras ainda deve muito a Campos...
O advogado, ecologista, articulista deste blog e também blogueiro Luiz Felipe Muniz de Souza (nos oferece mais um texto cujo conteúdo vale sua análise, principlamente por tratar-se também de um petroleiro. O blog acabou de disponibilizar o arquivo na seção ao lado esquerdo "Articulistas deste blog" e resolveu trazer também para este espaço:
A Petrobras ainda deve muito a Campos...
Como o tempo passa rápido e como as coisas nesta cidade não avançam como poderia!
Lembro-me bem de quando ingressei – por concurso público, diga-se de passagem – nos quadros técnicos da Petrobrás há mais de 25 anos atrás.Uma empresa pública como poucas no país, promissora e vanguardista, mas que naquela ocasião sofria muito com as intervenções político-partidárias. Ainda assim, ela se superou e hoje exuberante mostra para o mundo o quanto cresceu no cenário de energia e de organização.
Infelizmente, para nós campistas, a Petrobrás cresceu muito sim, mas não incluiu a cidade de Campos em nenhum de seus importantes projetos de gestão e de apoio logístico. Na verdade a cidade apenas viu o seu nome percorrer o mundo afora na denominação do maior campo de produção do Brasil – Bacia de Campos –, mas não passou disso...
Na década de 70, bem no início das atividades de prospecção e exploração, era pública a briga entre Macaé e Campos para sediar a base da Petrobrás, muitos de nós acompanhou e muitos campistas influentes se calaram diante dos poderosos da indústria canavieira local, permitindo assim, que todo o investimento logístico e técnico, da maior zona produtiva da Petrobrás, fosse para Macaé.
Muito bem, de lá pra cá já se vão mais de 30 anos, boa parte dos profissionais técnicos embarcados moram em Campos; diariamente saem de Campos mais de 20 ônibus fretados – aproximadamente 900 funcionários/dia – levando profissionais administrativos e técnicos que trabalham na sede da empresa em Macaé, correndo um risco no mínimo desnecessário por tanto tempo de exposição na BR-101. Sem considerar o caótico trânsito em Macaé pela manhã/tarde e a falta de espaços para expansão de prédios na base de Imbetiba!
Hoje a dívida com Campos se ampliou muito. A Petrobrás está num fantástico processo de expansão no Brasil, muito por conta das novas descobertas no pré-sal e muito por conta do pioneirismo no campo dos Biocombustíveis. A Cia inaugurou recentemente as suas 03 primeiras Usinas de Biodiesel – Quixadá/CE, Candeias/BA e Montes Claros/MG – com um nítido perfil de inclusão social dos pequenos e médios produtores rurais, que terão a partir de agora a garantia de preço e de compra de seus produtos agrícolas, uma conquista de fato histórica! Uma nova e moderna sede está sendo erguida em Vitória/ES...esta semana foi decidido que nova sede também será construída na cidade de Santos/SP.
Enquanto isso a sociedade campista e particularmente os nossos produtores rurais continuam sofrendo com a lavoura de cana-de-açúcar. A “parceria” com as usinas é um vexame, ganham somente os atravessadores e as usinas que restaram! Na lavoura continua sobrando cana que somente pagam R$ 8,00/Tonelada! A cada ano que passa produzimos menos por hectare por falta de apoio técnico e por falta de maior lealdade com aqueles que de fato produzem na terra. Não adianta apenas dizer que a indústria canavieira precisa de investimentos, antes precisa de ordem, de ética e de parceria leal, coisas raras entre nós campistas!
Eu creio que a presença de uma Usina de Biocombustível e um importante segmento da alta administração da Petrobrás em Campos dos Goytacazes seria a salvação sim de nossa rica história com a cana-de-açúcar, bem como, uma tentativa audaciosa de resgate concreto de nossa micro-região (norte-fluminense), através da implantação local de modelos de gestão profissional mais comprometidos com os aspectos éticos e sócio-ambientais da atualidade. Campos merece mais do que isto que aí está, cobremos à Petrobrás e às lideranças locais!
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