Muito se tem discutido ultimamente acerca da formação da câmara, se o novo governante terá ou não maioria, bem como a polêmica da mudança de lado de alguns vereadores.
O debate é salutar e faz parte do jogo democrático que se tenham divergências de idéias na casa que representa a sociedade de maneira pormenorizada.
O contorno trágico da coisa, no entanto, se faz presente no teor dos acordos e de como eles têm ganhado notoriedade nas mídias impressas, faladas e na boca do povo.
Vereadores que mudaram de lado são execrados e chamados de “traíras”, esses, por outro lado, se defendem dizendo que não praticaram traição, em meio a tudo isso os eleitores e partidários de cada um se engalfinham discutindo se houve ou não “traição” e, em caso afirmativo, qual teria sido o preço.
Prefiro me ater a essa palavra e ao que ela representa: traição. É aceitável que ela tenha apelo popular na hora de definir o que representa a tal mudança de lado, ainda é grande o desconhecimento do que seja e o que representa o Legislativo por grande parte da população. Mas é inadmissível que ela possa reverberar por intermédio de Vereadores, Deputados e Candidatos a Prefeito votados ou eleitos pelo povo.
Ora, trai quem deixa de ser fiel, e a relação que se espera dentre Legislativo e Executivo passa longe de ser a de fidelidade. Oposição e Situação só se fazem benéficas quando responsáveis, seja aquela não realizando a oposição intransigente, ou essa não representando uma conivência espúria que mantém uma governabilidade suja e sustentada por acordos escusos e emendas parlamentares de grande monta.
É essa desvirtude da verdadeira atribuição e competência da câmara legislativa e de nossos edis, conformada na anuência popular que vem, ano após ano, nos brindando macabramente com uma sucessão de péssimas legislaturas. Pelo nível das declarações pouca coisa mudará. Continuaremos a assistir uma Casa que apenas referenda os atos do Executivo com pouca ou nenhuma criticidade, bem como se incumbe de salvá-lo de melindres como CPI’s ou qualquer outra fiscalização aprofundada. Tudo isso é apenas introdução do que essa postagem gostaria de mostrar. É o artigo da vereadora carioca Andréa Gouvêa, publicado em O Globo de 28/10. Fala da importância do acompanhamento de perto do cidadão, e também desmistifica a velha idéia que qualifica o Vereador pela quantidade de leis criadas. Vale conferir: aqui.
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