65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
domingo, outubro 05, 2008
"Ainda não é desta vez"
Este é o artigo de autoria do Vitor Menezes publicado hoje, na edição do Monitor Campista que merece também este espaço aqui, além do que elejá destinou aqui no blog Urgente. Abraços para o Vitor Menezes que também acompanha pelo blog o processo eleitoral.
Apesar de tudo e de todos, neste ano de feridas abertas na administração municipal, nada levou a crer, em momento algum, que pudéssemos chegar a um dia como este de hoje, primeiro turno das eleições, com chances reais de promover mudança na política de Campos. E de fato não chegamos.
Haja o que houver, o próximo prefeito ou prefeita, a julgar por esta campanha eleitoral e pelos seus históricos políticos, não empreenderá mudança significativa na forma de governar a cidade.
É possível que se mostre mais presente. É provável até que se torne melhor, sob o ponto de vista administrativo, do que o governo atual — o que não é muito difícil, dada a iniqüidade desta gestão, que mantém nos aparelhos uma sobrevida protocolar até dezembro.
Entre viadutos, soluções populistas para o transporte e maquetes mirabolantes, o conjunto de propostas apresentadas reflete a falta de preparo e de criatividade dos que se propõem a governar o município. Muitos, inclusive, repetindo velhas soluções que outras cidades aboliram.
Ninguém para pensar a cidade nova. Todos muito conservadores. Nada de arrojo ou de originalidade. Muitos confundindo o novo com uma certa noção de “progresso” da revolução industrial ou da era do concreto armado. Foi desalentador ouvir, por exemplo, “novidades” como a promessa de instalação de câmeras no Centro para melhorar a segurança. Ou a construção de inúmeros isso ou aquilo.
Neste vazio de perspectiva, o eleitor minimamente preocupado com a cidade, e não apenas com o próprio bolso, se contenta com pouco. Deseja que, pelo menos, como um bom síndico, o prefeito ou prefeita mantenha as contas em dia e tudo limpinho. Que faça o feijão com arroz bem-feito, e poupe a todos de mais escândalos de corrupção.
O quadro que se apresenta para a Câmara de Vereadores igualmente não é animador. Os prognósticos de observadores atentos apontam para a provável manutenção da maioria dos atuais detentores de mandatos no Legislativo, desta que é uma das piores legislaturas de todos os tempos em Campos.
Nas campanhas, até apareceu uma ou outra voz oxigenada para pedir votos para a Câmara. Mas os esquemas tradicionais, a mesmice e o vazio, ainda caracterizam a grande maioria das candidaturas.
Para não dizer que absolutamente tudo está como antes, é preciso considerar que, se ainda não foi possível tornar viável novas alternativas para Campos, ao menos as velhas opções tiveram que ajustar o discurso para uma postura de condenação ao cenário atual da cidade. Ninguém se dispôs a defender o indefensável governo do prefeito Alexandre Mocaiber, nem mesmo quem o inventou politicamente. Se, por um lado, isso diz respeito ao senso de sobrevivência oportunista dos políticos, por outro demonstra algum efeito da rejeição que vem das ruas, aferida por pesquisas. Há não muito tempo, imaginava-se até a hipótese de candidatura à reeleição, numa época em que todas as vísceras da administração ainda não estavam expostas.
Resumindo o nosso samba de uma nota só: ainda não é desta vez.
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2 comentários:
A análise do Jornalista Vitor Menezes foi PERFEITA.
Como já havia falado, agora, só em 2012. A cidade de Campos tem maldições incubadas, não é possível.
Amigos do Blog, saudações...
É triste ver que mais uma vez, o principal ponto dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas para a prefeitura não foi o entendimento, propostas e soluções futuras a nossa cidade, mas sim, realizaram a literalmente as famosas expressões "rodar a baiana" e "lavar roupa suja", através da troca incessante de farpas na artilharia pré-eleição.
O pior, é que como expôs sabiamente o Vitor Menezes, tenderemos a mais 04 anos de incertezas e possivelmente, teremos um progresso ínfimo, diante dos prognósticos reais que consolidariam a substituição dos modelos administrativos realizadores e eficazes, capazes de tornar a nossa Campos do hoje numa Campos do futuro.
Os atuais e os futuros políticos de nossa terra, devem encarar a administração pública de forma crucial para a criação de uma realidade paupável e sustentável em contrapartida ao modelo de administração que desde os primórdios de nossa Campos, não tem gerado nenhum tipo de sustentação dos prossupostos que o progresso de nossa cidade necessita.
Falo da "impessoalidade administrativa", onde a mesma deve sobrepôr-se a qualquer outro tipo de ato gerencial, pois se encarnada e feita de forma consistente, poderá gerar o progresso que tanto necessitamos.
Carebia uma interação entre membros da sociedade civil e administradores eleitos para que juntos, fossem traçados as prioridades que a nossa cidade necessita e assim, deveria ser definido um plano cronológico de atuação e execução dessas prioridades para que, levando-se o pressuposto da "impessoalidade administrativa", tais projetos sejam estabelecidos, executados e geridos num prazo de 20 a 30 anos. Isso mesmo: 20 a 30 anos, de forma a serem executados e perpetuados pelos atuais e futuros administradores de nossa cidade, independente das "bandeiras políticas", visando-se somente o progresso e melhoria da qualidade de vida de nossa população.
Em analogia, seria o que a história comprova desde a construção das grandes pirâmides, onde seus idealizadores e executores davam início à construção das mesmas e independente dos sucessores, eram levadas à frente somente com o pensamento voltado a sua finalização futura.
Triste é ver os modelos "feudais" nos dias de hoje, onde as obras públicas e o "progresso" das metrópoles são colocados à prova pela falta de uma ideologia mais fraterna e de caráter impessoal.
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