“É com extremo pesar que a Organização de Direitos Humanos PROJETO LEGAL comunica o falecimento do educador social Volmer do Nascimento. A equipe técnica e seus coordenadores lamentam esta grande perda do movimento pela defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes.
Volmer do Nascimento foi coordenador do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua do Rio de Janeiro. Desde a década de 70, atuou no trabalho comunitário, quando foi delegado sindical na área da construção civil em Vitória. Em 1982, assumiu a Secretaria de Promoção Social da Prefeitura.
Com o fim das obras na Siderúrgica de Tubarão, começaram a ocorrer invasões de terra e Volmer promoveu um programa de creches, iniciando seu primeiro trabalho com crianças. Em 1984, veio para o Rio como assessor da antiga Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem). Trabalhou na Pastoral do Menor. Em 1986, surge o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua do Rio de Janeiro e, logo, a Casa do Menor.
Em março deste ano, Volmer do Nascimento participou do Seminário do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM), realizado pelo PROJETO LEGAL. Ele expôs sua experiência nas décadas de 80 e 90 com a proteção de meninos e meninas de rua ameaçados de morte.
Volmer do Nascimento participou ativamente em defesa da vida de centenas e milhares de crianças e adolescentes, tendo recebido vários prêmios por seu trabalho. Por sua busca por justiça, foi perseguido politicamente por pessoas e autoridades implicadas na prática de extermínio de crianças.
Sua história é a história de luta pelos direitos das crianças e dos adolescentes no Brasil.
Sua ausência será sempre sentida por nós e sua trajetória, sempre lembrada nas nossas trincheiras de enfrentamento por uma sociedade mais justa e fraterna”.
6 comentários:
Oi Roberto,
É verdade, o Volmer morou em Natividade nos últimos anos. Era casado com uma grande amiga e também companheira de luta, a Marília Serrano. Durante este período, os dois lideram várias lutas e criaram um projeto de defesa dos direitos humanos. Criaram também a Fazenda-escola voltada para qualificação de jovens de baixa-renda da área rural.
Um grande abraço e parabéns pelo sucesso do blog,
Ana Maria
Pena, Aninha, que estamos perdendo os homens de bem . A morte não faz escolhas. Muito ouvir falar do Volmer, notadamente pela sua simplicidade e preocupação com os direitos humanos.
Caros companheiros
Com certeza Volmer foi um grande homem, que buscou a justiça em todos os momentos de sua vida.
Ele amava os "pequeninos" e por eles orientou sua existência.
Nossa família agradece as manifestações de todos.
Volmer foi um grande guerreiro, buscou a justiça em todos os momentos de sua vida.
Amava as crianças, adolescentes e todos que sofriam discriminação e preconceitos e à sua defesa orientou sua existência deixando marcas profundas em todos os que o conheceram.
Nossa família agradece as manifestações de todos.
MÍDIA & MEMÓRIA
Aventuras e desventuras de um charlatão
Por Aurilio Nascimento em 18/5/2007
Além de informar, a mídia possui outro importante papel, o de rever o passado, apontando erros e contribuindo para que estes não mais ocorram no futuro. Não é o que acontece e, portanto, erros pretéritos se repetem. Na década de 90, uma estrela surgiu em todos os jornais e revistas. O capixaba Wolmer do Nascimento, então radicado no Rio de Janeiro e funcionário da Fundação Estadual de Bem-estar do Menor, tornou-se em pouco tempo a figura mais vista, mais entrevistada, e mais requisitada em programas de rádio e TV.
Porta-voz e presidente de uma organização não-governamental denominada de Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, Wolmer recebia quase diariamente grandes espaços diários na mídia e seu mote principal era a existência de um movimento secreto, financiado por empresários e grande parte da sociedade, com o propósito de exterminar menores abandonados. Apoiado pela Anistia Internacional, Wolmer e seu grupinho de amigos, financiados com o dinheiro público, coletavam diariamente notícias sobre a morte violenta de pessoas com até dezoito anos. Desconsiderando os casos individualmente, listava os números, apresentava à imprensa e demonstrava sua certeza na barbárie apontada: a elite queria se livrar dos pobres meninos de rua, através do extermínio. Aliás, foi assim que ficou nacionalmente conhecido – como o denunciante do extermínio que transcorria.
Ele e a princesa Diana
Não satisfeito com o sucesso repentino, Wolmer e seus amigos inventaram a história de que ele passara a receber ameaças de morte acompanhadas de uma ordem: "É melhor você ficar calado." A mídia entrou em alvoroço. "Defensor dos meninos de rua é ameaçado"; "Denunciante do extermínio de menores corre risco de morte"; "Wolmer diz que não tem medo da morte"; "Wolmer afirma: vou até o fim". Estas e outras manchetes abriram as primeiras páginas de muitos jornais de norte a sul do país. O governo passou a ser responsabilizado pela integridade física de Wolmer e, acuado, determinou que a Polícia Federal passasse a fazer a segurança pessoal da estrela. Após dois meses, os federais desconfiaram das tais ameaças e não se sentiram muito bem no papel de fantoches.
A rotina de Wolmer em nada indicava que fosse um grande candidato a cliente do IML. Freqüentava casas noturnas na zona portuária do Rio de Janeiro, desfilava em shoppings e não demonstrava receio algum com sua segurança. Logo a Polícia Federal chutou a bola para a Polícia Militar, a qual não aceitou o encargo. Tinha mais o que fazer. Nesse meio tempo, a princesa Diana agendou uma visita ao Rio de Janeiro, e entre outros compromissos, iria comparecer à Fundação São Martinho, na Lapa, instituição que cuida de meninos e meninas de rua. Wolmer se candidatou a receber um crachá especial, o qual daria direito de ficar ao lado da princesa de Gales. Como os ingleses não são bobos, mandaram uma equipe precursora do MI5, o serviço secreto inglês, a qual analisou um a um os convidados e concluiu que não ficava bem Diana aparecer ao lado de um charlatão. Wolmer foi cortado.
Não era bem assim...
Quase imediatamente, Wolmer seria misteriosamente seqüestrado. O pandemônio se instalou. Um jornal carioca publicou duas páginas inteiras com a manchete: "Cabra marcado para morrer". Todos os demais embarcaram na onda. Ninguém, absolutamente ninguém, questionava coisa alguma. Os órgãos de segurança foram praticamente invadidos pelos amigos de Wolmer, os quais exigiam solução rápida e ameaçavam: se algo acontecer a Wolmer, toda a responsabilidade será de vocês. Tanto a Polícia Federal, como a civil e militar, passaram a investigar o misterioso seqüestro. Wolmer teria sido seqüestrado em pleno centro do Rio de Janeiro quando se dirigia sozinho à 4ª delegacia policial a fim de socorrer um menor que ali estaria sendo torturado. Um pequeno detalhe chamou a atenção de todos os investigadores: nenhum amigo ou parente de Wolmer demonstrou nervosismo ou preocupação. Logo surgiu a suspeita de mais uma armação.
Diariamente, a mídia estampava notícias sobre o seqüestro e a falta de solução, quando de repente, não mais que de repente, Wolmer apareceu. Havia fugido do cativeiro quando era levado para a execução, segundo seu relato na Polícia Federal. Eram, segundo disse, cinco homens. Eles o colocaram em uma Kombi e pararam para discutir como seria a execução. Aproveitando-se da distração, Wolmer saiu correndo e conseguiu salvar-se. Não sabia onde havia sido seu cativeiro, estava com barba feita, bem vestido e aparentemente descansado, pois fora muito bem tratado pelos seus algozes. Uma verdadeira sorte.
Entre as centenas de amigos que compareceram à sede da Polícia Federal a fim de prestar apoio, somente um mostrou-se desconfiado. Era o deputado Chico Alencar. Não apreciou o que foi dito por Wolmer e, um tanto chateado, saiu de fininho, dando rápidas declarações ao batalhão de repórteres e cinegrafistas que ali se encontravam. Durante as investigações do "seqüestro", descobriu-se que Wolmer não era assim tão correto. A ex-mulher se encontrava à míngua no Espírito Santo. A pensão determinada pela justiça nunca fora paga, existindo um processo de cobrança. Seus quatros filhos passavam fome. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Wolmer tinha um caso amoroso com uma adolescente, loira e de olhos verdes. Na ocasião, ele contava com mais de quarenta anos e sua namoradinha, dezenove. Wolmer acabou condenado à prisão.
A mídia o esqueceu. Nunca mais se falou no assunto, e a vida continuou. Hoje, outros Wolmers ocupam seu espaço nas páginas diárias, mas ninguém quer saber se se trata de fraude ou não.
bando de fdp
meu pai foi um guerreiro que lutou por direitos iguais para os meninos de rua , e vcs que falam mal dele vao pra puta que pariu, seus infelizes e mal amados -'-
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