65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, outubro 27, 2008
Pré e pós de uma vitória anunciada
O blog publica também aqui mais um artigo do articulista deste blog Brino Lindolfo. Com ele, o Bruno faz sua análise sobre a eleição de segundo turno em Campos. O texto foi também postado aqui na seção ao lado "Articulistas deste blog" e também disponibilizado abaixo e vale a sua conferida:
Pré e pós de uma vitória anunciada
Falar da política campista carece cada dia mais de novidades e parece redundante. Constantemente a sensação que se tem é de bradar aos ventos. Relendo o artigo escrito em Fevereiro deste ano, denominado “A consonância dos males na política Goitacá”, mas que analisava um pouco do passado recente dos governos que se sucederam no poder em Campos, a conturbada eleição de 2004 e o que representava até então o governo Mocaiber, essa sensação de história já vista é relembrada, incomodamente.
Há, ainda, no mesmo artigo, um prognóstico que pouco surpreende quando materializa-se na eleição de Rosinha: a não revisão dos erros e a necessidade de adoção de uma nova prática política, a qual alçou o ainda grupo governante ao poder, custaria sua reeleição ou daquele por ele apoiado.
Em meio à falsa polarização dos grupos que hegemonizam a política de Campos e a constante sensação de coisa vista, cresce um fenômeno desprezado, porém primordial na definição do atual pleito. É a vontade de mudança, do novo, que é inversamente proporcional ao arrefecimento do Muda Campos, que delinqüiu de seu intento com o passar dos anos. Ela está aí e é percebida no aumento dos votos nulos, brancos e no capital político que, embora virtual, conseguem ganhar as candidaturas pequenas, de nomes desconhecidos da população, com poucos recursos e tempo de TV.
Não é necessário nomear os que se furtaram em propor essa alternativa, esse assunto já foi repisado à exaustão e todos sabemos os nomes dos bois e os motivos que os levaram ao atoleiro.
Não necessariamente o novo viria para vencer a eleição, mas para demarcar posição, arregimentar pessoas e engrandecer o debate eleitoral, elevar o nível das propostas, fazer com que os adversários, principalmente os hegemônicos, se sentissem obrigados a elevar o nível de seus discursos, refazendo suas promessas e projetos de campanha.
Todos esses fatores foram essenciais na vitória de Rosinha. Não é demérito, pelo contrário, a candidata sabiamente percebeu o nicho que lhe permitiria triunfar politicamente e lançou-se como a mudança.
Conduziu com esmero a campanha, preocupando-se em ouvir a população previamente para traçar sua estratégia de campanha. Construiu uma plataforma de projetos simples, até simplória se considerarmos as possibilidades financeiras da cidade, porém confrontou um candidato despreparado e confiante apenas na teia de favores que construíra e lhe garantira, desde então, respaldo político.
Ledo e desastroso engano que só tornou ainda mais previsível a vitória de Rosinha. Afinal, a história nos mostra que toda liderança política construída por valores pouco republicanos e ortodoxos, cedo ou tarde, cobra seu preço, sempre danoso.
Todos os fatores levam a crer que o governo Rosinha será um bom governo, talvez esse seja mais um desejo e menos a expressão de uma futura realidade. Talvez. Mas, a vida política da família megalômana, sempre buscando vôos políticos maiores, e messiânica, que entende administração pública como missão, acaba servindo como contrapeso e contraponto de suas próprias atuações políticas, principalmente em tempos onde a moral política anda baixa e esgarçada e os olhos da grande mídia estão sempre vigilantes.
Há ainda o fator da oxigenação na máquina pública, a troca das peças promovida pela alternância no poder permite que a engrenagem trabalhe, em regra, melhor.
Por último, há o amadurecimento político e cidadão, também possibilitado pela alternância no poder. Anos de desmandos e impunidade sedimentados pela anuência da reeleição não foram danosos apenas ao erário, mas à formação moral do cidadão, pois desvirtuaram os valores de boa parte da população. Esses ultrapassaram a escala “involutiva” do velho chavão “todo político é igual” e, se não bastasse esconderem suas deficiência de caráter sob essa proposição equivocada, passaram a tripudiar daqueles que preferem trilhar seus caminhos sem atalhos, contratos ilegais, bolsas de estudo sem razão e toda sorte de troca de favores para levar vantagem.
Acompanhemos de perto o trabalho da nova prefeita, se ela cumprirá com o prometido, se o secretariado nomeado condiz com a proposta de mudança que fora mote de sua campanha. Acompanhemos a postura daqueles que outrora jogavam pedras, se manterão a linha crítica ou mudarão de postura. Acompanhemos os vereadores e a consistência de cada um. Acompanhemos os meios de comunicação, alguns já começaram a demonstrar seu cinismo. Os acertos devem ser aplaudidos e reconhecidos os erros que ajudem a reforçar a tese de que, definitivamente, Campos e nós merecemos mais.
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12 comentários:
Que belo texto.
Parabéns!!! Toda a populaçao merecia ler este texto,mas infelizmente nao temos em nossa imprensa este previlégio.
Mais uma vez, Viva a blogesfera!!!
Srº Brino Lindolfo
Se vc acha que Campos merece mais o senhor poderia vir como candidato ou apoiar alguém com as sua proposta e ideologia. Isso é democracia e o julgamento das urnas deveria ser respeitado.
Josimar, ao meu entender , "Campos merece mais" não se refere ao prefeita eleita mas sim a lama que Campos se encontra.
Paz!!!
Bom, meu caro Josimar, se seu conceito do que seja democracia é tão pobre e mesquinho só tenho a lamentar. O conceito de democracia é muito vasto e seu exercício mais importante é alcançado além do voto. A vontade extraída das urnas deve ser respeitada, mas não exclui ou ata a possibilidade de contestar. Aliás, é na possibilidade de contestar um governo ou suas práticas políticas que se consubstancia a democracia em sua plenitude. E isso pode ser feito independente da vida partidária. E é isso que garante o verdadeiro sentido de uma democracia representativa. Algo que diferencie disso é ditadura da maioria, travestida de democracia para consumo de alguns pobres incautos.
Até seus chefes políticos já demonstram ter aprendido isso.
Pensar e contrapor dói, mas é uma saída mais honrosa democrática que pedir o silêncio daquele que lhe importuna.
Caros, Reconheço o esforço de deitar teoria à prática política só que no caso é querer sofisticar por excesso o que a empiria nos ensina.
1) sentimento de mudança...não é um sentimento localizado e este foi localmente plantado e exaustivamente explorado por garotinho e seu séquito de difusores, desde março, com a Telhado de Vidro, que pode ser que me engane rotundamente, serviu como página, não, é muito pouco, serviu como enrêdo eleitoral;
2) absoluto racionalismo estratégico para tocar fundo na emocionalidade desmemoriada da população, repetição de temas e jargões, que sensibilizassem o eleitor; máxima de Brizola que garotinho aprendeu como ninguem mais.
3) grana, grana e mais grana. Jamais um pleito em Campos (cidade fisiológica) foi tão determinado pela compra simples e direta do voto. Voto em Campos, tem preço, sofre variação das leis de mercado, e tornou-se endêmico.
4) sorte ou acaso com os erros de avaliação ( e consequentemente de ação) do advesário, notadamente no 1o turno.
5) o show montado a partir de março com a dita Telhado de Vidro, seviu tb como peça para um distanciamento cauteloso por parte da forças federais.
É por aí que caminha meu raciocínio,
abs, Josélia
Parabéns Bruno, belo texto!
Tb acho q Campos merece mais,essas duas candidaturas q foram pro 2o turno ninguém merece,d um lado um querendo dar continuidade a roubalheira q se estalou nesses últimos 4 anos,e d outro uma querendo entrar p fazer nossa cidade d trampolim p governo do estado,senado ou presidência...Q me desculpem os leitores mas merecemos mt mais q isso...
Francamente acho q campos merecia muito mais do que Rosinha ou Arnaldo tenha a oferecer...
Bruno,
Parabéns pelo ótimo texto...
Agora, Josélia, não entendi:
Caros, Reconheço o esforço de deitar teoria à prática política só que no caso é querer sofisticar por excesso o que a empiria(não seria emprirismo?) nos ensina.
Ué, não é uma das funções da teoria, justamente, "sofisticar" o que aprendemos por nossas experiências...?
Josélia, minha cara, o fato da oposição ao macabro e ao popozão terem se aproveitado da desgraça que foi a gestão da pmcg só confere credibilidade ao que Bruno escreveu, a não ser que você acredite que macabro fez uma ótima gestão, com probidade e eficiência...aí é diferente, e eu nem vou discutir suas interpretações, é seu direito...
Mas para todos que acompanham um pouco mais de perto a gestão municipal sabem o desastre que foi...daí, em grande parte, o "sucesso" de rosinha napô em se apresentar como "novidade"...
Agora, mais uma vez como disse o Bruno, faltou a quadrilha do telhado competência para apontar os erros da quadrilha do pecado capital, e desmistificar a imagem construída pela rosinha napô e sua equipe...
O primeiro sintoma da falência desse (des)governo macabro foi sua renúncia a disputar o pleito, ou alguém acredita que ele saiu do páreo para cumprir acordo com o popozão, ou por amizade e desprendimento do poder...?
Mais uma vez parabéns ao Bruno...
A razao pela qual o plano de governo de Rosinha era exaregadamente ''simples'' é por conta da atual situacao do municipio, nos nao temos NADA funcionando, por conta disso, ao meu ver, o programa é condensado em atividades pontuais e factiveis.
Acredito que nos proximos 4 anos, os problemas cotidianos e basicos serao saneados e a partir daí poderá se desenvolver um plano diretor composto de obras e acoes grandiosas que demandam de tempo, dinheiro e vontade politica/administrativa para ser feitos.
Quanto aqueles correligionarios de Arnaldo que atribuem a vitória de Rosinha a uma possivel compra de votos, saibam que o PMDB nao gastou 1 centavo sequer em boca de urna, uma vez que a vitoria viria ou pelas urnas ou pelos tribunais, portanto a atencao foi redobrada para que em caso de indeferimento de Arnaldo, Rosinha poderia assumir se nenhuma pendencia judicial.
Vou lembrar que a forma mais nefasta e covarde de compra de votos, foi em 2004 quando Arnaldo nao distribuiu 50 ou 100 reais para comprar votos, ele inovou, distribui empregos em troca de votos, os prejuizos se arrastaram por 4 anos e agora está proximo de chegar ao fim. Procurem caucular, quanto nesses 4 anos nós pagamos para manter pessoas na prefeituras que lá entraram com o unico intuito de votar em Campista, não foi 50 nem 100 foram milhares de reais para cada voto comprado, nesta eleição ele tentou repetir esta pratica(dezena de pequenas obrinhas e carta convites para contratar pessoas) e ''despejou'' dinheiro na planicie mas nao adiantou o povo votou na governadora, sem essa pratica com certeza a surra seria bem maior.
A aqueles que dizem que Campos é trapolim saibam que realmente é!
e que por conta disso, Rosinha vai fazer o melhor governo que já se viu!
Gostei muito do seu texto!
Parabéns!
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