65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, novembro 24, 2008
O Obama brasileiro e campista há 100 anos
A revista Época desta semana trouxe na seção Primeiro Plano uma nota que se refere ao diplomata e membro da ABL, Alerto Costa e Silva que falou sobre importantes figuras brasileiras que eram negras e comentou sobre o ex-presidente Nilo Peçanha que governou o Brasil entre 14 de junho de 1909 e 15 de novembro de 1910. Nilo Peçanha era mulato, e portanto negro e sofreu resistência e preconceito por conta desta sua característica física e racial.
Veja que a Wikipédia diz sobre o assunto:
"Nilo Peçanha foi descrito como sendo mulato e freqüentemente ridicularizado na imprensa em charges e anedotas que se referiam à cor da sua pele. Durante sua juventude, a elite social de Campos dos Goytacazes chamava-o de "o mestiço of Morro do Coco". Em 1921, quando concorreu à presidência da República como candidato de oposição, cartas atribuídas falsamente ao candidato governista, Artur Bernardes, foram publicadas na imprensa e causaram uma crise política pois insultavam o ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca, representante dos militares, e também Nilo Peçanha, outro ex-presidente, que era xingado de mulato. Gilberto Freyre, escrevendo sobre futebol, usou-o como paradigma do mulato que vence usando a malícia e escondendo o jogo mencionando que "o nosso estilo de jogar (...) exprime o mesmo mulatismo de que Nilo Peçanha foi até hoje a melhor afirmação na arte política".
"Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas para branquear sua pele escura. Alberto da Costa e Silva diz que Nilo Peçanha foi apenas um dos quatro presidentes brasileiros que esconderam os seus ancestrais africanos, sendo os outros Campos Sales, Rodrigues Alves e Washington Luís[14]. Abdias Nascimento afirma que, apesar de sua tez escura, Nilo Peçanha escondeu suas origens africanas e que seus descendentes e família sempre negaram que ele fosse mulato. A biografia oficial escrita por um parente, Celso Peçanha, nada menciona sobre suas origens raciais, mas uma outra biografia posterior o faz. Portanto, alguns pesquisadores expressam dúvidas sobre se Nilo Peçanha era ou não mulato. Em qualquer caso, suas origens foram muito humildes: ele mesmo contava ter sido criado com "pão dormido e paçoca".
Bom lembrar que em 2010, estaremos completando um século em que o mulato campista, como vice exerceu o cargo de presidente da República por um período de 17 meses, em substituição ao titular Afonso Pena falecido no exercício do cargo.
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3 comentários:
Por que Obama brasileiro? Por que esta idéia persistente de se estabelecer um "modelo" um exemplo a perseguir ? Por que não simplesmente Nilo Peçanha o negro brasileiro?
Excelente post Roberto.
As pessoas prestam muita atenção ao que é de fora, ainda mais sendo dos EUA, mas temos que olhar para nossa terra tb. Poucas pessoas se lembram que Nilo Peçanha era mulato e que sofreu preconceito.
Obrigada por seus bons posts, que nos fazem ver que para além de nossa imprensa campista, temos tbboas fontes de informação on-line.
abç
Muito oportuna esta lembrança e comparação entre Nilo e Obama.
Nilo é um personagem histórico que talvez merecesse um pouco mais de atenção.
Fez um jogo das oligarquias dissidentes que poderia ser considerado uma espécie de mestiçagem da política.
Defendeu a vocação agrícola com o Ministério da Agricultura e articula uma política de ensino industrial.
Hoje, talvez o mais importante desse legado mulato seja antes social mas com decisivas consequências políticas. A caracterização da massa como "mestiça" e o carisma (essa linguagem secreta) que somente um indivíduo "mestiço" pode realizar plenamente na política.
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