65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
terça-feira, dezembro 23, 2008
Em defesa dos tecnólogos
O blog recebeu um comentário postado em nome de Marcelo Pinto da Rocha sobre uma nota aqui publicada em 29 de maio de de 2007 com o título: "Concurso da Petrobras, o Cefet e as incoerências". Marcelo volta questionar sobre o assunto no txto que o blog reprodz abaixo:
"Novamente venho a público protestar sobre o claro preconceito da Petrobrás contra os Tecnólogos. Em seu último concurso, regido pelo “EDITAL N.º 1 – PETROBRAS/PSP-RH-3/2008, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2008”, o item 4.8 diz o seguinte: Para todos os cargos, não serão aceitos cursos de Tecnólogo ou Licenciatura.Apesar do desempenho satisfatório destes profissionais no mercado de trabalho, no Brasil continuam enfrentando barreiras, fruto da ignorância de muitos analistas de RH".
"Os cursos superiores de tecnologia dão formação em nível superior, como qualquer outra graduação. A diferença é que seus currículos são focados no mercado de trabalho, menos abrangentes do que alguns bacharelados, mas ministrados de maneira muito mais objetiva, torna o curso mais rápido de ser concluído. Podem-se encontrar cursos com carga de 1600 a 3000 horas, dependendo da área. Hoje, os tecnólogos encontram colocação garantida nos quadros de empresas com sistemas de gestão mais aprimorados. O aluno se forma no curso de tecnologia com um conhecimento profundo em sua área e "isso vem sendo cada vez mais reconhecido pelo mercado".Sendo um profissional de nível superior, os tecnólogos podem dar continuidade ao seus estudos cursando a pós-graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado) e Lato Sensu (Especialização)".
"No último concurso para professores de nível superior, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, referência em educação profissional no Brasil, inclui a seguinte oferta de vaga em seu concurso: “Graduado em Engenharia da área Civil, ou em Engenharia de Materiais, ou em Engenharia Química, ou Tecnólogo da área de Construção Civil, todos com doutorado em áreas afins”. Quer dizer que um tecnólogo pode ser professor de uma das mais renomadas universidades do país e não é aceito no quadro funcional da Petrobrás? Um absurdo a posição desta estatal um verdadeiro caso de polícia. Será uma tentativa de fazer reservas de vagas para os engenheiros?"
"Esta companhia manda as famosas respostas inconsistentes: “tendo em vista o porte, complexidade e especificidades próprias, que requer de seus empregados a constante mobilidade entre suas diversas áreas e regiões de atuação, a companhia avalia que os profissionais com formação superior com título de bacharel, são aqueles que atendem plenamente às exigências impostas pelas atividades inerentes aos negócios da Petrobras”. Lembrando aos prezados da Petrobrás que hoje existem os famosos cursos de bacharelado à distância, muitos são do tipo pagou-passou, pergunto: _Um bacharel, mal formado, que freqüentou bem menos uma sala de aula do que um Tecnólogo em um curso regular é mais capacitado?"
"Nosso país precisa amadurecer muito no segmento tecnológico. Nos Estados Unidos, por exemplo, 65% das oportunidades de trabalho são ocupadas por profissionais de curso superior tecnólogo. Na Europa, mais da metade na população deixa de cursar graduação plena para investir nessa modalidade. Já em países em desenvolvimento como a África do Sul e Chile, tais cursos chegam a um terço das vagas. Será que esses países estão errados? Será que só a PETROBRÁS sabe avaliar adequadamente os requisitos para contratação de profissionais na área tecnológica? É claro que não. A PETROBRÁS demonstra em seu preconceito contra os Tecnólogos, o quanto o Brasil é um país atrasado e resistente às mudanças necessárias para integrá-lo definitivamente a economia globalizada".
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7 comentários:
Com todo respeito aos comentários mas...não da pra comparar um bacharelado em Engenharia, onde há uma visão completa e academica, com um curso de tecnólogo que dura 2 anos...pelo menos não no Brasil, onde temos a cultura do bacharelado.
Entendo que existam bons cursos de tecnologia nos Cefets (incluindo ai o CefetCampos), mas o que existe hoje na maioria dos casos são faculdades particulares com cursos de 1 ano e meio, 2 anos, sem a mínima qualidade. O mercado de trabalho ja identificou isso, os Rh's das grandes empresas nem selecionam tecnólogos, e vão além, só selecionam para entrevistas profissionais graduados em faculdades públicas ou particulares de primeira linha. A Petrobras, uma grande empresa como outra qualquer, apenas replica o que o mercado ja realiza.
Os únicos que ganham com esses cursos tecnólogos caça-níqueis são os donos das faculdades. Explico: vendem a ideia que em menos de 2 anos você é "Engenheiro", o coitado injeta dinheiro, se forma e é ignorado pelas grandes empresas...
Enquanto isto não acabar não teremos como levar a sério os cursos de tecnólogos no Brasil.
O proprio CefetCampos já transformou o curso de Tecnólogo em Automação em Engenharia. Muitos professores defendem a transformação de outros cursos de tecnologia do Cefet em bacharelado. Essa questão é um pouco mais complexa. Não basta condenar a Petrobrás por preconceito e nem justificar a exclusão dos tecnolólogos pela ótica dos caça-níqueis. Certa vez, em um evento, um Diretor da Petrobrás foi categórico sobre o tema: "A Petrobrás é uma empresa de Engenheiros, construída por Engenheiros". Se a empresa cria vagas para uma categoria intermediária, os tecnólogos reclamararão e exigirão direitos iguais. Caso contrário, é a vez do engenheiros reclamarem da isonomia com os tecnólogos. O fato é que um bacharelado em engenharia é uma formação bem mais completa que um curso de tecnologia. Outro fato é que as provas do concurso e a etapa de treinee são de alto nível. Por que não selecionar pelo conhecimento e competência do profissional, independentemente do tipo de formação em nivel superior. E por aí vai a polêmica...
Abçs, IAE
Destaco os cursos de Licenciatura que normalmente são realizados em 4 anos e não são considerados, pela Petrobras, como curso superior.
Está na hora do CEFETs, MEC falarem alguma coisa.
A Petrobras não pode estar acima da lei. ou o MEC obriga a Petrobras a aceitar os cursos de Tecnólogo e Licenciatura como superiores ou retifica nossos diplomas.
Boa tarde. Vou "meter o bedelho" nesse assunto...1º porque sou formando do curso de tecnologia em manutenção no CEFET-CAMPOS. E 2º porque sou funcionário da PETROBRAS. Vamos aos fatos: A PETROBRAS é uma empresa tipicamente de Engenheiros onde a entidade AEPET (ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA PETROBRAS) tem um poder muito grande de influência de qualquer decisão.
Um outro fato que devemos levar em conta é que estamos em um processo longo, em que as sementes foram plantadas, porém estamos em dificuldades com a nossa "colheita". Existe uma erva-daninha, que em nosso caso é a resistência do sistema velho para com esse novo sistema de tecnólogos "ocupando" vagas de Engenheiros.
Não deve ser fácil para eles, absolutos até então, ter suas posições ameaçadas...a concorrência talvez, deve ser o maior temor dos incompetentes.
Ainda me lembro que quando eu cursava o curso de técnico de AUTOMAÇÃO no CEFET-CAMPOS, eu e minha turma nos preocupavamos se iriamos conseguir ter o registro no CREA-RJ, entidade respeitadíssima, mas que também tinha essa mesmo problema que nós Tecnólogos enfrentamos hoje. O tempo passou e agora até o curso de tecnólogo é reconhecido pelo Crea-RJ, que, já citado acima, oferecia certa resistência para aceitação dos nossos regidtros.
Tudo é uma questão de tempo, colegas...jogo de paciência. O que não nos tira o dever de reclamar e lutar por aquilo que é nosso direito.
Léo F...
Sou tecnólogo em automação graduado há 4 anos pelo próprio CEFETCAMPOS. Durante esse tempo venho percebendo e vivendo o preconceito das empresas acerca da própria contratação ou o sub-aproveitamento desse tipo de mão-de-obra e até mesmo o uso do curso dito tecnólogo como trampolim para uma outra graduação, digamos, mais tradicional.
Sobre a visão de empresas do porte da PETROBRAS, desnecessário se faz escrever porque minha opinião e de muitos outros tecnólogos concordam com o próprio post do blog.
Em relação a contratações, mesmo sendo uma condição melhor mas não a correta, ocorrem duas características co-similares: ou a empresa contrata a mão-de-obra equiparando-a a de um técnico, não existindo diferenciação considerando o tecnólogo como mais um técnico; ou ainda, a faixa salarial é muito próxima da mão-de-obra de formação de nível médio técnico, considerando assim a diferenciação entre técnico e tecnólogo.
Focando para o curso que eu fiz pelo próprio CEFETCAMPOS e que acabou sendo extinto, seja por falta propriamente quantitativa de professores para suprir o curso de tecnólogo e bacharelado simultaneamente, como até mesmo pela própria possível falta de demanda de novos alunos que automaticamente e instintivamente optariam e optam pelo bacharelado: Fato realmente lamentável, não só pela minha história pessoal como também pelo fechamento de portas para pessoas que trabalham durante o dia não podendo frequentar o curso de engenharia no horário disponibilizado pelo atual IFET e que poderiam fazer o tecnólogo no período noturno. No caso da sobreposição do curso em tecnologia em automação pelo curso de engenharia em automação especificamente: mesmo sabendo que existem professores dentro do próprio CEFETCAMPOS que lutam em prol do reconhecimento dos cursos em tecnologia, a impressão que ficou não para mim, como para outros tecnólogos e algumas pessoas do universo dos não-tecnólogos que este curso em tecnologia em automação no CEFETCAMPOS foi "pego pra Cristo", sendo usado como trampolim para a implantação do curso de engenharia em automação.
Finalizando, concordo que existam cursos em tecnologia disponíveis no mercado sob a garantia do PP (Pagou, passou) que prometem viabilizar um atalho no mercado de trabalho devido a duração do curso que mas acabam denegrindo a mão-de-obra formada por tecnólogos: mas da mesma forma existem bacharelados sofríveis que formam médicos despreparados tecnicamente e mentalmente e que prestam concursos e até são aprovados nos mesmos. No entanto, existem cursos em tecnologia com qualidade como o que eu fiz que, infelizmente, acabam "pagando o pato" pelos cursos feitos sem preparo algum.
Acredito que o Tecnólogo pode ter o seu próprio espaço, sem invandir o dos Engenheiros. A Petrobrás com certeza pode tanto aproveitar o trabalho do Tecnólogo como do Engenheiro, a empresa deve estar precisando da contribuição dos dois. O que tem que acabar no Brasil é a reserva de mercado e o favorecimento, o cara quer emprego e ganhar dinheiro; arregaçe as mamgas e vá trabalhar...
Gostaria que o senhor Roberto Moraes desse um pouco mais de ênfase ao referido tema, uma vez que; reconhecido pelo CREA, reconhecido pelo MEC que quer dizer (Ministério da educação e cultura) que é uma instituição federal, e não aceito pela Petrobrás uma também instituição federal. Como pode o governo insentivar o estudo, falar em cotas raciais e depois que um pobre estudante se dedica a estudar para passar no processo seletivo de uma também instituição federal, estudar três anos se dedicando a se formar num bom profissional, uma vez passado por tudo isso, esse mesmo estudante, agora um profissional tecnólogo, não consegue sequer concorrer a um concurso de um órgão do mesmo governo. Pode um reino se divedir entre si e ainda assim subsistir?
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