sexta-feira, dezembro 26, 2008

A força da rede!

A diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Candido Mendes e professora-visitante da Harvard Law School (EUA), Julita Lemgruber, produziu hoje, na edição do jornal O Globo, um texto interessante sobre as possibilidades da viabilização de uma gestão participativa no governo Barack Obama, nos EUA. Leia abaixo o artigo: O nome do jogo de Obama”: “Depois de acompanhar a extraordinária mobilização cívica, principalmente nas últimas semanas da campanha de Barack Obama, continuo a me surpreender com a competência com que sua equipe usa a internet para manter vivo o entusiasmo dos eleitores. Alguns políticos já utilizaram bem a internet no passado, aqui nos Estados Unidos, mas ninguém conseguiu a proeza de Obama, que criou um exército de voluntários através do uso eficaz deste meio. A questão, agora, é não desiludir essa multidão, estimulando a participação no governo de variadas formas.Pensa-se na criação de um website que possibilite acompanhar o que o governo faz, até mesmo votando contra ou a favor de determinada decisão que o futuro presidente possa tomar, ou sugerindo soluções para tais ou quais problemas. O nome do jogo é democracia participativa”. Obama prometeu transparência absoluta em sua administração, e a equipe aposta na criatividade do uso da internet para envolver os cidadãos e torná-los atores no, também prometido, processo de mudança. Nas duas últimas semanas, novas mensagens inundaram os computadores daqueles que ajudaram a transformar a campanha de Obama no maior fenômeno da história política americana, convocando-os a organizar em suas casas ou comparecer a um dos eventos “A mudança está chegando”. E as mensagens personalizadas, assinadas por David Plouffe, responsável geral pela vitoriosa campanha, esclareciam que nos dias 13 e 14 de dezembro apoiadores de Obama estariam se reunindo em todo o país para refletir sobre o resultado das eleições e planejar os próximos passos do trabalho voluntário. Os interessados em ser anfitriões podiam encontrar, com apenas um clique, todas as informações necessárias para organizar tais eventos. Havia orientações minuciosas para antes, durante e após as reuniões: desde como inscrever sua reunião na internet (para que futuros participantes pudessem se registrar on-line), a como organizar o material e os temas a serem discutidos. Recomendavase o debate das prioridades para cada grupo, nos níveis nacional e local, e das formas de organização dos cidadãos para atingir seus objetivos. Pois bem, ao longo do final de semana de 13 e 14 de dezembro, centenas de encontros aconteceram, com a participação de milhares de pessoas. Estive em dois deles. O entusiasmo das discussões e a crença de que “juntos podemos mudar” dominou as reuniões. Debateu-se de tudo. Desde os problemas mais imediatos dos bairros de cada um e as possíveis soluções, até como comprometer seus representantes nas assembléias legislativas locais e no Congresso Nacional com a agenda de Obama e cobrar do futuro presidente a implementação de suas promessas, principalmente na área da assistência à saúde, à educação e ao desenvolvimento de energias alternativas. Eram grupos pequenos, uma média de 20 a 30 pessoas, homens e mulheres, jovens e idosos, brancos e negros, gente que se envolvia, pela primeira vez, numa atividade política mais estruturada e outros que já haviam trabalhado ao longo dos meses que antecederam as eleições. Todos apostando na possibilidade de contribuir com a administração Obama, mas, sobretudo, querendo aproveitar o momento para construir um novo estilo de participação cidadã na sua comunidade e no seu bairro. O resultado das discussões vai ser encaminhado aos organizadores da campanha e, se esta etapa tiver o sucesso do movimento que elegeu Barack Obama, definitivamente uma nova forma de participação cívica estará sendo gestada. Quem sabe não aprendemos um pouco com tudo isso?”

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigos do Blog:

O povo americano sempre suscitou a necesidade de uma figura paternalista e heróica para conduzí-los diante de seus objetivos relacionados ao comando de sua nação e influências internacionais.

Barack Obama, popularmente, tem a "bola da vez" e se realmente, bem intensionado for, poderá resgatar o orgulho de sua nação e as atenções mundiais diante da estagnação moral e política oriunda da administração Bush que tanto pai e filho, somente serviram aos interesses de seus egocêntricos desejos de domínio global.

Particularmente, acho que Barack Obama tenha em suas mãos a "faca e o queijo", mas sinceramente, acho que o marketing de sua estratosférica campanha o colocou num patamar que exigirá do mesmo, hercúleo esforço para provar ao palco mundial que é chegada a hora de uma administração Americana vais compatível e em consonância com a tolerância diante das diversidades culturais e governamentais de ordem mundial.

Possivelmente, estaremos nos próximos anos a vivenciar uma política Americana voltada para a reconciliação do Governo Americano para com as "minorias", historicamente sempre esquecidas e somente lembradas por eles, quando há nas entrelinhas de seus governantes, interesses escusos, que servem apenas para garantir o abastecimento de suas necessidades econômicas em detrimento ao sofrimento alheio.

Acho que estamos testemunhando o início de um grande fiasco histórico com relação ao governo que se inicia, pois sabemos muito bem que a arte de governar não é exercida apenas por aquele que foi eleito diretamente para tanto, mas por todos aqueles que participam do círculo administrativo, diretamente ou indiretamente.

Pode ser que o Barack Obama faça um majestoso e fraterno governo, mas também pode ser que o mesmo seja mais sangrento, intolerante e belicoso que seus antecessores.

Abraços a todos e que a história seja feita conforme o merecimento de cada um.

Zoliah disse...

Talvez o mais importante da formidável campanha de Obama foi a extraordinária mobilização popular, notadamente com os jovens, maiores usuários da Internet, que criaram uma imensa rede nacional convocando todos os cidadãos a se engajarem na campanha. Como resultado, milhões de americanos, mesmo não sendo feriado o dia das eleições americanas, acharam importante gastarem horas nas filas de votação para elegerem aquele que acreditavam ser o mais indicado, livre e preparado para vencer os enormes desafios que os EUA enfrentam tanto internamente como perante as outras nações. A consagradora e inquestionável vitória de Obama terá um peso enorme perante o Congresso americano quanto à necessidade de ser dado ao novo governante o apoio imprescendível das demais esferas do governo às medidas necessáias para correção de rumo da política externa americana, até agora aliada aos piores interesses capitalistas internacionais. O apoio maciço popular é peça fundamental para o sucesso da administração Obama.