65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
domingo, janeiro 25, 2009
Esquizofrenia política
O jornalista Elio Gaspari sacou bem a paranóia registrando hoje, em sua coluna, no jornal O Globo:
"Barack lá, Bush cá"
"Tem muita gente boa aplaudindo Barack Obama porque ele proibiu a prática de torturas contra presos. O suplício mais conhecido era a simulação de afogamento. Um pedaço dessa mesma plateia emocionou-se com a valentia do Capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite” e com o poder de persuasão de seus sacos de plástico. É um novo tipo de esquizofrenia política. O sujeito é Obama nos Estados Unidos e George Bush no Brasil".
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9 comentários:
Gaspari surtou? ainda não notou que Guantanamo é vida real e o cap. Nascimento é ficção, que guantanamo é política de estado e cap. nascimento não? será que não é possível gostar de um filme sem concordar com o tema? tem gente que só enxerga em branco e preto.
Desculpa ai Romao, mas eu penso que o Gaspari não surtou não!!!!
Ele deixou muito claro algo que eu não só presenciei mas também vivi aqui mesmo, sabia?
Com certeza! Obama lá e Bush aqui.
Com certeza... é assim que muitos pensam... e olha que o Gaspari nem deu uma volta aqui pelos "Bad blogs...hehehe"
Roberto,
Ótimo post, e muito boa a sacada do Gaspari...
Sugiro aos comentaristas e leitores que busquem na internet, os vídeos e fotos, assim como comunidades de relacionamento que apresentam, em preto, branco e vermelho-sangue, a triste realidade dos abusos cometidos pelas nossas forças de combate a criminalidade violenta...
E não se trata de denúncias, ou reportagens...são registros da própria "tropa", em uma demonstração clara de quem, não só pratica, mas entende como legítima a supressão de direitos...
Tudo com o aval da sociedade, e dos gestores...
Lógico, que o discurso para as câmeras, dependendo da audiência, é diferente...
Mas pergunto: como pode uma polícia se orgulhar de blindados que se chama "caveirões"...?
Alguém já percebeu que nossos policiais patrulham as ruas das nossas cidades com armas de guerra: M-16(AR-15, para os leigos); FAL 7.62; AK-47, etc, etc...
Dirão os adeptos da polícia-milícia que os bandidos possuem armas até mais potentes...
Pois é...primeiro a gente deixa entrar as armas, para depois, num círculo vicioso tentar um confronto...Uma beleza, principalmente para a indústria de armas, que de um lado afrouxa no contrabando, e de outro vende para os governos...um ótimo negócio...
Ahhh, mas enquanto o conflito permanecer restrito as favelas, tudo bem...!
Oh Xacal, isso mesmo! Muito boa a sua colocação! E esta do "preto e branco e vermelho sangue" ... foi na bucha!!! ( afinal, é com xis ou ch? Aaaai... não tem jeito para mim...)
Valeu, Xacal!
Foi quase impossível avancar no debate sobre aquele filme dado o calor e a enorme adesao que ele produziu, a despeito de seus produtores pretenderem chocar o público. Na verdade quem devia ficar chocado é quem pretendeu chocar, pois, com o romaro pergunta, é impossível gostar do capitao nascimento sem expressar uma forte adesao às práticas facistas de tortura que ele e o BOP representam. O chocante é constatar que os aplausos do filme mostram a face facista da sociedade brasileira.
Tropa de Elite, o filme, não mostra só as sessões de tortura com saco plástico - deploráveis - traz também uma denúncia sobre quem de fato alimenta o tráfico de drogas. Aí cabe a discussão sobre a liberação, o consumo só por diversão, dá o que falar...
Torres, desculpa, mas vejo diferente de você. Não vejo a sociedade brasileira com face fascista. Vejo a sociedade brasileira mais como reflexo de uma mídia "facista". Não é uma mídia que reflete uma sociedde, mas uma sociedade que acaba copiando para não ficar como "fracos".
A maioria do povo brasileiro reflete o que ouve e vê.
Se tem um povo com uma "face facista", isto se deve aos meios de comunicação aqui incluo os bad blogs também.
Parece que o bem, o bom, o honesto, o verdadeiro, o transparente, não dá IBOP.
Mas, olha... eu penso que a "coisa" tá mudando, hein! O bom, o verdadeiro, o humilde, o íntegro, o honesto, a paz, o amor, a alegria, o perdão... Estão em alta!!!!
Muitos já estão buscando estes lados...
Basta ver o povo de Ipanema com o "Obamiss" da Vida.
Basta ver
Eles querem os "Obamas" aqui também.
E olha, quando uma parte do povo busca em Obama o que estava no Mussum, está buscando o lado humor.
Humor é graça.
Graça é coisa de Deus.
É isso.
Se parece que surtei e que saí do assunto, me perdoa e...
Viva os Obamiss!!!!!
A projecao no outro é um recurso tao antigo como a própria humanidade. Sao inumeros os exemplos históricos em que os agrupamentos humanos "explicam" e "resolvem" suas pendengas jogando para fora a causa do problema. Assim foi que os alemaes escolherem os judeus como responsáveis pela miséria do país no pós-primeira guerra, assim que nossa cultura política dominante diz que o Estado, o governo, "eles", os políticos condensam todo o mal que nos aflige. Os conflitos, contradicoes e dilemas que envolvem todos nós em nossa dia a dia, quando no mínimo somos cúmplices com a tortura do Estado, sao empurrados para outro. Ao contrário dessa visao ingenua e oportunista, acredito que a mídia, por mais que tenha um poder de formar opiniao enorme, reflete sim consensos que sao também nossos enquanto sociedade. Claro que também é vago falar da sociedade como se ela fosse um ente homogeneo com interesse e vontade iguais. O que há é uma luta silenciosa e de interesses, mais ou menos pacificada em consensos que quase ninguém percebe, onde algumas classes sociais fazem o servio sujo para outro. A alta classe média, de Ipanema e etc, pode ser percebida como afastada da matanca facista porque uma pequena burguesa encuralada é obrigada a entrar na polícia e fazer o servico sujo de punir a "ralé".
A visão em branco e preto a qual me referi se fez presente. Se alguém gosta do filme tropa de elite, é facista; se alguém gosta do filme Os últimos dias de Hitler, é nazista? se alguém gosta da interpretação de Patrícia Pilar da personagem Flora, é o que? assassino? mau caráter? "menas", pessoal. O filme tropa de elite é tecnicamente bom, tem fluidez, ação, prende o espectador. Entre reconhecer isso e concordar que preto, pobre e puta tem que ser tratado no cacete vai uma distância enorme. Gaspari jogou tudo no mesmo buraco e mandou ver. O cap. Nascimento amava sua profissão e a polícia, acreditava em seu trabalho, não queria deixar de fazer seu trabalho, mas se sentia sem apoio de todos para desempenhá-lo bem. Decidiu partir para a violência. E notem bem: ele queria matar tanto os bandidos quanto os maus policiais.
Quanto à violência como método de combate à criminalidade ou política de estado, estou fora. O Gaspari foi impreciso ao comparar uma política de estado (prisão de guantanamo e tortura) com um personagem de filme.
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