domingo, março 08, 2009

Sobre a BR-101

"Está iniciado o debate acerca dos procedimentos para a concessão da BR 101. A previsão é de que em janeiro de 2010 seja assinado o contrato com a empresa que ficará responsável pela gestão, envolvendo conservação, obras de manutenção e duplicação em todo o trecho entre o Rio de Janeiro e a Bahia – incluindo os 461 quilômetros que cortam o Espírito Santo. Após a primeira reunião, ocorrida em Vitória, os passos seguintes incluirão audiências públicas, em junho, para recebimento das contribuições e manifestações que resultarão na montagem do edital de concessão a ser publicado entre novembro e dezembro deste ano. Este é um assunto que foi iniciado e, em 2005, interrompido a pedido do governo estadual, da bancada federal e das organizações da sociedade capixaba. Naquele momento, entendíamos que as condições propostas não eram compatíveis com o que se considera justo com a população usuária, face os custos das tarifas de pedágio e a contrapartida de serviços em prazos muito alongados. Pagaríamos muito por uma baixa contrapartida, e ainda sem a duplicação. É indiscutível a importância da BR-101, pelas ligações com outros estados no transporte de cargas e passageiros, especialmente para um Espírito Santo que cresce acima da média nacional e necessita, cada vez mais, de vias duplicadas que garantam o escoamento das riquezas e desenvolvimento do potencial turístico do Estado, com direito de ir e vir com qualidade e em segurança. A experiência de outros estados mostra que os novos modelos de concessão se apresentam como a melhor opção para garantir que a BR-101 esteja à altura do Espírito Santo. É inadmissível que, além de travarmos a expansão de nossa economia, continuemos perdendo vidas e dinheiro numa rodovia saturada, mal sinalizada e precariamente mantida, que representa risco para todos. A capacidade de gestão pública para nossas estradas tem se mostrado insuficiente, da mesma forma que a indisponibilidade de recursos. Mesmo para os que argumentam a alta carga tributária, de 35% do PIB, – o que também consideramos excessiva –, lembramos que, nos anos 90, a incidência de tributos era de 24% e, nem por isso, tivemos solução para esse tema, que já nos asfixia. A experiência brasileira em concessões evoluiu muito nos últimos anos e nossa participação nesse debate é fundamental, envolvendo as entidades representativas do Estado, bancada federal, governo estadual e municípios, especialmente aqueles por onde passa a BR 101. Ouvir a população e o setor produtivo para fazer as adequações necessárias ao projeto inicial, sanar quaisquer dúvidas, dar transparência ao processo licitatório e, principalmente, garantir sua duplicação nos próximos sete anos, a partir de janeiro de 2010, é o nosso desafio". O texto acima é um artigo do deputado federal. Lelo Coimbra, do PMDB do Espírito Santo, e foi publicado na última sexta-feira no jornal capixaba A Gazeta e trata do trecho da BR-101 que corta aquele estado.

3 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente o que sempre ocorre é que as praças de pedágio são rapidamente construídas e as melhorias, duplicação, etc..., caem no esquecimento. É notório que nossas vias, construídas a décadas e décadas atrás, já não suportam o fluxo atual, por isso idealizamos a duplicação como a solução do problema. Por que não pensamos grande a ponto de reinvidicarmos outras BR's por exemplo? Será que não há espaço físico e recursos para tal? Meu nome é Adilson (o Pessanha)

Andre Pinto disse...

Vi o discurso do Deputado Lelo Coimbra, do Espírito Santo e fiz uma comparação com o discurso do Dep. Luiz Paulo, do Rio de Janeiro e tirei minhas conclusões de que Lelo Coimbra tem se preocupado mais com o fator humano, enquanto o Dep. Luiz Paulo mostrou preocupação com a questão meramente logística.

Parte do discurso do Deputado Luiz Paulo - RJ sobre a BR 101, diz o seguinte:

"Nesse plano diretor de logística - estão englobados os transportes -, que se examine com muita conseqüência o papel estruturador da BR-101 para o complexo petroquímico de Itaboraí. A BR-101 vai ligar o complexo petroquímico de Itaboraí com o complexo petrolífero de Campos e Macaé em direção ao norte, como também ao próprio complexo petrolífero da Bacia de Santos, que se estende a Vitória, ainda em direção ao norte. Mas a BR - 101 também vai interligar com São Gonçalo e Itaboraí, demandando ao sul/sudeste do nosso país."

E continuando, o Dep. Luiz Paulo complementa:

"Diante disso, faz-se necessária uma nova modelagem para concessão. Tudo aquilo que nos foi apresentado sobre o fazimento da concessão da BR-101 tem que ser rasgado e jogado fora, porque a função dela agora é muito mais importante. Vejo quase inexorável a duplicação da BR-101 de Itaboraí a Campos. É quase inexorável, mas a modelagem da concessão não previa. Para isso acontecer, não dá para ser somente uma concessão nos termos como está colocada, com recursos privados. Deveria ser uma PPP, isto é, uma parceria público-privada, em que entrassem recursos federais, do CIDE – Contribuição da Intervenção do Domínio Econômico - e recursos privados. Para duplicar a BR-101 de Itaboraí a Campos, não há retorno de investimento como recurso privado. O pedágio teria que ter um valor tão alto que não haveria fluxo. Para ser um pedágio baixo e haver a duplicação, teria que haver investimento privado e público. Diria, até, que o investimento público será muito maior do que o investimento privado.
É hora de o Governo ouvir, nas audiências públicas, as demandas das comunidades lindeiras à BR-101, considerar um plano diretor de logística para o complexo petroquímico e aí fazer a modelagem da parceria público-privada da BR-101. Estou falando especialmente da BR-101 por causa desse dado novo que é o complexo petroquímico de Itaboraí".

Louváveis as observações do Dep. Luiz Paulo. Tanta empresa, tantos complexos industriais, tanta fortuna às margens da BR 101. Como morador de São João da Barra, que não faz confrontação à BR 101, digo que sentiremos o impacto seja ele qual for, na melhoria ou provável duplicação da BR 101. Só quero exemplificar, como sobrevivente da rodovia da morte - tive um grave acidente em 2007, com sequelas, no trevo de Macaé e com óbitos - que a duplicação da mesma é questão de ordem moral para o Estado do Rio de Janeiro, não por causa de meros Planos Diretores Logísticos, mas pelo fato das estatísticas demonstrarem que os acidentes de trânsito alcançaram índices elevados absurdos e progressivos a cada ano.

No entanto, ad argumentandum, a importante logística que o Deputado Luiz Paulo menciona em seus discurso, deve ser priorizada e antecedida ao fator HUMANO, pois a rodovia BR 101 não é e nem será só para cargas e sim para transporte de vidas humanas que se cruzam nas curvas do estreito e sinuoso asfalto a cada instante, muitas sem chegarem a seus destinos, como sabemos, bem como para os lindeiros que não têm acesso à passarelas e outras seguranças mais, como trevos inteligentes etc.

Que venham as Audiências Públicas!!!

Abraços
Andre Pinto
São João da Barra

Roberto Moraes disse...

Caro André,

Boa lembrança e observações trazidas para o comentário. O lamentável é que durante oito anos diversas entidades da sociedade civil lutaram, fizeram seminários, participaram de audiências públicas, chamaram a atenção para todos os aspectos que estão listados no discurso do deputado e, em nenhum momento ele e nem outro se dispuseram a encontrar estas soluções.

Concordo que não se deva entregar os pontos, mas é verdade que perdemos a principal oportunidade.

Também não posso deixar de lembrar que o partido do deputado Luiz Paulo tentou fazer a concessão em 2000/2001 que se levada a cabo, o pedágio hoje estaria na faixa dos R$ 7,00 a R$ 8,00 e só foi impedido processo de concessão desta época de FHC após Ação Civil Pública movida pelo MPF após provocação e representação da Ong Cidade 21, Acic, OAB, Anfea e Famac.

Bom que o debate e a luta por uma concessão mais justa pela população seja encontrada. Até a montagem de um consórcio, numa espécie de PPP em que o governo federal, estadual e municípios pelo governo partilhassem recursos com a iniciativa privada com menos praças e valores mais módicos de tarifa e, especilamente a duplicação completa fosse feita mais rapidamente, mas a intenção foi pelo ralo, porque o governo estadual da época se negou a discutir o assunto, dizendo que o problema era da esfera federal e ponto.

Portanto, não se pode apagar estas e outras iniciativas que foram tentadas para impedir a concessão que ainda foi menos pior do que a planejada pelo PSDB/FHC.

Sigamos em frente nesta empreitada. Os acidentes continuam em grandes proporções, mas, hoje, pelo interesse da Auto Pista são bem menos divulgados, deixaram de ser manchetes, etc.

Os investimentos para a região que o deputado se refere foram inúmeras vezes citados, por este próprio blogueiro em audiências públicas e em reuniões com ministros e outras autoridades federais e estaduais e...

Que a lição sirva de aprendizado e que não deixemos de lutar pelo que ainda é possível em termos de redução de impactos para nossa população, mas não caiamos nos discursos daqueles que só agora aparecem para o debate.

Bom André que você tenha trazido à tona esta observação complementar á posição do deputado capixaba. Este debate foi o objetivo do post.

Abs,