Leite derramado em plena semana santa repleta de canjica!

O blog não pretende, até pela sua incapacidade, fazer uma crítica literária do novo livro do Chico Buarque "Leite derramado", mas apenas um breve comentário da literatura que ajudou a descontrair e enriquecer o seu final de semana da Páscoa. Um livro de 23 capítulos e 196 páginas que, assim como os livros do prêmio Nobel José Saramago que tem pouquíssimos parágrafos, neste, o Chico decidiu eliminar os parágrafos num relato só interrompido pelos capítulos. O fato, ao contrário do que se pode num primeiro impulso imaginar, ao invés de cansar, estimula o leitor a seguir adiante. O texto leve descreve o relato de um ancião em seu leito final num hospital, a lembrar de sua vida, em que amarguras e decadência se misturam a descrições atemporais misturadas a esperanças de novos e improváveis fatos. Assim, o autor chamou a atenção de como a nossa vida se esvai pelos dedos dos dias que passa, um após o outro, invariavelmente... Na verdade mais que amarguras, a leitura de um texto cheio de metáforas do intestino do cotidiano de uma pessoa comum, mostra um autor erótico sem pornografia, com as histórias de uma vida que poderia ser a de qualquer mortal. Como aperitivo para um possível leitura o blog separou esta bela metáfora da página 145: “Para mim, o advento da criança era sem dúvida notícia alvissareira, se bem que um bisneto sempre vai nos parecer um ser familiar e ao mesmo tempo tão estranho, como o rio da nossa cidade, léguas adiante”. Enfim, uma ótima sugestão de leitura para os feriados que se apontam no horizonte.