65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, abril 03, 2009
Morre o jornalista e ex-deputado Márcio Moreira Alves
Para aqueles que como eu estão na faixa dos cinquenta anos, o Márcio, e sua história de resistência à ditadura no Congresso Nacional, que lhe valeu o mandato de deputado federal, era uma espécie de ícone, pela coragem e também pela determinação em defesa da democracia. A sua oratória era elogiada, mesmo muitos anos depois, sem ouvir sua voz.
De ícone fui descobrir, na minha maturidade, o bom jornalista que era. Nos dez anos que passou no jornal O Globo como colunista político, ele me fez, apesar da resistência, trocar a assinatura do JB pelo jornal dos Marinho, basicamente pela sua escrita, diária ou em seis dias, dos sete da semana. Ali descobri depois de muitos e antes de alguns, que um colunista traz e segura leitores para um jornal.
Mais que as análises políticas, suas colunas traziam exemplos de políticas públicas que deram certo em algum lugar do país. Assim, dizia que para conhecer o país era preciso andar, amassar barro. Hoje talvez seja difícil pensar em colunistas que saem da redação para produzir os seus escritos.
Pessoalmente estive com ele em 2000, num Congresso sobre Cidades, Gestão de Cidades, realizada em Vitória. Lá, ele participou de uma mesa relatando algumas destas experiências positivas que deram certo por aí. Marcio já dizia e reclamava disso que a imprensa brasileira tinha um desvio, de quase exclusivamente, publicar notícias ruins.
Estávamos na época organizando a Ong Cidade 21 e tentamos trazê-lo para um papo destes nesta planície, em que o dinheiro dos royalties começava a jorrar e as boas idéias eram escassas em termos de políticas públicas.
Lamento que o Márcio não tenha tido agenda, sempre muito disputada, para estar por aqui. Muitas destas boas colunas fiz questão de guardar em recortes e depois em seus livros que faziam a compilação das melhores colunas. Recordo-me de dois deles: "Histórias do Brasil Profundo" e "Sábados Azuis".
Confesso, que naqueles escritos comecei a ter prazer em discutir a questão da gestão das cidades. Ali acabei aprendendo o pouco que aqui tenho usado como elemento de discussão em uma região, onde os gestores parecem não querer discutir e nem ouvir opiniões. Por tudo isso, posso dizer, sem que ele tenha sabido, que o Márcio foi meu professor. Márcio Moreira Alves uma passagem digna de quem travou o bom combate!
PS.: Foto do site de Márcio.
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3 comentários:
Roberto aproveitando a credibilidade do seu blog gostaria de fazer um alerta a prefeita Carla Machado sobre a conservação da passarela estaiada em Grussai que se encontra com auto grau de corrosão nos cabos de sustentação (estau) o que poderia causar um grande acidente caso este se rompa.
Márcio Moreira Alves foi um homem público valente e guerreiro. Pugnou sempre com nobreza e destemor numa época nefasta da nossa História. Tive a honra de conhecê-lo pessoalmente no final dos anos setenta, no Rio de Janeiro e também fui um leitor voraz de suas colunas sempre bem escritas e num linguajar acessível à qualquer cidadão.
O Brasil fica menor com a ausência física de Márcio Moreira Alves.
Caro Roberto
Tb tive a honra de conhecer Márcio Moreira Alves, qdo eu militava nos anos 80 na Associação de Moradores que reunia Flamengo, Largo do Machado e Santa Teresa e tive inclusive participando de uma reunião na casa dele que era no chamado Parque Guinle. Era impressionante a empatia dele que depois, como vc salientou, transformou-se num dos melhores cronistas do Brasil que pode dar certo!! Simplesmente uma perda terrível tanto pela sua história quanto pelo trajetória depois
Nelson Crespo
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