65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sábado, maio 16, 2009
Resgatando o indivíduo para resgatar o Estado
O Estado é a concreção da consciência e da intencionalidade do indivíduo, enquanto ser social, na sua tarefa de coexistência. Quando falamos em Estado nos referimos à instituição política e juridicamente organizada que compreende união, estados membros e municípios, sobretudo, - e é o enfoque que queremos dar-, em sua esfera administrativa, parte que nos toca e que podemos tocar, compreendida pelos poderes Executivo e Legislativo.
Voltando à reflexão de início, temos que o Estado é convenção humana, contrato social com vias de possibilizar o convívio mútuo já que, empiricamente, percebemos a natureza humana, prioritariamente, como negação do outro.
A configuração do Estado, portanto, se perfaz antes de um panorama coletivo, mas de uma idéia, uma concepção de indivíduos posta em perspectiva coletiva.
O Estado Democrático de Direito caracteriza-se por ser ficção jurídica de um governo exercido pelo povo que submete, povo e Estado, a uma ordem jurídica que conferirá poderes-deveres ao Estado e direitos, deveres e limites aos seus concidadãos. Ressalta-se que o Estado não é fundamento do Direito ou da democracia, que são, como o próprio Estado, frutos da intencionalidade humana.
O intuito de frisar essa premissa é analisar as desvirtudes dos poderes do Estado, originadas, antes de tudo, na desvirtude da consciência individual, deflagrada coletivamente em aperceber-se formadora e transformadora do Estado, tanto por intencioná-lo, quanto por, em fazê-lo, não destituir-se de sua capacidade de indivíduo intencionador e formador.
Historicamente é possível analisar a proporcionalidade da maior atuação do Estado concomitante ao esmorecimento das ações dos indivíduos. Qual teria sido a última grande manifestação popular voluntária? E os grupos de controle social do Estado? Onde estão as ONGs mantidas por capital privado? Instituições sem fins lucrativos? E as missões das igrejas?
Hoje o problema do desabrigado, da saúde pública e do próprio Estado viraram problemas do Estado. Essa aculturação da infalibilidade e onipresença obrigatória do Estado e a conseguinte perda psicológica por parte do individuo de sua essência, origem formadora, faz referendar o próprio ocaso da prestação estatal.
Urge buscar as origens na construção de um ambiente mais cidadão, voluntário e fraternal.
Numa próxima postagem falaremos do controle social e exemplos de como e onde isso funciona como medida a tornar mais representativa nossa democracia, bem como mais democrática nossa representatividade.
*A presente postagem compreende outras 2 que serão postadas nos próximos dias, tratando de controle social e do projeto AMARRIBO.
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6 comentários:
Ler esta frase aqui:
"Urge buscar as origens na construção de um ambiente mais cidadão, voluntário e fraternal", é sentir que há esperança! Sim, Roberto, há esperança!Uau! Que bom! É isso.
Estou vivendo um momento de grandes contrastes. Um local que que é apresentado para o mundo como o "lugar forte" da cultura, onde a cidade-ilha pára e recebe milhões para três dias. Depois é lixo, aids, prostituição,drogas e desgostos.
Este ano, este "local Cidade-ilha" está vivendo uma enchente que só foi assim em 1953 e isto faz com que a festa popular corra o risco de não acontecer. Mas... aí... os patrocinadores já disseram: "Vai haver sim". E isto parece que é bom, mas na verdade o dinheiro que vem para a festa deveria vir sem a festa para atender as inúmeras necessidades. Sem contar que esta festa deixa um rastro de miséria, e tudo o mais que uma cidade jamais gostaria de ter.
Sentar e conversar com os moradores da região,ouvir a verdade por trás dos fatos, é sentir amargura de uma política podre, de um comércio sujo e de uma falsa alegria. Cidade? Parintins!
Um convidado muito especial
A festa de aniversário de Anthony Garotinho, três semanas atrás no Rio de Janeiro, foi pequena. Cerca de 40 pessoas presentes. Mas teve um convidado muito especial: Edison Lobão que, esforçado, pegou um jatinho no Maranhão para dar os parabéns ao aniversariante. Lobão é o articulador de negociações de reconciliação entre o governo Lula e Garotinho. Em resumo, só se pensa nas eleições de 2010.
Como Débora, uma das comentaristas , paro e penso numa das frases de seu comentário, Prof. Roberto Moraes:
"Urge buscar as origens na construção de um ambiente mais cidadão, voluntário e fraternal."
Talvez, divague por outro caminho mas, vamos lá; que cidade é essa que tem tantos problemas com o social? A imprensa estampa, mostra, prova e comprova a indiferença com as criaturas. Passeando com o meu pensamento chego até a Associação de Proteção e Orientação ao Excepcional(APOE). Observo a obra, no resgate que exerce no cidadão diferenciado, a luta pela sobrevivência com o quadro restrito de funcionários e começo a me desencantar com as promessas, com os sonhos de políticos mentirosos que ainda tentam fazer do eleitor seus fantoches. Como sobreviver com uma ajuda tão irrisória da Prefeitura, como levar um projeto de melhoria para o deficiente? Vou noutro lado e vejo o trabalho ardoroso da Fátima Castro com a Casa dos Irmãos da Solidariedade.E passeio mais , vejo as ruas entulhadas de seres humanos jogados ao léu. Na Pelinca, dentre tantos há um rapaz morrendo a cada dia nas portas de casas e bares. Muitas lojas de shopping, de grifes famosas contaram com seus serviços como decorador.Olho na Beira Valão vejo os adolescentes marginalizados, envolvidos com drogas, com o crime, crianças sob o poder de "pais" drogados. Canso de ver tanta coisa e na minha "inutilidade" aparente descansar minha poesia por uma cidade mais alegre e mais dígna. Nossa Prefeita foi esperança pura quando uma fração considerável da sociedade respondia que não seria ELA a ter o domínio de tudo.Abaixo os olhos, não desejo fazer crítica que não seja construtiva mas, uma análise forçada a partir das observações diárias da cidade. Campos não merecia passar por tudo isso. Desculpe-me o desabafo. Como sei que você, Prof. Roberto Moraes, tem um olhar diferenciado para as questões sociais tomei a liberdade de postar meu comentário. Obrigada.
Aos comentaristas, o blog informa que o texto da postagem, como pode ser visto abaixo do mesmo, é do articulista e colaborador do blog Bruno Lindolfo.
Sds.
Realmente! Tenho que estar bem atenta para não ser injusta. Detesto ser injusta e fui com o Bruno Lindolfo. Minha "desatenção" foi feia e nada fraternal... Perdão, Bruno!
Rosângela enquanto Débora.
É preciso mesmo resgatar o indivíduo...Só assim!
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