65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, junho 01, 2009
Desagravo recebido
O blogueiro recebeu uma simpática carta de desagravo da professora Cibele Daher. Pensei em guardar a sua gentileza, mas ela insistiu em tornar pública esta sua posição. Agradeço sua preocupação com aqueles que comungam ideais de boas políticas públicas.
"Carta ao professor Roberto Moraes"
Campos dos Goytacazes, 31 de maio de 2009
"Caro Roberto,
Ao longo dos últimos meses de 2009, tenho procurado falar e me posicionar sempre como Cibele Daher, Reitora do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense (antigo CEFET Campos), e tenho tido um cuidado extremo, pois sei que represento um número grande de pessoas que me elegeu e que espera de mim um comportamento equilibrado e sempre em defesa da instituição.
Por este motivo, tenho procurado ser sempre institucional em todas as entrevistas que tenho dado, nos documentos, enfim nas idéias que expresso, sempre a favor de um projeto de educação pública profissional e tecnológica em que muito acredito, historicamente, e, não somente agora em que a condução deste projeto encontra-se sob minha responsabilidade.
Tenho acompanhado as manifestações de todas as pessoas que têm se expressado publicamente, desde a Carta Aberta do professor Jefferson Azevedo, e as entrevistas que se seguiram do professor Luiz Augusto Caldas Pereira, depois do professor Paulo Caxinguelê, hoje do Rafael, representante do Grêmio Estudantil e, também as manifestações feitas pelo próprio Aluísio Abreu em sua coluna Ponto Final.
E, resolvi hoje, não falar como a Reitora do IFF, mas como a professora Cibele Daher, cidadã, compromissada com a educação e com os princípios democráticos e éticos que ao longo de minha vida enquanto educadora procurei prezar nas minhas relações cotidianas com os meus filhos e a minha família, com os meus alunos e colegas professores, meus mestres, desde que fui estudante de escola pública, porque foi aqui nesta cidade que me eduquei e que permaneci, sempre acreditando nas possibilidades que estavam por vir.
E também por isso, resolvi registrar aqui a minha indignação pela forma truncada e desrespeitosa com que têm tratado pessoas de caráter elevado como o professor Roberto Moraes.
Você e outros sabem que não foi sempre que estivemos próximos em momentos de gestão. Cheguei à antiga Escola Técnica Federal nos idos de 1976, bem antes de você. E sempre disse a amigos e colegas de outras instituições, que foi lá que eu tive a oportunidade de compreender a importância de não apenas ser produtivo nas aulas e nas metodologias de ensino, mas de, sobretudo, compreender a relevância de se pensar e fazer educação que se colocasse também a serviço da construção da cidadania. Sempre lutamos eu, você, o professor Luciano D´Angelo, o professor Luiz Augusto e muitos outros colegas primeiro pela conquista democrática, pela participação efetiva dos servidores e alunos como atores principais na construção das políticas internas de gestão. Depois, pelo crescimento vertical da instituição, pelo seu reconhecimento na sociedade, em tempos difíceis em que não tínhamos certeza do dia seguinte, se continuaríamos federalizados ou não. Melhoramos nossa oferta de cursos, aumentamos nossas possibilidades de inclusão social. Viramos CEFET Campos, depois Instituto Federal Fluminense, aumentando a nossa responsabilidade e abrangência.
Penso, Roberto, que somente chegamos onde nos encontramos por causa do trabalho coletivo. Acredito no carisma, nas lideranças, mas, sobrepõe-se a estas qualidades, o trabalho coletivo. Especialmente na gestão pública, em que o convencimento é a maior arma que o gestor pode usar.
E é por isso, Roberto, que eu quero publicamente registrar e falar sobre algumas coisas que ainda não foram faladas, porque o reconheço como uma liderança extremamente importante para Campos e também para a nossa instituição.
Em 2007, numa conversa entre quatro paredes com o professor Luiz Augusto, toquei neste assunto com ele, e ouvi a concordância dele, inclusive tendo ele feito de forma veemente uma defesa de seu retorno à gestão, agora comigo, já eleita, pois sabia o professor Luiz Augusto do seu potencial técnico e da sua capacidade como elemento agregador de pessoas e de idéias.
O IF-Fluminense assim como os demais Institutos no Brasil tem usado e muito a experiência daqueles que como você Roberto, tão bem contribuíram com a Rede Federal. Assim é o IF São Paulo, o IF Rio Grande do Norte, o IF Espírito Santo, entre outros. Vejo que são aqueles dirigentes mais experientes que têm tido a incumbência pela própria SETEC de ir implantar os novos Institutos Federais, em locais em que nem Escolas Técnicas antes nunca tinham existido.
Reconheço ainda em você como ser humano, cidadão e gestor, princípios que andam esquecidos em nossa sociedade, sempre pautada pela disputa de poder, de dinheiro, pela pressa, pela superficialidade, pela fragmentação, pelo espetáculo. Você tem lutado heroicamente e diuturnamente, por fazer valer os princípios da lealdade, da verdade, da firmeza de caráter, do cuidado com o bem público, além de, a cada dia se emocionar com os jovens servidores que aqui têm vindo trabalhar, demonstrando alto espírito público e de humildade, também comprovado no tempo imenso em que você permaneceu fora da gestão institucional, dando ao então diretor, o professor Luiz Augusto, a liberdade e a autonomia para construir o seu mandato da forma como achasse mais produtiva e eficiente.
Embora discordasse às vezes de encaminhamentos, nunca usou do seu lugar conquistado, do seu patrimônio de ter sido um excelente dirigente a ponto de fazer o seu sucessor, para impor condições ou para retirar a autonomia de quem estava a conduzir a instituição. Aí, professor Roberto Moraes reside a verdadeira democracia, o verdadeiro cuidado com a instituição, a verdadeira compreensão do que é respeitar a instituição, do espírito desarmado e aberto ao diálogo e aos novos tempos.
Pela sua histórica contribuição à educação pública profissional e tecnológica, pelo seu exemplo como gestor desapegado ao poder, pelo belo espaço conquistado com o seu blog que tem dado voz a tantas pessoas de diferentes segmentos econômicos e sociais, quero dizer a você Roberto, agora como a Reitora do IF- Fluminense que louvo o seu retorno e agradeço que você tivesse aceitado o meu convite para atuar na minha gestão, porque assim como o Presidente LULA em sua entrevista à revista Época afirmou que “um governo não é feito para quem governa e que o maior legado que um governo pode deixar para um país é deixar uma nova relação do governo com a sociedade”, vejo que, coincidentemente, é o que temos buscado nesta nova gestão. Acredito que este é o nosso papel principal enquanto cidadãos e educadores, e você, professor Roberto Moraes é peça fundamental para este novo momento institucional.
Cibele Daher Botelho Monteiro
Reitora do IF-Fluminense".
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12 comentários:
Bravo! Deus abate os soberbos e exalta os humildes. Está escrito.
É fato!
Por favor, Roberto, não deixe de postar. E parabéns!
Rosângela enquanto Débora.
Professor , aceite o meu lenço virtual!
Parabens!
Quem quiser contestar , que procure a senhora reitora Cibele.
Apoiada. Nesta cidade já são poucos com coragem para falar. Querem ameaçar estes para evitar outros.
É como diz o blog: sigamos em frente!
Parabéns aos corajosos, aos destemidos diante dos enfrentamentos diários. Prove e comprove, Prof. Roberto, sua honestidade diante do poder público.
Prof. Roberto
Este comentário faz referência a notícia "Desmascarando quem tenta mentir sobre a transição no IFF” e começo reproduzindo o que voce mesmo colocou ao final da notícia: “...e veja a comprovação de todas as mentiras que vem sendo repetidas há mais de um mês neste veículo das mentiras.”
Aproveitei e fui ao nosso companheiro, quando recorremos em alguns momentos de dúvida o Wikipédia, onde está definido que “Mentira é uma declaração feita por alguém que acredita ou suspeita que ela seja falsa, na expectativa de que os ouvintes ou leitores possam acreditar nela”. E mais “Uma pessoa que conta uma mentira, em especial uma pessoa que conta mentiras com freqüência, é um “mentiroso”.
E aí, só posso chegar à conclusão de quem é o mentiroso...
Vamos aos tópicos de notícias abaixo (com a indicação da página do IFGoiás), sobre a eleição do reitor do Instituto Federal de Goiás, que comprova, contrariamente ao que você colocou em seu blog, que a eleição no IFGoiás ocorreu em março/2009, numa decisão da direção geral de antecipar o processo eleitoral, já que o mandato do prof. Paulo César Pereira encerraria no meado do ano de 2009, demonstrando claramente a posição do prof. Paulo em favor dos processos democráticos (coisa que por aqui, no nosso IFF, não encontra adeptos por parte da Reitoria.
Vamos lá às noticias com suas respectivas datas:
1. “Escolhidos os membros das comissões Eleitoral e de Ética”- 19/02/2009: http://www.ifgoias.edu.br/index.php?start=66
2. “Comissão divulga calendário eleitoral” – 27/02/2009: http://www.ifgoias.edu.br/index.php?start=63
3 “Dois candidatos disputam a eleição para reitor do Instituto Federal de Goiás” – 06/03/09:http://www.ifgoias.edu.br/index.php?start=60
4. “Novo reitor será escolhido amanhã” – 16/03/09: http://www.ifgoias.edu.br/index.php?start=54
5. “Com 73,59% dos votos, Paulo César Pereira é eleito reitor do IFG” – 18/03/09:
http://www.ifgoias.edu.br/index.php?start=51
Roberto Moraes.
Sabias palavras da Reitora Cibele Daher.
..."e você, professor Roberto Moraes é peça fundamental para este novo momento institucional."
Parabens !!!
A(o) comentarista das 08:28:
Em primeiro lugar seria de bom tom, que quem pretende identificar mentiras no que outro fala, deveria ter a dignidade de se identificar e não ficar se escondendo atrás de comentários anônimos, perfil de quem, não tem certeza do que afirma ou quer apenas a confusão como os do contra conhecidos desde quando se possicionaram contra a cefetização.
Em segundo lugar o comentário deveria estar na nota a que se referiu e não neste espaço, a não ser que o desagravo te desagrade.
Em terceiro lugar volto afirmar que o seu comentário tenta passar uma nuvem de confusão com novas mentiras que não entram nos argumentos límpidos da nota referida.
Em quarto lugar evitar confusão que o seu comentário pretende instalar quanto ao caso do IFGoiás. Lá o mandato do reitor acaba este ano. O da reitora do IFF vai até janeiro de 2012.
Em quinto, lá em Goiás, ao contrário do que disseram, as eleições dos diretores dos campi ainda não foram feitos, porque aguarda a aprovação do Estatuto e do PDI como é o caso daqui do Campus Centro e do Campus de Macaé. Mais, aqui, o início do processo de discusão amplo e democrático começou bem antes do que o de Goiás.
Antes de terminar outra observação, a aleição antecipada do reitor (que volto a repetir tem o mandato encerrado este ano) não tem amparo legal porque foi feito sem a base legal do estatuto, ainda não aprovado e sem a supervisão do novo Conselho Superior definido em lei.
Não é preciso ir ao dicionário ou a wikipédia saber o que é mentira, ou o que são mentiras. O seu comentário já é lapidar em termos de exemplos.
Podemos ir além: vocês disseram que aqui em Campos, a comissão só teria sido lançada depois de entrevista em jornal, o mesmo impresso, sem graça, teve que retificar na edição de hoje, que o Grêmio foi notificado da comisssão bem antes da citada entrevista ser publicada.
O debate democrático está aberto, porém, sem sofismas, mentiras e agressões. O que não se aceita é golpe. A reitora foi eleita e vai continuar a cumprir com equilíbrio, determinação e responsabilidade o seu mandato na íntegra.
Deixem o arrivismo de lado. Cada vez mais amplamente, dentro e fora do IFF as pessoas estão se dando conta dos interesses e das alianças feitas por quem quer o poder pelo poder.
Nenhum, repito, nenhum questionamento de conteúdo, de mérito sobre a gestão do IFF foi até agora exposto para justificar a tentativa de desestabilizar a gestão atual da instituição.
O IFF segue seu caminho superando as mentiras e o arrivistas que não querem respeitar o resultado que elegeu a professora Cibele como reitora com 63% dos votos.
Sds.
Professor Roberto,
Bom que a Reitora do IFF, Professora Cibele tenha vindo a público explicar detalhes desta confusão que o Cefet vem passando. Isto vai servindo para a gente entender e tomar posição sobre os destinos desta nossa escola. Sou aluna do Cefet ouvi um professor falando um monte de coisas com uma raiva que me fez desconfiar. Ouvi outros professores, procurei alguns funcionários antigos e agora lendo aqui sobre o que se passa, eu vou entendendo melhor e separando as coisas. Tem gente que quer mandar, eles não estão pensando na gente, nos alunos, na melhoria da educação. Tem muita coisa para ser feita no Cefet, ou IFF,ainda não me acostumei... mas eu tenho que reconhecer que o crescimento é muito grande e a gente sempre tem espaço para colocar nossas reclamações. A direção de ensino é espetacular. Fui aluna do Técnico e agora sou de engenharia e sempre sou bem atendida. Que vocês tenham força e contem com meu apoio para o nosso cefet não perder o rumo.
Caro irmão Roberto,
Você está mais uma vez demonstrando seriedade, coerência, ética e solidariedade. Transmita a Profa Cibele os meus votos de uma grande gestão.
Bravo! Bravo! Cara reitora lhe aplaudo de pé! Parabéns a Cibele por estar conduzindo com tanta dignidade esse momento conturbado, sem ceder a pressões externas impregnadas de interesses escusos. Neste momento como aluna do IFF sinto orgulho ter votado na professora, toda essa postura firme me prova que votei em uma pessoa integra e não em marionete.
Parabéns Cibele o IFF se orgulha de você! Parabéns professor Roberto, és um grande homem!
A cada capítulo desta grande história da nossa querida ex-ETFC, hoje IFF, podemos afirmar o quão importante está se tornando este projeto para o aperfeiçoamento de nossa gente.
A Professora Cibele em seu pronunciamento fortalece definitivamente a idéia de que não basta mais uma ação deslocada e desfocada da realidade, ou um discurso inflamado e bem articulado na mídia, para fazer valer "valores" outros dentre aqueles que sabem bem o que querem e aonde desejam chegar.
Parabéns, Professora Cibele e Professor Roberto Moraes, pela determinação da luta, pela coragem transparente dos fatos e pelas lições de madura cidadania institucional.
A construção de espaços democráticos não se confunde com o democratismo retórico praticado em larga escala nestas bandas provinciais.
Se por um lado os atrapalhados midiáticos, que apostam na confusão, desviam energia fundamental desta equipe...arrisco afirmar que esta adrenalina adicional irá sim consolidar uma proposta cada vez mais consistente e rica no sentido e caminho daquilo que vocês idealizaram, acreditem!
Acompanhando de fora os fatos dessa cruzada da publicação diária, que ainda se arvora em proclamar-se jornal, desse ímpeto “investigativo”, desse interesse "momentoso" que tomou de súbito a publicação pelo IFF, podemos chegar a algumas conclusões.
Inicialmente, podemos ver o assunto sendo tratado ao arrepio da boa técnica jornalística. Compraram ou venderam – vá saber – uma história com características e princípios caros e sensíveis a todos nós: democracia, voto direto. Sem consultar a lei, institucionalizada, ou ao menos buscar ouvir o outro lado, acusaram a reitoria de caudilhismo.
Explicados os fatos e o Direito por parte da Reitoria, partiram para o ataque pessoal, dando lugar e espaço para velhas e conhecidas cassandras, debulharem seus rosários e proferirem ataques pessoais usuais. Esse fato me foi bastante recordativo. Lembrei-me do tempo em que não aprendi funções, mas me pós graduei em “críticas à Cefetização”.
Hoje ela é recepcionada com alvíssaras. Eu também não me aprofundei nos meus estudos de matemática. Ainda bem.
Dando seqüência à incoerência e má fé da publicação, o caso que se pintou enorme, escabroso, afrontante à democracia termina com uma entrevista com o presidente do Grêmio. Entrevista que, a propósito, merece meus cumprimentos ao entrevistador, que conseguiu fazer do assunto chegada ou não do PDI ao Grêmio matéria jornalística que pudesse ocupar página inteira. Aliás, PDI que o entrevistador e sua publicação desconheciam, ignoravam e que é, justamente, fator que confronta toda essa estória que compraram ou venderam há algumas semanas.
Hoje fico sabendo que o presidente do Grêmio, por má fé ou alienação, afinal, não sabe o que se passa dentro da própria instituição que preside, recebeu sim o tal convite ou aceite para participar da formulação do PDI, do Estatuto muito antes do que dissera.
Causa vergonha alheia a decadência da publicação que, contradita por si, montou um picadeiro e serviu-se de atração principal.
Qual será o próximo espetáculo?
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