domingo, junho 14, 2009

“Fontes murmurantes”

Abaixo, ainda, uma outra análise da repercussão do debate sobre o blog da Petrobras feita pelo colunista, Marcelo Mirisola, do site “Congresso em Foco”. O destaque no último parágrafo é deste blog: “Há uma quebra de contrato ao divulgar as informações de que os jornalistas dispõem, não raramente peças de quebra-cabeça ainda em formação”. Igor Gielow (Folha de S. Paulo, 9/6/2009) “Basicamente essa é a queixa mais light do pessoal que – antes da internet – mandava, desmandava, tripudiava, destruía, massacrava, corrompia, isolava... censurava e editava as informações conforme suas conveniências. Só sei de uma coisa. O blogue da Petrobras (http://petrobrasfatosedados.wordpress.com) inaugurou uma nova era na informação (ou desinformação, a conferir). A partir de agora, a Fonte não se obriga ao sigilo. Ou seja, a Fonte vai murmurar: o blogue publicará as perguntas e as respostas relativas à empresa na íntegra. Uma coisa vos digo, caros leitores: independentemente dos interesses disfarçados e de eventuais CPIs pairando no ar pesado de Brasília, temos que comemorar. Não sei como ninguém pensou nisso antes. A iniciativa devia ser estendida. Eu mesmo dei um monte de entrevistas que foram “editadas” por canalhas que se diziam jornalistas. Mudaram completamente o sentido do que eu disse, usaram e abusaram da minha confiança. Voltando. A guerra entre a Petrobras e a chamada Imprensa Livre e Democrática, está apenas no começo. E eu não estou me aguentando de tanto rir, é muito divertido. É engraçado acompanhar os chiliques do povinho que sempre mandou e desmandou, tripudiou, destruiu, massacrou, corrompeu, isolou, censurou e “editou”... pimenta no rabo dos outros não ardia, até agora. A coisa está mudando de figura. Eita! Como é bom ver essa gente ilustrada acima do bem e do mal, esperneando; é muito engraçado acompanhá-los nos estertores, em vias de extinção, a gritar por transparência, ética e sei lá mais o quê. Que contratos foram quebrados, caras pálidas? Os contratos leoninos que os senhores estabeleceram em seus manuais de redação? Desde quando a FONTE tem que ser Fiel ao jornalista? Que eu saiba, a regrinha – que vocês mesmo estabeleceram, repito – diz o contrário. A FONTE não é empregadinha de vocês, a FONTE não tem os mesmos interesses de vocês, a FONTE – agora – não será intimidada: a partir de agora, vai ser mais difícil manipular, tripudiar, destruir, isolar, massacrar, corromper, editar etc etc. O joguinho está começando a inverter, e ninguém mais terá a primazia da verdade em primeira mão, ou melhor, a verdade e a mentira nunca foram tão parecidas e tão escrotas como agora. Porque antes elas eram escrotas mais tinham dono, agora não. No meio desse pega-pra-capar, desse rebuliço – isso tudo é muito divertido – o jornal O Globo (10/6) – vai atrás da chancela acadêmica, aquela que sempre deu um verniz para a suposta seriedade da auto-proclamada Imprensa Livre e Democrática, e pergunta ( evidentemente já incluindo a resposta na indagação) ao Professor de Ética da Unicamp: “O que se pode fazer para garantir o direito autoral da reportagem?” Roberto Romano, professor de ética. Vejam só a resposta do Professor de Ética da Unicamp: “O jornal deve publicar a matéria e deixar que eles façam o serviço deles sem dar ampliação ao blog deles. É uma questão muito simples de preservação do autorrespeito profissional de vocês. Vocês devem procurar ouvi-los, colocar na reportagem aquilo que a consciência de vocês recomenda. E eles que se virem com a campanha suja que estão fazendo. Se os jornalistas entram nessa linha da polêmica, legitimam o lado deles. Não existe paridade entre jornalistas, que têm responsabilidade pública, e uma propaganda intimidatória”. Vou comentar (confesso que quase caí da cadeira de tanto rir). Imagino que Berlusconi também deva ter um professor de Ética que o aconselhe em momentos de crise. O Picachu da Coréia do Norte também deve ter um desses por perto. Começa pelo tom do “professor de ética”, já entregando o lado a que pertence: “eles” de um lado e nós do outro. É bom fazer essa diferença para estabelecer uma confiança, afinal “ética” deve servir – também – para isso, para separar as coisas. Quem me paga e quem me serve, por exemplo. O professor Romano, além de professor de ética, deve ser um estrategista, notem como ele valoriza “o serviço deles” e imediatamente aconselha o jornal a não dar “ampliação” à versão do concorrente, ou seja, “o blog deles”. Em seguida, fala em preservação, quer dizer que algo precisa ser cuidado ou já está em vias de desmoronamento: no caso o autorrespeito profissional dos jornais que foi posto em xeque pelo blog da Petrobrás. Aí vem a pérola: “Vocês devem procurar ouvi-los, colocar na reportagem aquilo que a consciência de vocês recomenda”. Humm. Vocês devem procurar ouvi-los? Isso faz supor que “ouvir” necessariamente não é prática corrente, porque quem deve – em tese – não tem obrigação de. Apenas “deve”. Não acredito! Vou ao jornal conferir novamente. Foi isso mesmo. Tenho que repetir! Eis o brilhante raciocínio ético do professor da Unicamp, oráculo do jornal O Globo. Vejam só o que ele disse: “colocar na reportagem aquilo que a consciência de vocês recomenda”. E eu fico aqui a imaginar as recomendações da consciência de um Mengele no campo de extermínio de Bikernau, porque afinal de contas, todos nós, até os professores de éticas da Unicamp, temos “consciência”. E no caso dessa entrevista brilhante, fica fácil deduzir o que recomenda a consciência dos jornalistas em desespero, imagino que provavelmente os mesmos procedimentos do professor de ética da Unicamp: “eles que se virem com a campanha suja que estão fazendo”.... E? O que se presume? Nós que continuemos a fazer a nossa campanha sujo do lado de cá. Ou será que eu estou “editando” o pensamento brilhante do professor Romano? No final, porque não sou jornalista e nem trabalho para a Petrobras, tenho que concordar em parte com o Professor de Ética da Unicamp. Não existe paridade: só existe mesmo intimidação. A diferença é que a intimidação, agora, existe de ambos os lados. Viva a internet!"

7 comentários:

Rogerio Atem de Carvalho disse...

Eu achei genial a idéia - se vai realmente informar é outra estória. O fato é que os argumentos da grande imprensa são ridículos, absurdos, toscos e anti-democráticos. Quer dizer que eu não posso publicar o que um jornalista perguntar para mim? Ele se torna proprietário da minha fala? A imprensa é tão liberal e "vanguardista" quando se trata dos interesses dos outros, mas quando seus interesses financeiros são afetados, logo vem com argumentos dignos de Eremildo O Idiota. Para nossa felicidade, a Internet está aí, com todos seus defeitos e qualidades e acima de tudo: com a possibilidade de qualquer um prover informação. Se eles tem medo de perder financeiramente ou até mesmo postos de trabalho, por que não fazem o que adoram sugerir para todo o restante do mundo, como se modernizar, se abrir e abraçar a democracia?

Anônimo disse...

Roberto,

Muito oportuna a colocação do texto do colunista Marcelo Mirisola sobre o blogue da petrobras.
Impressionante a "grita" da imprensa jornalistica assim como o parecer do professor da unicamp.(marionete da mídia globo).
Que aumente a quantidade de blogues ou qualquer outro método de informação, para que pelo menos possamos ouvir os dois lados .

E viva eu, viva tu e vivas aaaaa internet de norte a sul !!!

abs.

Anônimo disse...

" Brasil...

...essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede...

Brasil "

Anônimo disse...

E a Mafia,o povo medroso!!!!!!!

Luciana disse...

A indústria da mídia está sofrendo na carne o que a indústria fonográfica e cinematográfica sofre há anos.
Ao invés de espernear, deveriam observar o compasso da história e aprender: os recentes artigos - jornalísticos - noticiam que a liberdade da internet, com seus downloads, venceu a guerra, e as indústrias anunciam agora uma nova estratégia, não mais de criminalização do usuário, mas de liberalização.
Os jornalistas devem aprender com eles e repensar sua função: se eles são meros condutores entre as fontes e o público, lamento, mas a internet é um meio mais barato, mais rápido e, até prova em contrário, menos manipulável, posto que o acesso à fonte é direto.
Se é para isso que um jornalista passa anos nos bancos universitários, então essa é uma profissão em extinção. A menos que eles tenham algo mais a oferecer, essa batalha já está perdida.
E não adianta ficar de birra com quem usa os mesmos meios e estratégias que eles.

Luciana disse...

A indústria da mídia está sofrendo na carne o que a indústria fonográfica e cinematográfica sofre há anos.
Ao invés de espernear, deveriam observar o compasso da história e aprender: os recentes artigos - jornalísticos - noticiam que a liberdade da internet, com seus downloads, venceu a guerra, e as indústrias anunciam agora uma nova estratégia, não mais de criminalização do usuário, mas de liberalização.
Os jornalistas devem aprender com eles e repensar sua função: se eles são meros condutores entre as fontes e o público, lamento, mas a internet é um meio mais barato, mais rápido e, até prova em contrário, menos manipulável, posto que o acesso à fonte é direto.
Se é para isso que um jornalista passa anos nos bancos universitários, então essa é uma profissão em extinção. A menos que eles tenham algo mais a oferecer, essa batalha já está perdida.
E não adianta ficar de birra com quem usa os mesmos meios e estratégias que eles.

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Hum! Jesus veio na "Plenitude dos Tempos". Tudo foi preparado para que a vinda de Jesus fosse vista por muitos...

O tempo hoje está 'virando' "plenitude de tempos" para a volta de Jesus.
A informação está aos olhos de todos.

Podemos e temos o direito de escrever sobre tudo e todos.


A integridade, a verdade e a humildade, se fará presente à medida em que tudo vá sendo exposto.

Os olhos de Deus estão sobre a terra... e de alguma forma podemos ver que todos estão tendo acesso a tudo...

Parece que o que estou falando não tem nada a ver...
Mas isso é porque nem todos nós temos 'ainda' todas as leituras... Mas à medida em que tudo vai sendo exposto, as leituras poderão ser comparadas e apreendidas...
Consequentemente, mais compreendidas. Não muito discernidas , mas abrindo lacunas para serem, mais a frente.
Caminhemos que o cenário está se abrindo...