terça-feira, junho 02, 2009

Impensável!

A notícia de que o governo americano aportou mais não sei quantos bilhões de dólares na empresa automobilística, General Motors-GM, e será responsável por 60% da empresa reestruturada, coloca em xeque o que se chamava de capitalismo até alguns dias atrás. Mesmo em meio à crise que já se vinha desenhando no cenário americano, em meio às trapalhadas de Bush Jr., se alguém sequer aventasse esta hipótese há alguns anos, ou seria internado como louco ou ficaria falando sozinho. Pois bem, o fato deve ser destacado como forma da gente que vive os dias atuais dar um jeito de levantar a cabeça, e olhar ao redor sobre o que está acontecendo de uma forma mais ampla, mais integrada e profunda, sendo menos superficial como nos invoca a cada dia, esta chamada pós-modernidade. Nesta linha, a análise do ótimo Thomas Khun já nos iluminava, em seu providencial livro “A Estrutura das Revoluções Científicas” que as quebras de paradigmas não se dão de uma hora para outra, mas são perceptíveis apenas por camadas ou degraus. Com certeza estamos no presente momento saltando um destes ptamares, que para desgosto de alguns, mostra que a História está longe do seu fim, como equivocadamente previu Francis Fukuyama em sua publicação "O fim da História" lançada em 1989 nos EUA. PS.: Correção: Alertado por leitor(a) o blog corrigiu a grafia da palavra xeque escrita erradamente antes como cheque. O blog agradece pela correção.

6 comentários:

Mauricio Faez disse...

Por trás da Notícia Um detalhe publicitario dessa história aqui no Brasil Ontem, quando o Jornal Nacional fez a chamada "e veja a seguir" sobre a matéria da ação do Governo dos EUA junto à GM, o primeiro "reclame" foi justamente da Chevrolet, que durou 1 minuto (trata-se do 2º horário mais caro da grade da Globo e ainda foi de 60 segundos nacional) e falava sobre a saude da empresa e da qualidade de seus veiculos.

Foi tao "descarado" o gancho que hoje Mirian Leitao comentou no "Bom Dia Brasil" a razão da preocupação da Chevrolet em "desvincular-se" da noticia de falencia/concordata da sua (teoricamente) matriz: a Chevrolet/Brasil é um braço da OPEL (que agora pertence em parte nao aos EUA, e sim, ao Canadá), diferentemente de outras franquias Chevrolet do mundo afora que é "presa" à GM.

A ideia era nao desvalorizar os carros daqui e tampouco criar uma correria por estoques de peças de reposição, ja que a empresaria estaria acabada.

É como diz o Ancelo Gois: essa observação "nao é nada, não é nada... é. nao é nada mesmo".

***

Marcus Filgueiras disse...

E os mitos neoliberais vão caindo pela história...

Ver o novo presidente norte americano liderar o violento aporte de capital para Bancos e agora para a GM, bem assim de dizer em cadeia nacional de rádio e tv que os ganhos dos executivos de Wall Street são motivos de vergonha, por serem altíssimos, é realmente a completa negação de todos os princípios do aclamado neoliberalismo.

Convenhamos, o dito neoliberalismo nunca passou de discurso. Pregavam a liberdade e a desregulamentação ao mundo, mas praticavam o oligopólio por meio de seu sistema de agências que protegia os setores com regulação nada liberal (tome-se o exemplo do setor petrolífero).

Do mesmo modo, o socialismo nunca chegou perto de uma "ditadura do proletariado" (sua utopia para convertê-lo no comunismo), muito ao contrário, tratou-se sempre de uma ditadura de uma casta que se enriqueceu no poder.

Pude constatar tudo isso de modo mais claro quando um comunista convicto, o Prof. Leandro Konder, receitou-me o livro "O Liberalismo: antigo e moderno", de José Guilherme Merquior, um homem considerado de fortes inclinações de direita. O Prof. Konder me sugeriu em carta (antes da era dos e-mails) que não se poderia fazer qualquer crítica ao liberalismo sem lê-lo.

Esse livro mostrou-me que as doutrinas e filosofias econômicas e políticas capitalistas ou socialistas são muito ricas, mas são os homens que tentam corrompê-las para justificar as suas mazelas. Aliás, conta-se que Marx, antes de falecer, confessou que se o marxismo era aquilo que estavam pregando, ele, então, não era marxista.

Anônimo disse...

Uma coisa é realmente impressionante na economia norte americana: a capacidade e velocidade de reação diante das dificuldades, passam do liberalismo radical ao intervencionismo estatal num piscar de olhos visando sempre a soberania da nação.
leossmota.

Gustavo Carvalho disse...

Oi Roberto, a referência ao Th. Kuhn é interessante pois transcende o debate estritamente epistemológico. O conceito de paradigma como a noção de evolução adaptativa (Darwin) são transdisciplinares. Um aspecto interessante do argumento do Kuhn é que a Revolução de paradigma envolve um processo crescente de anomalias e crises radicais dos quais os agentes não têm consciência! Portanto, a construção do novo paradigma depende da capacidade inventiva de ousar mundos possíveis (não previsíveis no paradigma tradicional e sua ciência normal).

Anônimo disse...

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço...
Como diria nosso CHICO aja duas vezes antes de pensar.
Enquanto para os países periféricos a receita é deixar quebrar, e privatizr a VALE a PETROBÁS e tudo que puder dar lucro ao sistema privado, a despeito das consequências sobre o exército de desempregados e estatizar na Venezuela é ato de terrorismo de estado, a matriz do liberalismo praticamente estatiza a Chevrolet.
Sinal dos tempos, ou sinal de outros tempos??
Viva o governo LULA que apesar das lamúrias dos ófãos do neo-liberalismo vem reestruturando o sistema público e administrando a crise com muita competência.

Gustavo disse...

Taí uma coisa que os brasileiros nao conseguem: aprender a coisa certa. A America esta repetindo o New Deal, ou seja, o estado intervindo na economia de forma a mesma voltar a se "auto sustentar".

Quem acredita que isso é socialismo é no mínimo ingenuo. Eles ja fizeram isso com Roosevelt, e vão repetir quantas vezes forem necessário. Porém no fim, sempre o mercado ganha. E estão certos: envolvimento do estado deve ser mesmo dessa forma, pontual e com data pra acabar.

O Brasil precisa mesmo aprender isso, diminuir gastos públicos, facilitar a vida das empresas privadas. O mercado deve fazer o mundo girar, não o estado. E quando vier uma crise, o estado atuar.

O maior exemplo disso é Campos, onde a prefeitura é o grande empregador (direta e indiretamente). Ai eu pergunto: Se isso é bom, porque Campos está desta forma? Será que ai se vive melhor do que em cidades onde a prefeitura somente tem dinheiro pro básico?