Desagravo

O blog recebeu por e-mail de Leonel Carneiro, um desagravo à arquiteta e esposa, Silvana Castro, exonerada, segundo ele, nesta segunda-feira, do cargo de superintendente de Urbanismo da PMCG. Veja o texto abaixo: "Pessoa de bem em serviço público" "Há aproximadamente vinte e dois anos atrás conheci uma servidora pública da prefeitura de Campos, pela qual me apaixonei e posteriormente vim a me casar. Ao conhecê-la, pude observar que estava diante de uma arquiteta competente, mas ainda carecendo de um amadurecimento profissional para que viesse fazer desabrochar toda aquela sabedoria. Por diversas vezes fui ao triturador (secretaria de obras) para tirar dúvidas de obras de colegas que queriam o absurdo, se possível estender o seu imóvel a face de rua e sem afastamento lateral algum. Já estava enraizado desde outrem a cultura de burlar leis, “em política tudo é possível”, “jeitinho brasileiro” e tudo o mais que viesse tornar bagunçados os projetos, e por diversas vezes quebrei a cara, pois estava esta servidora marcando posição de que queria o certo, que isso num futuro próximo eu poderia observar com clareza o quão bom seria para nossa cidade. E os anos se passaram, e eu coincidentemente numa fila de banco encontrei o hoje falecido arquiteto José Lauro Saraiva e ele falou para mim: “você é uma pessoa de muita sorte, vai se casar com uma excelente pessoa e uma profissional muito competente que prestará grandes serviços a esta cidade”; ela desenvolvia com ele um projeto para o Trianon e o shopping 24 h que posteriormente chamaria shopping estrada (este com a confecção no núcleo central e sem a rodoviária).Por varias vezes tive meus ouvidos alugados. Dois fatos me chamam muito a atenção, um na época dos quiosques para todos os lados, e que puseram dois quiosques no Palácio da Cultura, ela era totalmente contra já que estava ao lado do Phanteon onde seriam colocados os restos mortais das pessoas mais ilustres de nossa querida Campos e em pleno Palácio da cultura; o outro que me lembro foi o “cacique senta no toco”, um índio colocado na entrada da cidade agachado numa tora com um porco aos seus pés.Os tempos passaram e de degrau em degrau, de DAS em DAS atingiu-se o cargo mais alto que é ser secretária. Haja empenho, haja dedicação, dedicação esta que hoje lhe resultou em gastrite, também pudera ela quis andar na contra mão, achou que dinheiro público era para ser empregado em benefício da coletividade priorizando os mais necessitados e não em benefício de alguns, que o dinheiro em cursos era para o aprimoramento deste contemplado e não em viagens de lazer, que o servidor e o prestador de serviço tem a obrigação de executar bem e de forma responsável a atribuição a que foi designado e não sinecura, não quis entender que estes milhões gastos em campanha saem mesmo é do dinheiro público e não dos bolsos dos políticos. Até que mais tarde não se dando por vencida acumula também a presidência do COPPAM (Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal ). Foram também muitas as vezes que fui abordado na rua para tirar imóvel que foi tombado pelo patrimônio histórico, e ela com sabedoria e consciente da importância da preservação me fez entender o valor desse trabalho ( que saudade tenho da minha Praça da Bandeira, onde aprendi a andar de bicicleta, jogava bola e trocava figurinha), nesta presente data nem sei se ainda o conselho está atuando, este trabalho precisa ser valorizado e respeitado.Outra batalha árdua que me recordo foi o Plano Diretor, realizado de dez em dez anos que traça o plano de desenvolvimento do município, só que este teve uma particularidade, foi participativo, ou seja, discutido com a sociedade. Que “lenha”! Lembro-me muito bem que eu e nosso querido filho Lucas nos empenhamos de forma voluntária pelo interior, juntos com outros também comprometidos; foram 15 meses de pura luta, enfrentando dificuldades pela descrença desta mesma sociedade que não reconhece que um mínimo de planejamento é necessário, para que não se olhe para Curitiba apenas como cidade modelo, mas enxergando que lá nada aconteceu por acaso, e sim com competência, trabalho e planejamento.Hoje ela foi exonerada do atual governo onde exerceu por seis meses o cargo de superintendente de urbanismo. Perfeitamente normal, já que o cargo pertence aos vencedores do pleito eleitoral passado. Ela sabe que foi usada, porém tem certeza de ter exercido a função que lhe foi dada com dignidade e dedicação, independente de política ou governante. Tenho plena convicção que ela não tem nenhum apego a cargo e seu amor pela cidade transcende. Não se frustre, pois como dizia o poeta português Fernando Pessoa “tudo na vida vale a pena quando a alma não é pequena” e nos cabe, a mim e a você, srª. Silvana Monteiro de Castro Carneiro, torcer para que o casal, o encravo e a rosa, faça este tão competente governo propagado aos sete ventos, e que me convença que tudo feito anteriormente está errado e que não use nossa cidade para sonhos políticos psicóticos. E também não se esqueça de outros, como Leonel Brizola, que fez muito mais que os filhos desta terra. Leonel Carneiro".