O blog do Paulo Noel registrou agora à noite, a manifestação feita pelos moradores da região do Açu, contra as desapropriações feitas pela prefeitura e governo do estado:
"Um grupo de produtores da Região do quinto distrito de SJB chegou, hoje, 27, por volta das 16 horas em passeata até o prédio da Câmara Municipal de SJB onde promoveu uma manifestação pacifica para protestar contra o decreto de desapropriação de terras consideradas por eles produtivas. Segundo o produtor Amaral Rocha da Silva ele vive em uma terra que estaria na área de desapropriação. “Eu moro em Campo da Praia, e já aviso que de lá eu não vou sair. Estou com 72 anos e minha mãe com 100 anos em cima de uma cama”, diz. O produtor Amaro Ricardo da Silva disse que mora em Campo da Praia há 52 anos. “Vivo dentro do que é meu. Trabalho e estou preocupado”, diz. Outro produtor, de 77 anos, disse que nasceu no quinto distrito em cuja terra viu o pai morrer. “Estou velho, cansado, não tenho estudo e com problema de bronquite e não quero sair de lá”, revela.
Produtos da terra exibidos na passeata
Utilizando caminhões e caminhonetes os produtores trouxeram para frente da prefeitura o que produz em suas terras: abacaxi, coco, bananas, abóbora, pimentão, tomate, cana de açúcar e muitas faixas com mensagens apelativas de socorro sem citar a quem era dirigido o apelo.
Debate na Câmara Municipal
Lideranças do movimento deram prosseguimento aos debates no interior do Legislativo sanjoanense lotado. Aliás, o espaço foi pequeno, mas a segurança foi garantida com apoio de dezenas de policiais militares. Duas viaturas permaneceram em frente aos prédios da Prefeitura e da Câmara.Na Câmara Municipal, o presidente Alexandre Rosa repetiu muito que os vereadores são eleitos para defenderem o povo. “Estamos do lado dos produtores no que eles decidirem. Não somos contra o progresso, mas todos merecem respeito”, diz.
Manifesto “A verdade”
Enquanto a manifestação prosseguia na Câmara Municipal, na área em frente ao prédio do Legislativo, onde estavam curiosos, políticos e produtores, uma jovem distribuía um manifesto intitulado “A verdade”. Embora sem assinatura “A verdade” pelo texto sugere que foi escrito por um jovem que diz textualmente sempre ter sonhado em um dia ter uma profissão, cursar uma universidade, ter um bom emprego e viver na terra onde nasceu. Fala da esperança que nasceu quando o povo deu oportunidade a uma professora (Carla Machado) a administrar o município. Foi quando em dezembro de 2005, o empresário Eike Batista resolve investir no município criando o Porto do Açu, onde irá criar mais de 50 mil empregos diretos. Um investimento que atrairá siderúrgicas, montadoras de automóveis e metalúrgicas. E indaga: Qual município não quer ter esses investimentos? Qual população não vê, na vinda dessas empresas a oportunidade de bons empregos e estabilidade financeira. O manifesto diz ainda que ao invés de fazer desse impasse das desapropriações um palanque eleitoral os políticos deveriam pensar no desenvolvimento do município. É claro, diz em outro trecho, que todo produtor merece respeito, mas não podemos deixar essa oportunidade sair do município. Ao concluir, o manifesto indaga: será que o ex-governador Anthony Garotinho, agora aliado do ex-prefeito Betinho Dauaire, não quer que essas empresas se instalem em Campos, município governado por Rosinha. Levanta, ainda suspeita de que os vereadores que fazem oposição a prefeita, junto com o ex-prefeito Betinho, podem estar sendo manipulados por Garotinho.
Descontentamento
O tom do descontentamento com a incerteza que estava tomando os moradores do quinto distrito foi dado pela prefeita Carla Machado na reunião com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno. Carla disse que o processo de desenvolvimento é importante porque gera empregos e cria oportunidades para a população, mas não pode significar prejuízo para a população de São João da Barra. A prefeita sugeriu ao secretário que o Estado firme convênio com a Defensoria Pública para acompanhar de perto a situação dos moradores da região. Ela anunciou também a criação de um braço da assistência jurídica do Município em Mato Escuro a fim de orientar e esclarecer os moradores.
Entenda o que aconteceu e que motivou a reuniãoPor meio de um novo decreto publicado ontem no Diário Oficial, o governo estadual retirou uma faixa de terra que compreende as localidades de Água Preta e Mato Escuro, no quinto distrito de São João da Barra, da área destinada ao distrito industrial do Complexo Logístico do Açu. A área excluída soma 4,8 milhões de metros quadrados, do total reservado à “área de utilidade pública para fins de desapropriação” visando a criação de um distrito industrial e é habitada por aproximadamente mil famílias da zona rural. A boa notícia chegou antes mesmo do início da reunião convocada para ontem, dia 20, pela prefeita Carla Machado (PMDB), com a comunidade e o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno. Para a prefeita Carla Machado esse é o primeiro passo no novo caminho a ser trilhado entre a Prefeitura, o Estado e os produtores rurais dentro do processo de desenvolvimento econômico que São João da Barra está vivendo com a construção do Complexo Logístico do Açu. Ela destacou que ninguém será tirado de suas terras sem que haja entendimento e principalmente, antes que seja feito o levantamento socioeconômico exigido pela Prefeitura, em maio deste ano. “Nós precisamos saber quem são as pessoas, o que elas fazem, se vivem ou não da terra, para depois encaminharmos soluções viáveis e justas”, afirmou a prefeita.
A reunião com a presença de Júlio Bueno foi anunciada na semana passada, quando a prefeita esteve no Rio. O motivo da vinda do secretário de Desenvolvimento Econômico a São João da Barra é a situação enfrentada pelas famílias residentes no quinto distrito. Boa parte está inclusa nos decretos estaduais que delimitaram o polígono do Complexo Industrial do Açu. Nas reuniões que manteve no Rio com o secretário de Desenvolvimento Econômico, com a secretária de Ambiente, Marilene Ramos, e com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, Carla manifestou discordância com a edição de um decreto antes da realização do diagnóstico socioeconômico. “Nós combinamos que nada seria feito antes do levantamento”, lembrou a prefeita".
3 comentários:
Meu Deus!!!, não acredito, mas é a pura realidade, A terra a subsistência de muitas familias..... entretanto o poder econômico é como rolo compressor passa por cima de tudo e de todos, só nos resta a indgnação
Paulo Noel faz questão de enaltecer a prefeita, sabe qual é a dele? Tem imóveis alugados à prefeitura...Se posiciona do lado dela...Crédito ZEROOOOOO!!!!!!!!
Apesar de ser a favor do mega empresário Eike Batista, e de ser um grande entusiasta destes mega-empreendimentos, pois, em troca de favores, recebe-se grande apoio financeiro nas campanhas eleitoriais, Garotinho está adorando estas manifestações... parece contraditório... coisas da política...
Abraço
Paulo Sérgio
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