65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
terça-feira, agosto 18, 2009
Sobre a ação do MPF a respeito do Complexo do Açu
Há na cidade e na região, e os comentários em notas aqui do blog refletem isso, um sentimento maniqueísta, em relação à decisão do Ministério Público Federal, em promover uma Ação Civil Pública questionando procedimentos do empreendedor e dos gestores públicos envolvidos, de alguma forma, no licenciamento e liberação para o empreendedor implantar o seu projeto.
Na sociedade complexa em que vivemos não cabe mais este tipo de sentimento e atitude. As partes envolvidas sejam os governos, nos seus diversos níveis, seja o empreendedor privado, têm de se acostumar a conviver com as indagações, preocupações, questionamentos e exigências da sociedade, em seus diversos níveis e tipos de exigência. Seja uma demanda de um simples morador situado em meio à área desejada pelo empreendedor, seja o cumprimento de uma complexa legislação ambiental feita, pela sociedade, através de seus representantes eleitos para os parlamentos, elas terão que ser negociadas e arbitradas pela justiça caso não se tenha entendimentos.
Neste aspecto não há que se ver no encaminhamento da ACP e na decisão da Justiça Federal nenhum grande problema que poderá demandar mudanças, exigências, paralisações, etc.
Qualquer empreendimento, mais ainda se ele tiver o porte do Complexo do Açu, traz oportunidades e ônus para a região e a sociedade. O papel dos governos, especialmente, o local e o estadual é o de regular a forma e as condições em que este empreendimento se efetivará, para que, não só empreendedor e seus sócios tenham resultados e sim toda a sociedade.
Neste sentido, não cabe aos governos, nem municipal e nem estadual se colocarem de um ou outro lado da contenda. Cabe sim a estes gestores atuarem como reguladores do empreendimento a favor de toda a sociedade. Assim, a ação do MPF, ao contrário do que alguns podem querer fazer crer, pode trazer espaços para um diálogo mais aberto e participativo da sociedade com o empreendedor e a gestão pública.
Para quem imaginava o contrário, podem ir se preparando melhor para as contendas. Gostem ou não disso. Nesta ótica, a sociedade deve exigir transparências nestas negociações e encaminhamentos, porque está se tratando de decisões de interesse público que envolve muita gente e também recursos.
Fora daí é exigir subserviência e isto é mais próprio do coronelismo, do que da sociedade moderna, plural e menos desigual que todos dizem defender.
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7 comentários:
Campos dos Goytacazes precisa urgentemente de educação, rever valores... Chega de achar normal "favores políticos"... ou "deixa como tá pra ver como é que fica"... ou ainda "rouba mas faz"....
As pessoas estão carentes de respeito, de espírito de justiça, de HONESTIDADE!
Desejo força e perseverança ao Ministério Público, pois "fuçar em balaio de cobras" não é pra qualquer um, não. Tem que ter resistência a ataques maldosos e sabedoria... muita sabedoria!
Bravo, professor! Exigimos acima de tudo TRANSPARENCIA! Estah havendo com esse Porto enriquecimento de uns em detrimento de outros! A coisa eh mto seria! O povo tah reclamando pelos empreguinhos enquanto os q tem empregoes nem daki sao e nem serao, ACORDA GENTE!
O problema maior que vejo é que a interpretação que o MPF deu à legislação, se esta prevalecer, será pela não realização dos empreendimentos previstos no Açu.
Simplesmente não haverá mais obra alguma e o que lá já foi feito, virará escombros, um verdadeiro monumento à incoerência, à falta de bom senso.
E aquela região permanecerá, para sempre, uma terra muito mal aproveitada, como sempre foi,uma região estagnada, fonte de êxodo de pessoas para aumentarem mais ainda as regiões metropolitanas.
Até parece que o Brasil está em condições de fazer um monumento ao desperdício, ao subdesenvolvimento eterno.
Acho uma grade imbecilidade inviabilizar investimentos em troca da manutenção do meio ambiente original, estritamente sem alteração.
Para sua sobrevivência, o ser humano tem que explorar o planeta em que vive e preservar o que for possível. E esse possível não é difícil de ser obtido. Basta ser coerente. Dá para se explorar e ainda sobrar muito para preservação do meio ambiente.
No planeta Terra , o recursos são escassos, por isso é que as coisas, tudo, inclusive o trabalho, tem um preço. Se houvesse excedente de recursos, não haveria economia.
Primeiramente, deve-se viabilizar os investimenstos, o surgimento de empregos. Depois, se possível for, manter o meio ambiente o mais próximo do ideal. Essa seria a lógica.
Na verdade, privilegiam o maio ambiente em detrimento dos investimentos, porque quem decide, quem faz as leis, tem seu sustento garantido.
Mas se coloquem na posição do ferrado, do desempregado. Ele precisa de emprego, ele não precisa de restinga ou árvores em demasia para admirar.
Ele precisa comer, vestir, enfim, ser um cidadão, um cidadão brasileiro.
Mais uma vez acertou o Ministério Público Federal! Parabéns pela iniciativa dos Procuradores diante da criminosa postura omissa dos representantes municipais, estaduais e federais que deveriam fazer valer os princípios constitucionais para uma busca urgente e rigorosa por um modelo sustetável de desenvolvimento.
Pensam pequeno demais aqueles que veem numa possível paralização momentânea a perda de todo o projeto...o que de fato está em jogo agora é todo o caos ou alguma ordem neste território de aloprados gananciosos e de amadores irresponsáveis...quando o que está a caminho invadirá como formigas num piquenique...
Ainda veremos muito mais, tenho dito!
Além de se fazer levantamentos de impactos ambientais, o mais importante é fazer um estudo de impcato no mercado de trabalho, um estudo de impacto na geração de empregos e consequentes impactos sociais.
Isso é o que vale: EMPREGOS!!!!!!
E para isso é necessário INVESTIMENTOS!!!!!
Para que serve uma restinga deserta totalmente preservada, se o povo carece de empregos??? Para ficar recebendo bolsas famílias???
A elite faz isso isso porque sabe que o povo brasileiro é muito cordeiro.... Se fosse num país com povo instruído, nunca os impactos ambientais prevaleceriam sobre os impactos no desenvolvimento, e seus impactos na geração de empregos. O ser humanao, antes de tudo, precisa de comida, trabalho, ser um cidadão!!!
Se prevalecer esse entendimento equivocado do MPF, simplesmente as obras do Porto do Açu vão parar. Vão virar um monumento à insensatez, monumento ao absurdo, à falta de bom senso.
E aquela região do Açu permanecerá estagnada para sempre. Todos dependentes de bolsas famílias.
primeiro a gente perde a petrobras, agora é capaz de perder o porto, quais os interesses de quem fica feliz com isso?
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