quarta-feira, setembro 02, 2009

“A censura de ontem e de hoje”

O artigo abaixo é de autoria do mestre Renato Barreto e foi publicado hoje no jornal Monitor Campista e volta a tocar no assunto da censura aos blogs da nossa região: A censura de ontem e de hoje” A gosto termina deixando um saldo muito negativo para todos que almejam uma cidade onde se desenvolvam o debate livre e aberto que é um dos alicerces de qualquer regime democrático. O Brasil percorreu um tortuoso e traumático caminho que nos conduziu a um tempo onde não é mais crime divergir, hoje podemos nos orgulhar de termos construído uma sociedade que nos permite desfrutar de uma das maiores conquistas da civilização ocidental. Mas isso não garante blindagem diante de retrocessos, por isso devemos redobrar nossa vigília para assegurar esse direito. O momento atual guarda certa semelhança com o contexto europeu do século XV, sim semelhança. Tanto hoje como início dos tempos modernos a humanidade testemunhava o surgimento de revolucionários meios difusão de informação que mudariam de modo definitivo o curso da história. Refiro-me a invenção da imprensa em meados do século XV e a difusão da internet nos dias atuais. Tanto um invento quanto o outro, cada um a seu modo, contribuíram para ampliar o volume de informações em circulação, romperam as barreiras das distâncias sendo fundamentais para quebra dos monopólios de grupos que julgavam possível manter o controle das opiniões. Quinhentos anos atrás a Igreja Católica reagiu com intenso rigor na tentativa de conter as publicações saídas das tipografias que se multiplicavam na Europa. Em 1479 o Papa Sisto IV, implementava medidas proibitivas e preventivas. Uma década depois foi a vez de Inocêncio VIII, com a “Inter Multiplices”, que proibiu a impressão de livros sem exame ou a censura prévia. Em 1564, o Papa Pio IV, na “Domini Gregis”, instituiu o Catálogo de livros proibidos, mais conhecido por INDEX, só abolido em 1965. Iniciativas inócuas que não detiveram a expansão da imprensa e contribuíram para desgastar a imagem da igreja especialmente entre os círculos mais escolarizados. Hoje somos lamentavelmente surpreendidos com a informação que um jornal impresso da cidade está recorrendo a Justiça com o objetivo de retirar conteúdos e proibir o blog do Professor Roberto Moraes de emitir opiniões sobre aquele veículo de comunicação. Reivindicando ainda, uma indenização de quatrocentos salários mínimos. Em palavras objetivas o jornal intenta promover censura prévia. Todos sabemos que blogs são espaços de debates, de livre manifestação de opiniões e onde o contraditório é sempre valorizado. Todo “blogueiro” aprecia e se orgulha quando seus “posts” recebem vários comentários, é sinal de que o veículo está sendo lido e cumprindo sua função de se apresentar como mais um difusor de informação. Qualquer pessoa que se sentir ofendida pode e deve se manifestar no próprio espaço para comentários. É comum que direitos de reposta sejam postados, desde que solicitados. Os exemplos desta atitude estão na rede e podem ser facilmente conferidos. Infelizmente a atitude desse jornal não primou pelo debate, não contribui para fortalecer os espaços de reflexão e construção autônoma do pensamento. Não há como não encarar a iniciativa como uma tentativa de limitar as críticas e impedir a livre manifestação de idéias. Estranho ainda, que tal atitude parta de um jornal que deveria, por dever de ofício, zelar pela liberdade. Mas o episódio também serviu para comprovar como os valores democráticos estão enraizados em nossa sociedade, a reação dos demais blogs e as manifestações de solidariedade ao professor Roberto Moraes e ao jornalista Vitor Menezes – também alvo de outra ação judicial promovida pelo mesmo jornal – são provas de que a democracia, o livre pensar, a defesa de espaços de formulação crítica são conquistas que vieram pra ficar. Acho oportuno citar um trecho do livro do Thomas Paine, que foi um dos mais importantes intelectuais dos EUA e que escreveu: “Quem quer garantir a própria liberdade, deve preservar da opressão até o inimigo; pois, se fugir a esse dever, estará estabelecendo um precedente que até a ele próprio há de atingir.”

3 comentários:

xacal disse...

"A imprensa brasileira tem sido adversária histórica das instituições representativas do País"
(...)
A exemplo de toda a imprensa, denominada grande, latino-americana, jamais hesitou em apoiar todas as tentativas de golpe de Estado, quando estas significavam a derrubada de presidentes populares ou fechamento de congressos de inclinação mais democrática"

Wanderley Guilherme dos Santos na Carta Capital dessa semana, coluna Rosa dos Ventos, Maurício Dias, página 14...

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Nos anos 70 ( sempre anos 70... mas fazer o quê, com 56 anos...) lia o Pasquim. Mesmo crente, lia o Pasquim, para compreender o que ia realmente nos bastidores do Brasil.
A imprensa sempre tendenciosa em inverdades, nos deixava a mercê do "cinismo-humor" para buscarmos a verdade.

Que coisa...

Nos anos 70 só sabiamos da "verdade"(?) pelo lado do humor. Brasil, terra da brincadeira e levar tudo na flauta, não estava sendo conduzido a todas as leituras comparativas.
Diante do Pasquim, eu pulava o que não me interessava e ia na essência. Mas havia também muitas inverdades e só descobri isso muito tarde. Quer dizer, nem tanto.

Hoje, tenho certeza que não tem "direita", não tem "esquerda" e nem "centro lá ou cá". Depois de muitas "humilhações", pude aprender com "elas" que hoje, setembro de 2009, só temos mesmo é CIMA. Buscar as coisas que são de cima onde Cristo está assentado.

E ai de nós, se não o fizermos. Seremos reféns de direita, esquerda e centros.

Jornais devem primar por fatos verdadeiros e deixar opiniões livres. O problema hoje não são as opiniões. Opiniões são opiniões. O problema hoje são os "Factícios". Imagine opiniões nascidas de relatos falsos? Onde vamos parar?

Os sofismas são piores que as mentiras.

A escola tem que ensinar os meninas e meninas, desde as primeiras séries, a fazerem leituras comparativas e a lerem seu "entorno" ( aí sim vai "entornar" tudo...). Isso não envolve grandes custos. Como nada na Educação envolve grandes custos. Afinal o grandão do "PT Freireano" aprendeu com gravetos debaixo de uma Mangueira!!! Tudo bem que era uma Árvore da Vida... Mas tinha gente ali debaixo aprendendo e gravetando...
Bem melhor que "grafitando".

Sabe por que os jovens precisam grafitar? porque não tem espaço para gravetar.. ali debaixo das Árvores da Vida!


olha a palavrinha:tilin

Anônimo disse...

Censura é um absurdo!

IDELI PROCESSA BLOGUEIRO(blog Tijoladas do Mosquito )

Senadora do PT comanda censura na web

Agora virou mesmo moda a censura prévia. Vejam que aconteceu depois do Estadão ser censurado pelo filho de Sarney. E desta vez envolve a senadora Ideli Salvatti.


Uma juiza de Floripa (Denise de Souza Luiz Francoski) ordena que o blog Tijoladas do Mosquito seja retirado "do site" ou que remova "blogs" sobre a senadora Ideli Salvatti, e que se abstenha de publicar qualquer coisa sobre ela daqui para frente.

Como se pode julgar sobre algo que não foi escrito ainda ? E se o blog do Mosquito escrever elogios à senadora ? Mesmo assim é vetado ?

Isso se chama censura prévia, é flagrantemente inconstitucional.