65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, setembro 14, 2009
"Desagrado pela vida"
Mais um artigo que o blog estimula para uma reflexão do nosso leitor. Ele foi produzido pelo médico Dr. Flávio Mussa Tavares e publicado, no último sábado, no jornal Monitor Campista. O texto me interessou por diversos aspectos, mas especialmente, pelo fato de eu julgar que na atualidade, não apenas as crianças, adolescentes e jovens, mas também os adultos estão se acostumando a viver superficialmente. Alguns chamam isto de pós-modernidade. Tudo é rápido, fulgaz, e o mais importante é tudo aquilo que ainda está por vir. Neste sentido, imagino que para os jovens, mesmo já crescendo em meio a este turbilhão, não seja também fácil se acostumar ao que, talvez, não se convenha se adaptar. Eis o artigo:
"Desagravo pela vida"
Tenho observado em faixas etárias infantojuvenis um incompreensível desagrado pela vida. Que pessoas de idade madura ou avançada, cansados de desilusões, desacertos e desapontamentos, percam o interesse pelas amenidades da vida, é compreensível.
O que tem me causado espécie, em minha vida de médico, é assistir o crescente e assombroso senso de desvalor ou desamor pela vida em crianças e jovens. Percebe-se essa emoção negativa através de expressões verbais empregadas, dos atos de violência, de tentativas frustras de suicídio e de assassinatos entre eles. A que atribuir essa infantilização de emoções e atitudes tipicamente adultas? Como entender a depressão na infância? Como julgar razoável que um jovem perca o interesse pela vida social? A quem ou a que responsabilizar pela baixa estratificação etária de todos estes males?
Algumas justificativas (como se fosse fácil explicar as coisas da alma) apontam a mídia, outras a toxicomania, outras os novos videogames de violência e até a internet. Todavia, apesar de haver um equacionamento do problema com essas explicações, não se consegue entender como e quando a criança começou a perder a alegria.
Eu percebo a nossa vida urbana e capitalista como um grande oceano de excitações nervosas. As crianças em tenra idade são bombardeadas com uma carga de estímulos ao cérebro de enormes proporções. Cores, luzes, sons e movimento. Todas estas coisas estão exaltando os cinco sentidos e levando muitas mensagens ao cérebro, que chegam como furacões. O cérebro, por sua vez, responderá com uma maior circulação de dopamina, adrenalina, noradrenalina e serotonina. Estas substâncias comandam a condução dos estímulos por todo o corpo, dando sensação de bem estar e uma enorme vontade de repetir continuamente. De tal forma essas crianças ficam habituadas à esta superexcitação, que não sabem mais viver sem elas. São tantos sinais de euforia, que estes jovens não conseguem ter emoções naturais.
Olhar um campo florido, uma praia deserta, uma paisagem montanhosa, uma geleira ou simplesmente aquele belo dia de sol não são mais suficientes para produzir estímulos para a vida. Se elas ficam sem internet, sem festas barulhentas, pensam que a vida é triste. O seu ânimo vem sempre de fora. Só sentem-se bem com a exaltação de humor, a euforia, a excitação dos sentidos causada pelas parafernálias eletrônicas ou por estímulos químicos. E partem para drogas sintéticas, músicas eletrizantes e sem sentido e quando essas emoções já não conseguem produzir euforia, querem morrer.
Acho que as escolas precisam acender o tema do amor pela vida e ajudar as crianças e jovens a descobrir o que é a alegria sem aditivos. Espero que a juventude submersa no desagrado pela vida não seja o preço que a sociedade tenha que arcar pela transformação do Brasil num país desenvolvido e sofisticado.
Flávio Mussa Tavares
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3 comentários:
Oi Roberto, obrigado pelo destaque. Só um detalhe: ´DESAGRADO" e não DesagraVo.
Abraço
A falta de DEUS estah constante na vida dos homens, leiam ECLESIASTES
3:1-8...a ansia de correr contra o tempo, acelerar as criancas, superdotando-as, fazendo com q estas percam suas brincadeiras tao necessarias a infancia estah produzindo jovens mecanicos,sem AMOR...precisamos repensar q o "desaceleramento" se faz necessario...e lembrarmos sempre SOMOS LIMITADOS e TUDO TEM SEU TEMPO!
Ok Flávio,
Desculpa pelo erro já corrigido.
Abs.
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