sábado, outubro 03, 2009

A derrota dos outros

Deixei para hoje o que ontem faria sob o torpor do momento. Avivando a memória, relembrei dos tempos de escola, das aulas de redação, mais precisamente 2000. Nessa época já se acalentava e comentava o sonho de uma candidatura brasileira às Olimpíadas, Rio 2004. Baseado nisso, achei por bem tecer, à época, comentários contrários àquela empreitada duvidosa face à conjuntura e os desmazelos sociais do Brasil de 2000. Hoje, passados 9 anos, há quem ainda sustente, talqualmente uma criança de seus 13 anos, da incongruência de um projeto Olímpico milionário de fronte a um país ainda convalescente em muitos dos seus cantos e recantos de saneamento, do básico. Não retiro o que disse nos idos, meus apontamentos de outrora talvez fizessem sentido, nosso país foi eliminado logo de início. Levou Atenas, fazendo justiça à sua indicação fracassada de 8 anos antes, quando preterida por Atlanta no centenário e mais grego dos jogos. Uma década mais tarde, porém, sustentar essa tese é apelar para um estatismo histórico, econômico, cultural e social soterrado pelo tempo e pelos fatos, suplantando os dividendos que um projeto dessa monta pode gerar a um país e seu povo, se gerido de maneira correta e no momento oportuno. Não é da síndrome de vira-latas bem tencionada que falarei, mas de sua face imoral, perversa e, maquiavelicamente, premeditada. A boa síndrome não é nem mesmo citada, porque o valor do Brasil no cenário internacional é irretocável e incontestável. Nós podemos. São favas contadas. O que salta aos olhos é todo malabarismo semântico para nos explicar quais sejam os motivos de nossa escolha. Do porque da escolha do Rio e não Madrid, anos luz a frente em termos estruturais. A vitória do Rio coube ao COI e seu Presidente que, no último ano de seu mandato, gostaria de deixar um feito, levando os jogos para a América do Sul pela primeira vez. A vitória do Rio ocorreu porque o povo de Chicago não desejava os jogos. Também porque Tóquio pouco agradava aos países europeus e aos norte americanos, pouco desejosos de assistir jogos na madrugada. E Madrid não colou porque a Europa já sediou jogos por vezes demais. Há ainda espaço para a desfaçatez e o proselitismo político: venceu o Rio porque o Celso Amorim não foi, levando toda sua incompetência no trato das coisas internacionais, venceu o Rio porque o Obama compareceu, quebrando o protocolo que perdurava até hoje, determinando que presidentes de grandes potências não se imiscuam em projetos dessa natureza. A regra é simples: de modo algum deve recair sobre o governo qualquer bônus relacionado à vitória do Rio e do Brasil. Quando ocorreu ou porque é mera contingência temporal. A vitória do Rio foi a derrota dos demais. De antemão, e defensivamente, se critique os possíveis usos políticos do governo e o espetáculo está servido. Porque nossa pujança econômica é fruto da manutenção da política do governo anterior, ainda que o poder de compra e o consumo do brasileiro ascendam a cada dia. Porque a ascensão perene de nossos indicadores sociais, demonstrando que economia e dignidade social dialogam, é efeito de um programa assistencialista qualquer. Não, senhores, é o Brasil porque estamos na ordem do dia e na pauta do mundo, aprofundados e consolidados como lideranças na América do Sul. É o Rio porque o COI escolhe locais que têm maior condição de venda, consumo, rentabilidade. É o Brasil porque, enquanto nossa indústria cresce após a marolinha passada, nossos adversários de ontem ainda amargam o desemprego e a recessão da crise. É o Rio porque o Brasil é a economia do novo mundo, do futuro sem amargar, no entanto, índices sociais vexatórios de outros cantos, meninas dos olhos dos oposicionistas tupiniquins de hoje. Aproveitemos para implementar um conjunto de mudanças profundas, de transformar o Brasil numa potência esportiva, aproveitando os consectários sociais dessa demanda. Que não sejam repetidos os erros do Pan, das obras hiperfaturadas à venda desorganizada de ingressos que tiraram o povo da festa. E às cassandras, nesse dia de auto-estima elevada e alma lavada, as escusas, mas nosso governo e país são um esporro!

14 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

E se são isso aí que você falou por último, é porque já nesceu.. huahuahuahau

Gostei de seu texto.É isso mesmo, Roberto!

O BRASIL ESTÁ NA PAUTA!

"banis"

E ninguém vai ser banido! huahua

Anônimo disse...

"...repetidos os erros do Pan, das obras hiperfaturadas à venda desorganizada de ingressos que tiraram o povo da festa."
INFELIZMENTE ISSO É ELEMENTAR(VIROU UMA ROTATÓRIA QUE VAI CONTINUAR TRAZENDO BENEÍCÍOS P/ O PODER PÚBLICO E PERDA POPULACIONAL)ENFIM, SOMOS UM POVO COM ESPERANÇAS...SINTO MUITO.
EZ.

Anônimo disse...

"...repetidos os erros do Pan, das obras hiperfaturadas à venda desorganizada de ingressos que tiraram o povo da festa."
INFELIZMENTE ISSO É ELEMENTAR(VIROU UMA ROTATÓRIA QUE VAI CONTINUAR TRAZENDO BENEÍCÍOS P/ O PODER PÚBLICO E PERDA POPULACIONAL)ENFIM, SOMOS UM POVO COM ESPERANÇAS...SINTO MUITO.
EZ.

AngelMira disse...

Olá Bruno:
É sempre bom refletir com realismo essas ocorrências tão importantes para o nosso país. Segundo o Jornal O Globo, o COI investirá o valor de aproximadamente R$ 30 bilhões na organização do evento, o que significa um efeito multiplicador da ordem de 2x esse valor, injetando na economia quantia da ordem de R$ 90 bi.
Segundo pesquisa feita pela FGV-RJ, coord. pelo economista Marcelo Nery, a pedido da ONG TRATA BRASIL, sobre saneamento básico, o Rio de Janeiro está péssimo na foto.
Nem mesmo o PAN foi suficiente para que investimentos fossem feitos em saneamento.
Esperamos sinceramente que dessa vez a coisa seja feita e que o povo brasileira possa usufruir dos investimentos da COPA 2014 e da RIO 2016.
PARABÉNS PELA REFLEXÃO!

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Desculpa-me Bruno, você tem razão. Deveria escrever mais.
Um abraço
Rosângela

Kid Banguela de bengala disse...

Rosângela, ponhama coisa nesta sua cabecinha desprovida de conteúdo:

Ninguém precisa banir você, pois você já está banida por sí mesma.

Você é uma banida convicta e precisa de ajuda psiquiátrica urgente, mas jumeta do jeito que é, não é inteligente para encarar este fato.

Anônimo disse...

quem paga a conta da farra somos nós

Claudio Kezen disse...

Caro Bruno:

O momento é de alegria vigilante para toda a sociedade brasileira.

Estamos realmente de parabéns, mas é preciso não repetir o escândalo orçamentário do Pan!

Agora, apenas um conselho: já que se lembrou das suas aulas de redação nos idos de 2000, reveja com carinho os manuais e regras de boa redação, porque "talqualmente", "de fronte", sem falar da pontuação e conjugação sofríveis e que não ajudam em nada a compreensão de um texto por si mesmo raso de idéias.

Luiz Felipe Muniz disse...

O momento é de alegria e comemoração sim, claro que sim, pois trata-se de uma inserção pioneira histórica com gosto de virada revolucionária de uma das páginas mais tristes deste país: uma elite política e econômica comprometida com a submissão coletiva do povo brasileiro...este tempo acabou...para os que estão e parecem permanecer numa "preocupação" que somente seria deles, eu tomo o liberdade de usar as palavras de Paulo Henrique Amorim direto do "NAVALHA NA CARNE":

"Tem muita gente preocupada com os custos.

Muita gente que encarece ao Ministério Público para ficar de olho e não deixar o Rio roubar o dinheiro.

O Conversa Afiada se associa a essa preocupação cívica.

O Conversa Afiada também encarece ao Ministério Público para se preocupar com os custos:

Da campanha da Sabesp que o Zé Pedágio usa no Acre para a candidatura (inútil) à Presidência.

Com os custos do Roboanel dos tunganos.

Espera que o Ministério o Público ajude a mandar para cadeia os responsáveis pelas sete mortes na cratera do metrô.

Que o Ministério Público reabra a investigação sobre as ambulâncias super-faturadas da gestão Serra no Ministério da Saúde.

Que o Ministério Público reabra a investigação sobre a privatização do FHC.

Sobre a compra do sistema Sivam.

Sobre a compra da re-eleição.

Que o Ministério Público dê uma olhada nas propinas da Alstom – quem botou a grana no bolso ?

Que o Ministério Público fique de olho no trabalho da Polícia Federal e veja se o vazamento do Enem foi mais uma obra de engenharia política do PiG (*).

O Conversa Afiada se orgulha de também defender o Erário.

Os que agora se preocupam tanto com os custos e os “desvios” do Pan, da Copa e da Rio-2016 são frequentemente acometidos de uma doença udenista: denunciar a corrupção de um lado só.

Paulo Henrique Amorim

(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(**)Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

(***) Cuidado, Danuza, que o Brizola vem te puxar o pé à noite …"

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=19523

Bruno Lindolfo disse...

Cláudio, esse artifício de atacar o autor ou os escritos é antigo e instigante. Esconde quase sempre inconformismo pelo que foi apresentado sem, no entanto, demonstrar, com argumentos, os contrapontos necessários. Não tem outra razão para reação tão desmedida e desmesurada.

Talvez pela aridez de idéias do texto não haja o que debater. Pode ser.

Entrei no seu blog ávido por sorver toda essa iluminação e me deparei com sua crítica sistemática ao governo. Seu inconformismo com a "violência paralizante" (sic). Confesso também ficar paralisado, mas não custa lembrar ser essa uma competência organizacional estadual. Talvez seja esse o ponto que tenha te tocado: minha defesa ao governo federal.

Mas não dá pra ficar no achismo, passemos então ao português.

Não se confronte com tudo aquilo que está defronte. O vigor léxico de nossa língua possibilita que se use a abuse dela. De fronte, assim separado, é compreendido como de cara, em face, porque formulado por palavras com sentido próprio “de” e “fronte”. Quanto ao talqualmente, “emboramente” soe mal, é palavra dicionarizada, com a grafia hifenizada: tal-qualmente e imortalizada por nosso conterrâneo JCC em sua obra, aí já com a grafia talqualmente, donde se extraem, com a licença poética e as construções possíveis e permissíveis dessa língua musical, outras tantas construções adverbiais: de repentemente, emboramente entre outras.

Anônimo disse...

Tenho que confessar que não aguentei! A resposta de Bruno foi brilhante! E se me permitem...mais que o texto principal!

Muitas das correções são descabidas...e há instantes em que são absolutamente inadequadas.

Mais que possíveis erros [ ACONTECEMMMMMM!!!!], fundamental é destacar a clareza do jovem na construção do texto, o interesse pelo tema, a pertinência da questão, o desenvolvimento...a articulação !!!!!

Já disse por aqui uma vez...SEJAMOS MAIS REFLEXIVOS... Criticar é fácil demais...difícil é refletir!

PARABÉNS, Bruno pela clareza..e pela fabulosa resposta!! Que aula de PORTUGUÊS VOCÊ NOS DEU!!!!!!!!!

E tive que sorrir!
Parabéns, Bruno!
Parabéns...Roberto pelo espaço cedido a esse jovem rapaz!

Claudio Kezen disse...

Caro Bruno:

Obrigado pela resposta. Fique tranquilo: eu escrevo o que quero e portanto estou preparado para ler o que não quero.

Algumas correções, no entanto:

1ª, é uma inverdade que eu tenha um blog para sistematicamente criticar o governo Lula. Meu blog é única e exclusivamente para a divulgação do meu trabalho como luthier. Lá não existe uma única linha sobre política.

2ª, Eu não te "ataquei" no intento de desqualificá-lo pessoalmente, como é estratégia comum entre seus pares no encaminhamento de litígios judiciais e afins. Critiquei sim, o ufanismo raso e superficial, na minha opinião, que você baseou seu texto e a redação ruim e confusa com a qual ele foi fundamentado. A crítica foi ao seu texto, e não direcionada à sua pessoa, já que eu não tenho o prazer de conhecê-lo.

3ª, Minha postura crítica à eventos e fatos relacionados ao governo Lula é fruto da minha independência de pensamento e não uma oposição político partidária e/ou ideológica, além de não estar relacionada à nenhum outro interesse de ordem pessoal. Você, como muitos, parece pensar que criticar o Lula é algo impensável, abominação dada à reacionários sombrios, que se incomodam com o avanço do Brasil como país e sociedade, e que eu seja um desses seres inomináveis. Nada mais longe da realidade, amigo. Talvez você entenda quando crescer, talvez não...

4ª, O vigor léxico da nossa língua não é um salvo-conduto para que liberdades deslocadas e duvidosas formem um texto bem redigido no seu conjunto. Se assim fosse, não teríamos as obras de Guimarães Rosa ou nosso José Cândido de Carvalho que tanto te inspiram.

Por fim, fico feliz em perceber que meu conselho de alguma forma te ajudou em alguma coisa. Sua réplica está bem mais "bonitinha".

Um abraço domocrático,
Claudio.

Anônimo disse...

Bruno, você nem deveria se dar ao trabalho de responder esse Claudio Kezen, confesso que nunca tive nem curiosidade de ir no blog dele, porque pelas respostas dele aos posts de Xacal, já percebi que tudo que diz respeito a Lula, é motivo de crítica, ele é a "globo" campista, é contra Lula e pronto!
Arg!!!
Parabéns pelo belo post!

Anônimo disse...

Concordo com o anônimo das 1:12.
Já tinha percebido isso!