"Estadão: Mas não foi esse o trato com a Baosteel (siderúrgica chinesa que iria construir uma unidade no Brasil em sociedade com a Vale)?
Eike: Por que a Baosteel saiu do Brasil? Ela foi convidada para fazer uma siderúrgica no Maranhão, a licença ambiental não saiu. Foram para o Espírito Santo. Eles estavam falando com a Vale! Eles conversaram com governadores de Estado! Isso para os chineses é a última instância de poder! Aí o cara, depois de seis anos, depois de milhões de dólares de investimento, recebe dois nãos.
Estadão: A Vale estava batalhando para conseguir a licença.
Eike: Mas eu, como grupo, não vou chamar a Wuhan (outra siderúrgica chinesa), que eu chamei para se instalar no Estado do Rio, sem antecipadamente saber se ali poderia conseguir uma licença. Isso é gestão. Como é que os chineses vão entender que uma Vale, junto com os governos, não conseguem licença ambiental? Ele disse tchau. O Roger (Agnelli) sempre fez tudo para investir o mínimo possível na siderurgia, porque na visão dele a Vale não tinha que se meter no negócio do seu cliente no final da linha. É o conceito dele.
Estadão: Não haveria um conflito de interesses? Ao mesmo tempo a empresa vende minério para uma siderúrgica e compete com ela?
Eike: Ele acredita nisso e administrou assim. Mas uma hora você tem de enxergar um outro sinal. Fazer os chineses virem para cá. A Baosteel teria sido um cordão umbilical com a China. O Wuhan quer construir uma siderúrgica no Porto Açu (RJ). Eles chegaram e disseram que, se fosse na China, já estariam construindo. Fui no governador Sérgio Cabral e pedi pelo amor de Deus para nos ajudar a conseguir a licença até junho do ano que vem. Desculpa, mas um estrategista tem que enxergar essas coisas.
Estadão: Qual o patrimônio do grupo hoje?
Eike: O valor em bolsa das quatro empresas é de US$ 35 bilhões. Somos hoje o terceiro maior grupo do Brasil, depois de Petrobrás e Vale.
Estadão: O sr. vai abrir capital de outras empresas na bolsa de valores?
Eike: Vamos abrir o da OSX, de estaleiros e serviços para a área de petróleo, até fevereiro. Essa empresa nasce com um valor de US$ 4 bilhões e a gente quer captar uns US 3 bilhões. Então, é mais um brinquedinho aí.
Estadão: Há outra empresa, não?
Eike: Estou voltando para o ouro. Compramos duas jazidas na Colômbia."
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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