terça-feira, novembro 03, 2009

Sociedade individualizada

O final de semana prolongado, apesar da necessidade de descanso, do forte trabalho acabou por produzir mesmo de passagem, sem maiores compromissos, leituras salteadas, a serem retomadas mais adiante, de dois livros de um único autor. Já havia ouvido falar muito por alto do autor. Um sociólogo polonês que é professor em Varsóvia e na Universidade de Leeds na Inglaterra, Zymunt Bauman. O contato com alguns de seus mais de dez livros se deu na feira de livros que ocorreu junto do Encontro de Geografia na semana passada no IFF. Aliás, está aí a importância do contato pessoal e real com os livros, para além das resenhas dos cadernos de literatura e das páginas das livrarias virtuais. Talvez, por este meio, não me interessasse pelos mesmos, apesar do meu crescente interesse pelas leituras e críticas da fragmentação gerada pela pós-modernidade além de outras conseqüências. Fiz uma leitura como uma destas críticas salteando e pegando fragmentos. Ainda assim, como a promessa de retomar vagarosamente o conteúdo da escrita pude ver que há muito a ser sorvido, entre outras na introdução quando disse: “Todas as sociedades são fábricas de significados. Até mais do que isso: são sementeiras da vida com sentido. O serviço delas é indispensável. Aristóteles observou que um ser solitário, fora de uma polis, só pode ser um anjo ou uma fera; isso não surpreende, uma vez que o primeiro é imortal e a segunda é inconsciente de sua mortalidade”. Só por isso a leitura completa e profunda torna-se convidativa. Prometo fazê-la assim que tiver tempo maior e estimulo você a fazer o mesmo. O título completo do livro é “A Sociedade Individualizada – Vidas Contadas e Histórias Vividas”. A individualização da sociedade em que vivemos é um fato, apesar das redes reais e virtuais de pessoas e comunidades, assim sua complexidade merece análise e o livro possibilita algumas leituras possíveis. Outro livro que adquiri do autor é pequeno em termos de páginas. Apenas noventa e trata de um tema que identifico que cada vez mais precisaremos conhecer. “Confiança e Medo na Cidade” trata conforme comentário na sua contracapa, do dilema visceral das grandes cidades: a cisão entre segmentos sociais opostos, condenados a viver no mesmo espaço físico: as elites conectadas ao universo globalizado e os cidadãos impossibilitados de sair do lugar que lhes é conferido. Nada mais apropriado para tentar compreender o que poderá se dar com a instalação do Complexo do Açu. Neste caso, teremos um planejamento para apartação destas comunidades que já se enfrentam nas discussões das desapropriações, ou um projeto de integração e de administração dos conflitos, da violência de uma cidade-região que pode se tornar global? Assim, depois destas leituras fragmentadas do excelente texto deste pensador, num final de semana de descanso, o blog empilha os dois livros, ao mesmo tempo em que sugere o mesmo àqueles interessados nestes assuntos. Boa semana a todos e todas!

7 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Bom dia, Roberto, agora terei mais tempo e gostaria muito de ter e ler esses livros. Muito boa sua palavra e estas leituras hoje sõ essenciais para entendermos o que vai nesta massa amorfa que se chama “mundo”cheio de corações perdidos mas nem por isso, impedidos de serem encontrados.

Um abraço, Roberto, O Senhor Jesus abençoe você e sua família

Rosângela

Chiluthe

Hum... O Chile? Será? Quem sabe, né?

O Olho que tudo vê disse...

Rosângela, a senhora não tem nada pra fazer não?

Arrume uma ocupação mulher!

palavrinha:

Omtamma

Tradução:

Ociosidade mental também mata.

Tenho dito!

Matheus Crespo disse...

Pois é professor, também fui frequentador do estande de livros do ENGEO. Esta foi uma das solicitações dos alunos do curso no encontro do ano passado. Este tipo de espaço é sempre salutar e muito bom que tenha sido criado.

Para entender bem o mundo nessa era da informação, e da globalização nada melhor que dois clássicos: 1- Condição Pós-Moderna, do geógrafo David Harvey; e 2- Sociedade em rede: a era da informação, do sociólogo Manuel Castells. Ambos podem ser lidos na biblioteca do IFF.

De produção nacional eu recomendo: A Nova (Des)Ordem Mundial, do geógrafo e prof. da uff Rogério Haesbaert.

Zygmunt Bauman também é clássico e muito bom. Dele o mais fantástico pra mim é Globalização: as consequências humanas.

Muito bom abrir um espaço para discutir produção bibliográfica aqui no blog. Todo incentivo a leitura é válido.

gargau- orkut ou blospot disse...

Olha o que ocorreu em gargaú :
http://gargaunews.blogspot.com/

Marcos Oliveira disse...

Professor Roberto, apenas uma correção, se me permite. O nome do autor tem a letra g depois do y: Zygmunt Bauman. Ele realmente tem dezenas de ótimos livros publicados e, além dos citados, recomendo "Amor Líquido - Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos". Ouvi falar muito bem de "Medo Líquido", "O Mal Estar da Pós-Modernidade" e "A Arte da Vida", todos do mesmo autor, mas esses não li ainda.
Abraço.

Anônimo disse...

Ótima postagem, este tema é muito interessante.
Abs
Paulo Sérgio

Roberto Torres disse...

Eu ainda nao pude ler o Baumann, mas parece ser um autor muito instigante. Parece que ele tem um livro tambem sobre o que ele chama de producao de um "lixo humano" e sua necessidade de fixa-lo num determinada espaco fisico como um dilema do capitalismo global.

O tema do segundo livro que voce comentou ..... o argumento sobre a "prisao" num determinado espaco fisico de uns (os excluidos), em contraposicao a capacidade de movimento de outros e incrivel, e de algum modo mostra que a individualizacao tambem nao e acessivel a todos.